quinta-feira, 28 de julho de 2011

Viva Santa Riiiiiita! Entrevistamos o querido Monsenhor José

Ossos do ofício: Monsenhor José abençoa um automóvel.
O senhor é santarritense?

Vivi a minha vida toda aqui. Apenas nasci em Itajubá, no dia 20 de outubro de 1921, quando vim para Santa Rita, onde fui educado. Eu estudei no Grupo Delfim Moreira. Sou filho de Vitor de Souza Pinto e Maria Carneiro Pinto. Meu pai começou sua vida do nada, teve suas dificuldades, mas lutou bastante. Aqui em Santa Rita, ele chegou em 1932 e conseguiu ir vencendo. Foi presidente dos Vicentinos por muitos anos, foi também presidente da Fundação do Asilo e gerente do banco Mineiro de Produção. Assim, ele pôde dar a mim e a meus irmãos, que somos em sete, uma educação muito primorosa. Foi aí que nasceu minha vocação para o seminário. 
Recepção ao governador Aureliano Chaves.
 Quando o senhor foi para o seminário?

Fui pro seminário em 1934. Eu estudei em Pouso Alegre e depois em Mariana. Minha ordenação aconteceu no dia 8 de dezembro de 1946, em Pouso Alegre. Trabalhei um ano por lá em um tempo em que precisava ir a cavalo até Congonhal, onde eu era vigário. Eram duas horas e meia de viagem. Em 1948 eu fui para Paraisópolis, onde ajudei o Monsenhor Dutra. Seis meses depois eu fui transferido para Brazópolis e depois fui para Conceição dos Ouros. Em 1953, o bispo Dom Otávio de Miranda me enviou aqui para Santa Rita. Fui pároco da cidade por mais de 40 anos. Nesse tempo, pudemos realizar muitas coisas. No início do meu trabalho aqui na cidade, tivemos o seminário redentorista por oito anos, onde os padres ajudaram muito na paróquia. Depois vieram os jesuítas, para tomar conta do Instituto Moderno de Educação e Ensino e também da Escola de Eletrônica. Todos eles ajudaram muito, como o Dom Vaz, que trabalhou conosco por onze anos e muito fez pela nossa vida paroquial. Tivemos também uma grande ajuda do Padre Raul que trabalhou bastante e nos apoiou, e dos outros padres jesuítas que deram, com alegria, suas bonitas participações para a nossa cidade.
A primeira missa.
O senhor trabalhou muito durante todo esse tempo, não é?

Aqui em Santa Rita, precisamos realizar trabalhos de grande responsabilidade, como administrar a Paróquia e cuidar das capelas rurais. Em um determinado momento, quase fizemos novamente a Igreja Matriz, em uma reforma que aconteceu de 1972 a 1985. Tivemos uma grande ajuda do senhor Huet Moreira, do Dom Vaz e recebemos uma força muito grande do capitão Reginaldo Lemes. Tínhamos uma comissão muito bem feita, que nos possibilitou reformar toda a igreja, aproveitando a parte de baixo para criarmos salas e escritórios. Algum tempo depois, compramos a Escolinha Nossa Senhora de Fátima, que pertencia à Companhia Sul Mineira de Eletricidade e adaptamos o local para que pudesse funcionar o nosso centro catequético. Por fim, compramos o centro de pastoral Dom João Bergese, que nós adquirimos com muita dificuldade.
Do alto do Santo Cruzeiro, Monsenhor José abençoa a cidade.
A paróquia teve um papel importante na educação da cidade?

Nós, primeiro, fundamos a Escolinha de Fátima, com a ajuda de Dona Sinhá Moreira, que passou a fazer parte da Fundação Educandário Santarritense. No começo, nós oferecíamos ensino primário naquele local. Mais tarde, fizemos a aquisição da Escola de Comércio (hoje CP1), quando a paróquia comprou as ações da instituição. Depois, com Francisco Magalhães, Antônio Teixeira e Antônio Américo Junqueira, tiramos a ideia de uma futura faculdade de administração de empresas. Nós demos os primeiros passos da reconhecida FAI que temos hoje. Nessa ocasião, tivemos que ir a São Paulo, conversar com o pessoal da Fundação Getúlio Vargas. Eu tive que viajar dirigindo o fusquinha da paróquia, porque ninguém tinha carro na época. Nós voltamos lá muitas vezes depois para buscar recursos e orientação para formar a nossa faculdade.  Começamos com muitas dificuldades, mas ficamos felizes em saber que ela desponta hoje como uma das grandes instituições do país. Não podemos deixar de citar a grande colaboração que tivemos, mais tarde, do Padre Ramon que teve papel fundamental na construção do primeiro prédio da FAI e também na implementação do curso de informática, para que pudéssemos ter uma faculdade mais adiantada.
Acompanhando as reformas da Igreja Matriz.
Para finalizar, um bate-bola:

Qual é o seu time do coração?

É o São Paulo. Eu sempre gosto de chegar em casa e acompanhar os jogos, quando tenho um tempinho.

O senhor torce para algum bloco de carnaval?

A minha família gosta muito do Ride, mas eu prefiro ficar neutro. (risos)

É verdade que o senhor nunca revelou em quem vota?

Eu nunca contei em quem eu voto. Eu preciso ficar neutro para não influenciar as pessoas.

Conte-nos uma grande emoção de sua vida?

Foi a Festa de Santa Rita de 1957. Nessa ocasião, a Dona Sinhá foi uma das festeiras e realizou um banquete, para mais de 400 pessoas que não tinham condições. Grandes mesas foram colocadas em frente à igreja para recepcionar a população. Foi muito bonito.

O senhor considera Santa Rita uma cidade tolerante em relação às religiões?

Nós respeitamos todas elas, porque somos todos irmãos. Somos todos filhos do mesmo Pai. Um exemplo é que moro bem ao lado da Maçonaria e me dou muito bem com eles. São todos meus amigos e eu os quero muito bem.
Monsenhor José também é filho de Deus: pulando onda na praia.

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