terça-feira, 17 de maio de 2011

A lição de Geraldo “Ripiado”

Ainda nos meus irresponsáveis 10 anos de idade, recebi de um homem simples, humilde e sem preparo intelectual, umas das lições mais acertadas que haveria de servir-me de referência durante toda a vida.

Meu pai, que naquela época era comprador de cereais, deu-me uma nota de 500 mil Réis para eu trocar na cidade e fazer o pagamento de sessenta mil, correspondentes a duas sacas de feijão que nos foram vendidas. Ao passar pela Estação Afonso Pena, os funcionários da ferrovia estavam descarregando açucar de um dos vagões. Quando eu percebi que uma das sacas tinha partido, não pude resistir e me meti com os outros meninos a lembiscar um delicioso açucar amarelinho. Acabada a brincadeira foi que eu me dei conta de que havia perdido o dinheiro! Geraldo “Ripiado”, já falecido, foi quem encontrou no chão e me entregou. Não antes de obrigar-me a fazer por  duas vezes o percurso da Estação à rua Nova, em marcha acelerada, atrás de um suposto cavaleiro que estaria carregando o dinheiro.

A lição foi duramente assimilada e, ainda hoje, quando estou diante de uma tarefa difícil, ainda sinto o amargor daquele açucar, ligado à memória de Geraldo “Ripiado”. Um homem simples, bom e honesto que trabalhou por muitos anos como funcionários da Estação.

(Silva Filho)

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