terça-feira, 28 de junho de 2011

Quando as congadas reinavam em Santa Rita do Sapucaí

Sincretismo Cultural

A congada é um retrato fiel de nosso país. Uma tradição que reúne a alegria de nossos antepassados africanos com a tradição religiosa de orgiem europeia. No início, diversas entidades dos cultos africanos eram identificadas com o santos católicos para que a sociedade aprovasse e prestigiasse as procissões. Acabou que a fé passou a ser a mesma e hoje estas danças e cantos são riquezas genuinamente brasileiras e integram o rico folclore brasileiro.

As congadas atuais ainda estão presentes em diversos estados do Brasil. Realizadas de maneiras diversas e mescladas a outras festas, elas, basicamente, são compostas de desfiles teatrais, ao som de vários ritmos: embaixadas, desafios, repentes e maracatus. Os padroeiros preferidos são Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Ifigênia.

A Congada em Santa Rita

Grande parte da documentação referente ao surgimento da Congada em Santa Rita foi perdida. O que temos são depoimentos de pessoas ligadas ao movimento e fotografias já desgastadas pela ação do tempo.

Acredita-se que a Congada tenha sido trazida do Rio de Janeiro, na década de 1960,  por um senhor conhecido como Aleixo. Conta-se que, quando Dito do Congo - funcionário da Estação Afonso Penna e morador da Rua 13 - soube do projeto ficou apaixonado pela ideia e reuniu os amigos para criarem um grupo batizado de “Grupo Tipos – Amigos do Congo”. Desde então, santarritenses tradicionais como Abel Gervásio, Lupércio Gervásio, Jorge Maia, Pedro Roque e Joaquim Osório se notabilizaram por um movimento que encantou os santarritenses por cerca de duas décadas.

Nos primeiros anos, a agremiação era composta por dois grupos: o primeiro, com membros da rua Nova e outro formado pelos moradores da rua 13. Fitas coloridas davam vida ao uniforme branco, 4 tipos de evolução eram executadas em torno do estandarte florido e 13 instrumentos de harmonia se misturavam à percussão com batida “Moçambicana” – mais rápida que a tradicional.

O orçamento limitado fazia com que tudo fosse produzido de forma artesanal. Grande parte das músicas tinham autoria dos próprios santarritenses e faziam homenagens a São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Rita da Cássia, além de personalidades como a líder negra santarritense Maria Bonita.

Presente de Inesita Barroso

João Maia, filho de um dos fundadores da Congada Santarritense, conta que em uma das apresentações, a cantora Inesita Barroso ficou encantada com o grupo e decidiu presenteá-los com um uniforme. O presente, confeccionado no Rio de Janeiro, foi enviado alguns dias depois, junto com um violão.

O fim e o recomeço

Os “Amigos do Congo” estiveram na ativa entre os anos 60 e 70. Depois desse período, Santa Rita do Sapucaí só veria novamente seu grupo de Congada quando os filhos dos idealizadores decidiram reavivar o projeto. No início da década de 1990, o esperado retorno aconteceu. Através das mãos da grande dançarina Luzia Gervázio – que acabava de retornar à terra natal, além de Jorge Maia e de seu filho João, as apresentações se tornaram frequentes por quase dez anos.
Novos planos

Hoje, existem planos para trazer de volta a tradição das Congadas ao cotidiano santarritense, mas João Maia aguarda algum tipo de apoio cultural para que seja possível. Enquanto isso não acontece, nos contentamos em relembrar os momentos em que o ecumenismo de nossas lindas congadas trazia vida e alegria às nossas tardes de domingo.
(Carlos Romero Carneiro)

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