segunda-feira, 11 de abril de 2011

Manobras Militares

De Três Corações a Santa Rita do Sapucaí, o Regimento percorreu, ida e volta, 240 quilômetros. Fomos a cavalo, debaixo de uma chuvarada de dezembro. O ano era 1943. De Careaçu à localidade do Vintém, chovia sem parar. Penamos doze horas atolados no barro para atravessar um braço da Serra da Mantiqueira. Puxávamos os cavalos a pé, por ordem do 1º Tenente que estava sofrendo crise de hemorróidas e não queria montar.
Capitão Augusto, comandante do esquadrão, era legal com a turma de aspirantes. Ao referir-se ao major, no comando do regimento, dizia pejorativamente:

- Este bundinha aí, quando entrou na Academia, eu já cursava o último ano. Hoje ele é o major e eu continuo capitão... não passa de um puxa-saco que inventou essa guerrinha pelos cotovelos!

Na terceira etapa, depois que o Regimento deslocou-se de Três Corações, o Capitão passou o comando do esquadrão ao primeiro tenente e foi se entregar prisioneiro ao inimigo do 8º RAM de Pouso Alegre, para se livrar daquelas manobras.

Quando o Regimento chegou a Santa Rita, ponto final das manobras, capitão Augusto reapareceu e reassumiu o comando do esquadrão. Daí passou a dar ordem:

- Hoje, subtenente, nós queremos peru com farofa! - mas o tenente objetou:
- Meu capitão!!! Onde é que eu vou arranjar peru?...
- Não sei, se vire! Lá no 8º RAM tinha boião todos os dias para os oficiais! Peru não faltava! Hoje eu quero peru para todos os oficiais do esquadrão! Isso é uma ordem! Ou será que o subtenente não gosta de cumprir ordens?
Meio assustado, o subtenente respondeu:
- Não me ufano disso, capitão!
E o capitão:
- Esse “ufano” você tirou de onde? Do Hino Nacional?

A verdade é que o subtenente levava a sério, mas o capitão mangava...
 
Trecho do Livro “Vida de Estudante”. Autor: Ângelo d’Ávila

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