terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cutuba - El Magnífico

O nosso amigo “Cutuba”, que outrora fora dotado de todas as qualidades preferidas por um atleta, tornou-se figura conhecidíssima na região Sul Mineira, em virtude de sua extraordinária força e não menos agilidade. Após passar como vencedor por diversos rinques de boxe, luta livre, campeonatos de futebol, natação, corridas, saltos tríplices, etc. etc., enveredou-se então para a tauromaquia.

Fazendo amizades com “Parafuso, cigano, Zé Cobra” e outros toureiros, tornou-se também tão famoso ao ponto de imitá-los nas mais arrojadas lutas, então travadas na arena. Por onde se apresentava em espetáculos, todos já conheciam a sua fama, conquistada após duros combates, durante muito tempo e que, agora, consagravam-no como o melhor toureiro regional.

Possuidor de pulmões fortíssimos, consistia a sua arte em tourear, não utilizando a habitual “capa” e completamente desprovido de qualquer outro instrumento para a sua defesa pessoal.  Corajoso que sempre foi, confiava nos deuses de sua apologia e principalmente nos seus gritos austeros, irritantes e estarrecedores que, por diversas vezes, fizeram touros bravios, desanimados, ajoelharem-se a seus pés. Apelidaram-no de “El Magnífico”.

Após percorrer quase todo o Estado de Minas, quando em diversas cidades, fora acaloradamente aplaudido, recebeu e aceitou um convite para tourear em Goiânia, pois os aficcionados das touradas, residentes naquela bela capital, interessavam-se vivamente pelo novo estilo de tourear, do nosso já celebérrimo “Cutuba”. Anúncios, cartazes, rádios, jornais, gazetas, enfim, todos os meios de propaganda foram aplicados e todos aguardavam com grande ansiedade o próximo Domingo”,

Chegou finalmente o grande dia e lá encontrava-se ele, pomposamente, recebendo os aplausos e flores da plateia. Agora, silêncio. De repente, o Diretor das “corridas” ordena e uma porta se abre, arremessando contra o nosso amigo “Cutuba” um boi de 20 arrobas que, furiosamente, sobre ele investe, soltando fogo pelos chifres e cinzas pelas ventas.

Na realidade, o animal parecia mesmo ter vindo do inferno. Mas, Cutuba não perde a calma e vai, paulatinamente, desvencilhando-se das horríveis investidas e, consequentemente, gritando e gritando, conforme recomendava a sua técnica, tão invejada pelos seus colegas, que já o tinham observado em triunfos anteriores.  À medida que se desenrolava o espetáculo, o portentoso animal tornava-se mais bravio e impertinente. Quando menos se esperava que o nosso herói levaria novas vantagens, subitamente, ouve-se o clamor público.

Gritos aterrorizados, de pânico e “suspense”, procediam de todos os lados do grande circo.  Os espectadores mantinham-se em pé, aterrorizados e surpresos com a cena projetada. O boi colheu o nosso amigo contusamente. Diversas estocadas foram-lhe dadas, fraturando-lhe quatro costelas e rebentando-lhe parcialmente o tórax. Final triste, muito triste naquela tarde tão alegre e que, de repente, se tornou sombria.  O boi já se encontrava na “chiringa”, enquanto alguns curiosos rodeavam o nosso ex-herói que agora jazia estatelado na areia.

Quando alguns lhe perguntavam da nova técnica de tourear a gritos, ele, fazendo um esforço tremendo e espumando de raiva pelos cantos da boca, malcriadamente respondia:  “Eu não gosto de ninguém! Não gosto do diabo, não gosto de meu pai, não gosto de minha mãe, não gosto de Goiânia e nem desse povo que fez  a maior safadeza de soltar em cima de mim, um boi louco, bravo e surdo dos dois ouvidos!!!” L.E.R.

Esta matéria é um oferecimento de:

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A inauguração do monumento ao presidente Delfim Moreira

O busto do presidente Delfim Moreira da Costa foi erigido em Santa Rita do Sapucaí, em frente à sua residência, através da colaboração de diversos moradores da cidade e de diversas câmaras municipais do país. Para isso, foi criada uma comissão executiva com o objetivo de arrecadar fundos, encomendar a obra e realizar o pagamento das parcelas. No dia 25 de fevereiro de 1923, foi concluída a execução da maquete que, após obter a avaliação do grupo, foi aprovada por unanimidade. Coube ao Deputado Federal Theodomiro Carneiro Santiago – delegado da comissão no Rio de Janeiro - autorizar que o escultor Antonino Mattos desse prosseguimento ao projeto.
Após a definição da data para a realização do evento, o presidente da comissão para execução da obra, Amphilóquio Campos do Amaral, determinou a distribuição dos convites às autoridades, prefeituras, câmaras municipais e colaboradores, além de solicitar ao governo de Minas Gerais um vagão especial para transporte gratuito das peças de bronze que fariam o trajeto da estação de Cruzeiro até a Afonso Penna (Santa Rita do Sapucaí.)
Todos os detalhes foram cuidadosamente arquitetados para que o evento fosse impecável. A cidade toda se mobilizou e os mais importantes nomes da época tomaram a dianteira do projeto para que a obra de Delfim Moreira fosse eternizada em praça pública. A atenção foi tamanha por parte de Theodomiro Santiago que, após a conclusão da escultura em gesso, o importante deputado fez questão de levá-la ao português Costa Motta Sobrinho, uma das maiores autoridades do país na execução de monumentos, para que fizesse uma avaliação dos resultados. Somente após o seu aval foi que a fundição em bronze teve início.
Faltando 5 dias para o tão esperado evento, a apreensão tomou conta da cidade como nunca havia acontecido antes. Todos queriam saber qual teria sido o resultado da aguardada escultura do homem mais importante que já passou por aqui. Para conter os nervos dos santarritenses, foi necessário que o escultor enviasse uma correspondência contando quais foram as motivações que o levaram à execução da obra. Assim falou Antonino de Mattos: “As proporções do local a que se destina o monumento por mim escolhido, por ser de todos o que mais qualidade encerra, não só históricas como também artísticas, não comportaria um trabalho de grandes dimensões. Sendo assim, procurei, ao reduzir suas dimensões de tamanho, aumentar a sua ideia representativa. Eu teria mais vantagens materiais se representasse a figura que queremos numa só estátua. Se tivesse maiores proporções, iria depor contra minha consciência de artista e sacrificar a verdade histórica dos fatos. Eis a razão pela qual escolhi uma representação mais vasta, porém em menores porporções. Maior será, no entanto, a síntese do pensamento de um estadista como foi Delfim Moreira. A obra terá em altura máxima, três metros e cinquenta centímetros. Já sua base, perfeitamente quadrada, dois metros e cinquenta centímetros. A linha geral do monumento terá forma piramidal. A figura principal, que representa o próprio presidente, acha-se em perfeito equilíbrio com o resto da composição, como se esta fosse o seu próprio pensamento. A sua posição calma e cheia de concentração é bem a do estadista que medita em todas as coisas que envolvem a pátria. A composição que circunda o pedestal é a homenagem a todas as coisas que são o pensamento de um estadista perfeito: a instrução; a pátria; a lavoura; as indústrias, a navegação e o trabalho; as artes. Nos diversos lados da base, acham-se executadas guirlandas de louros e carvalhos, símbolos eternos da glória. Infelizmente, não poderei aceitar o honroso convite de ser o orador na inauguração do evento por estar anteriormente marcado para o dia 8 (um dia depois) o casamento do meu filho.”
Várias autoridades foram convidadas para a comemoração que aconteceria no dia 7 de setembro de 1923. Talvez, justamente pela escolha da data, algumas delas não puderam comparecer, como foi o caso do Presidente Arthur Bernardes que enviou o seguinte telegrama: “Telegrafo nessa data pedindo ao senhor Francisco Moreira da Costa que  me represente na solenidade de inauguração, visto não ser possível comparecer a esta justa comemoração.”
Foto da Inauguração do monumento.
Mesmo com a ausência do presidente, alguns homens importantes da época, confirmaram presença com antecedência e deram o tom do que seria aquela festa. Dentre eles, estavam: o governador de Minas, Arthur Soares; Fernando de Melo Vianna, Secretário do Interior; Daniel de Carvalho, Secretário da Agricultura; Astolpho Azevedo, Presidente da Câmara dos Deputados e Flávio Fernandes, prefeito de Belo Horizonte. Todos os outros municípios mineiros enviariam representantes. A festa seria um sucesso.
No dia 7 de setembro, o evento foi um verdadeiro espetáculo. Até mesmo o escultor, que não viria por conta do casamento do filho, acabou aparecendo na cidade e manteve o monumento coberto até a inauguração. Nem bem despontou o sol no horizonte e a cidade dava sinais de que aquele dia seria atípico. Foi um corre-corre geral. Crianças de todas as escolas, jovens e moças das instituições de ensino e autoridades do mais variados campos do país ocuparam as ruas da pequena cidade. Todos caminhavam para a igreja, onde seria celebrada uma missa em intenção ao homenageado e realizada pelo Monsenhor Calazans – vigário da paróquia. Após a missa, a multidão caminhou em direção ao túmulo do ex-presidente - cerca de 700 alunos uniformizados, com diversas coroas de flores que seriam depositadas na cripta da família Moreira, localizada no ponto central e mais alto do cemitério. Quando lá chegaram, outra missa foi realizada, desta vez pelo cônego Macaio. Após a cerimônia, foi a vez do então deputado Eurico Dutra realizar um discurso, juntamente com outras autoridades, impressionando os visitantes que ali estavam.
No decorrer do dia, o ambiente manteve o tom festivo. Automóveis das mais diversas procedências emprestaram a Santa Rita um movimento nunca visto. Ao meio dia, debaixo de um sol de rachar, o pelotão do Instituto Moderno se uniu ao do Ginásio São José (de Pouso Alegre)  para marchar pelas principais ruas da cidade. Às treze horas, o grupo escolar Delfim Moreira realizou o hasteamento da bandeira nacional nas dependências da instituição construída pelo próprio homenageado. O momento da esperada inauguração aconteceu às cinco horas da tarde. Ninguém aguentava mais de curiosidade para saber o que tinha por baixo daquela bandeira nacional.
A emoção tomou conta de todos quando o busto foi revelado. Para espanto dos presentes, o trecho de um discurso proferido por Delfim Moreira, em 1913, aos alunos do Instituto Moderno de Educação, estava gravado na escultura: “Façamos sobre a terra o maior bem possível para que as gerações vindouras nos abençoem a memória.” A multidão que ocupava toda a extensão da praça e que chegava até mesmo à velha ponte metálica, trazida pelo homenageado durante seu governo estadual, se emocionou muito e foi às lágrimas embalada pela Lira Nova Aurora.
Muitos discursos foram proferidos até o final daquele dia, dentre eles o do Ex Presidente Wenceslau Braz – colega de faculdade e grande amigo de Delfim Moreira. Logo após o evento, o antigo Cine Theatro Santa Rita recebeu todas as crianças da cidade para uma apresentação infantil organizada pelo Grupão. À noite, o Club Recreativo promoveu o grande baile, oferecido às autoridades presentes na cerimônia. A festa se estendeu até a madrugada do dia 8, quando os santarritenses puderam, enfim, retornar às suas casas com a certeza de que jamais haviam visto um evento tão grandioso.
(Carlos Romero Carneiro)

Esta matéria é um oferecimento de:

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Agências de Notícias veiculam matérias sobre venda da Linear

Duas reportagens sobre a venda da Linear, traçam um panorama da empresa de tecnologia mais tradicional da cidade

Matéria da Convergência Digital:

TV Digital: Crédito leva Linear se associar à japonesa Hitachi Eletric
 
Em entrevista ao Convergência Digital, Carlos Alberto Fructuoso, presidente da Linear, empresa 100% nacional especializada na manufatura de antenas e equipamentos para Broadcast e TV digital,com fábrica instalada em Santa Rita do Sapucaí (MG), nega categoricamente que a Linear tenha sido integralmente comprada pela Hitachi Eletric. Também desmente que o valor do acordo tenha ficado em torno de US$ 13 milhões, como o noticiado pela Dow Jones, nesta quarta-feira, 24/08.

O presidente da Linear sustenta que se associou à japonesa Hitachi Electric para manter o fôlego dos negócios. O objetivo do acordo visa buscar capital internacional para garantir a liberação de crédito para os clientes. O presidente da empresa garantiu ainda que não pegou crédito no BNDES ou em outro órgão governamental, apesar das linhas oficiais existentes para a TV digital.

"O que fizemos com a Hitachi Eletric foi uma associação de longo prazo", insistiu Fructuoso, evitando sempre em falar na palavra venda de controle ou em divisão de participação acionária. Segundo ele, a Linear enfrentava grande dificuldade para vender porque não tinha capital para fazer o financiamento ao cliente e, por isso, foi buscar um parceiro, uma vez que as politicas públicas para TV digital nunca ficaram totalmente definidas. "Perdíamos contratos para fabricantes com dinheiro liberado no exterior e não podemos deixar de ver que TV digital está aquecido", admite.

O acerto com a Hitachi Eletric, que não atuava no Brasil e vai investir em broadcast e e em outros setores, segundo revelou o presidente da Linear, foi a saída para enfrentar essa questão do crédito - os fabricantes estrangeiros pegavam linhas no exterior e, aqui, há uma dificuldade grande de acesso em função da taxa de juros e da valorização do Real. "Agora temos condições de financiar os clientes no Brasil e na América Latina e também vamos vender nossos produtos no Japão", acrescenta.

Indagado se o fato de deixar de ser uma empresa 100% nacional a faria perder espaço nas negociações governamentais - o Brasil usa a questão da manufatura local como um dos dividendos para a opção pelo padrão ISDB-T - Fructuoso assegura que, neste momento, o mais importante para a Linear é o de garantir recursos para financiar os contratos e o próprio negócio.

"Tenho dois galpões - um com 7500 metros quadrados e outro com 10.500 metros quadrados. Este último só tinha 20 funcionários. O momento estava muito complicado. Com os recursos que a Hitachi vai aportar vamos acelerar nosso manufatura e brigar por clientes no exterior e no Brasil", detalha.

Durante toda a entrevista, Fructuoso negou a venda do controle à Hitachi Eletric e insistiu em usar a palavra associação para explicar o negócio. Mas ao ser novamente indagado sobre valores foi taxativo: "Posso garantir que se eu tivesse faturado os US$ 26,8 milhões que a notícia veicula, não venderia meu negócio por US$ 13 milhões", completou Fructuoso.

Fonte: Convergência Digital 

Matéria da Computer World:

Hitachi fecha acordo de compra da empresa brasileira Linear

Segundo presidente da empresa mineira de equipamentos para TV digital, Carlos Fructuoso, grupo japonês deverá controlar 70% do negócio.
A fabricante brasileira Linear e Equipamentos Eletrônicos acaba de ser comprada pela Hitachi Kokusai Electric. O negócio foi anunciado durante a feira Broadcast & Cable 2011, que encerrou hoje (25/8), em São Paulo. O presidente da companhia, Carlos Fructuoso, informa que o grupo japonês fechou acordo para adquirir 70% do controle da empresa nacional.

“Essa participação será no longo prazo e não de imediato”, informou Fructuoso, um dos fundadores da Linear, que operara no Brasil há 34 anos com fábrica instalada na cidade de Santa Rita do Sapucaí (MG). Ele não revelou o valor da transação, que chegou a ser estimado pela imprensa  em 13 milhões de dólares.
A Linear fabrica equipamentos para TV digital e transporte de sinais. A empresa também exporta e conta com uma planta industrial também nos Estados Unidos para equipamentos de TV digital no padrão norte-americano, que abastece aquele mercado e o Canadá. Segundo, Fructuso, a indústria brasileira atende a cerca de 40 países, incluindo os da América Latina, Ásia, África e Estados Unidos.

“Percebemos que tínhamos muita sinergia com a Hitachi e agora vamos ter uma linha completa de produtos para atender ao Brasil e aos mercados em que atuamos”, informou Fructuoso à COMPUTERWORLD. Porém, ele destaca que o maior ganho para a Linear com aquisição é a entrada da empresa no Japão, país onde a companhia ainda não havia chegado.

“As pessoas aqui no Brasil sempre dizem que os produtos dos japoneses são melhores que os nossos. Agora é nossa oportunidade de mostrar que somos bons em tecnologia, tanto que vamos vender no Japão com a Hitachi”, afirma o presidente da Linear. Ele considera que o acordo é estratégico para a Linear ganhar mais fôlego e enfrentar concorrentes como a Harris e Screen Service.

Além de levar equipamentos de TV digital para o Japão, a Linear aumentará a sua oferta. A empresa passará a oferecer câmera de alta definição e equipamentos para broadcast no Brasil em nos demais mercado em que opera. O nome da empresa deverá ser mantido.


Fonte: Computer World

Oferecimento:

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Santa Rita do Sapucaí terá Rally Beneficente


Quer conhecer a história dos Rally´s em Santa Rita do Sapucaí? Clique aqui e acesse a reportagem produzida pelo jornal Empório de Notícias.

Oferecimento:

AJUDE-NOS A ESCREVER A HISTÓRIA DO "VALE DA ELETRÔNICA"

 
A Take Five Propaganda irá produzir um livro sobre a trajetória do Vale da Eletrônica e gostaria de conhecer várias histórias interessantes que envolvem o surgimento das indústrias em Santa Rita do Sapucaí. Caso  você conheça alguma passagem interessante ou tenha algum documento sobre as empresas da cidade, envie um email para: carlos@takefive.ppg.br ou ligue (35) 8876 2322. Desde já agradecemos muito pela colaboração. Um abraço, Carlos Romero.

Hitachi Kokusai comprará Linear Eletrônicos, diz jornal

 
O custo da aquisição da empresa brasileira pela japonesa é estimado em mais de US$ 13 milhões

Tóquio - A Hitachi Kokusai Electric Inc informou que fechou um acordo básico para comprar a brasileira Linear Equipamentos Eletrônicos SA, segundo a edição da manhã desta quinta-feira do jornal Nikkei. A fabricante japonesa de sistemas de comunicações terá a maioria das ações da Linear no início de outubro. O custo da aquisição é estimado em mais de 1 bilhão de ienes (US$ 13 milhões).

Com o Brasil e outros nove países sul-americanos tendo adotado o padrão japonês para transmissão de tevê digital terrestre, a Hitachi Kokusai planeja ampliar as vendas de suas câmeras e outros equipamentos na região. A Linear registrou vendas estimadas em US$ 28,6 milhões em 2010, segundo o Nikkei. As informações são da Dow Jones.

Fonte: Revista Exame

Esta matéria é um oferecimento de: 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Vendem-se fichas telefônicas

 
Um fato extraordinário

Nos últimos dias, recebemos uma notícia surpreendente. O amigo Jonas Costa descobriu em um bar localizado no final da rua Genoveva da Fonseca (Bepe), uma placa com a seguinte inscrição: “Vendem-se fichas para telefone”. Aquilo nos chamou muito a atenção. Afinal, quem ainda usaria tais fichas? Será que ainda existe na cidade alguns exemplares desses aparelhos movidos a pastilhas metálicas?  Para tirar a prova, fomos até o local e desvendamos esse incrível mistério. Acompanhe essa aventura em busca do elo perdido da telefonia, em uma reportagem de Gabriela Santucci.
Rumo ao bar do Elzo

Às treze horas do dia 17 de julho, cheguei ao famoso bar,  onde o seu dono – Elzo - trabalhava normalmente, como acontece há 38 anos. Para facilitar a reportagem, pisei em seu estabelecimento como uma cliente normal e fui logo perguntando se ele tinha fichas de telefone para vender. Sua reação foi de total surpresa, afinal, os telefones de hoje em dia só aceitam cartão. Então eu me apresentei e disse que gostaria de entrevistá-lo. Fiz algumas perguntas e suas declarações foram dadas com bastante entusiasmo.
O Elo Perdido

 Seu Elzo, de 68 anos, vendia muitas fichas de telefone antes do cataclisma causado pelo surgimento dos cartões. A seu pedido, a companhia telefônica instalou um orelhão dentro do estabelecimento, porque os aparelhos da rua eram destruídos com muita frequência.
Fichas encalhadas

Com o surgimento dos cartões, as fichas acabaram abandonadas em sua mercearia e a plaquinha “Vende-se Fichas” (retirada há poucos dias), ficou esquecida em uma das paredes do bar. Elzo nos mostrou algumas das mais de 500 fichas encalhadas no recinto e disse que atualmente elas não têm preço, mas que, se alguém pagar uns 10 reais, ele vende. 
Um homem trabalhador

Elzo é um senhor bastante lúcido, inteligente e agradável. Toda a sua existência foi baseada no esforço para ganhar a vida. Aos doze anos de idade, já trabalhava o bastante para poupar sua mãe do esforço. No decorrer de nossa conversa, o comerciante afirmou  que valoriza muito a honestidade e reforçou que é graças a ela que seu negócio está firme e forte há tanto tempo. Casado há 48 anos, teve sete filhos, sendo dois falecidos. Elzo também contou que se orgulha do estabelecimento construído com sua própria força e se emocionou ao falar das pessoas que passaram por lá e ao lembrar os amigos e fregueses que deixaram muita saudade em seu coração. “A cidade que eu mais gosto é Santa Rita!” - afirmou o vendedor – que não conteve as lágrimas ao definir o imenso carinho que sente pelo lugar onde vive. Para finalizar, declarou que já passou por muitas cidades, mas foi aqui que nasceu e é aqui que quer terminar seus dias.
(Gabriela Santucci)
Esta Matéria é um oferecimento de:

Um debate de outro mundo...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Tal pai, tal filho


O espelho do filho

Em comemoração ao Dia dos Pais, resolvemos conhecer um pouco mais a respeito dos progenitores de 3 grandes personalidades locais. Em todos os casos, um elemento foi notório: eles tiveram em quem se espelhar. Acompanhe a experiência desses ilustres senhores na reportagem especial de Sara Capelo.

O pai de um pentacampeão

Um dos mais conhecidos santarritenses é o jogador Roque Júnior. Foi o pai do zagueiro quem descobriu seus talentos, ainda na primeira infância. “Com um ano dei a primeira bola para ele e, com quatro, já coloquei na escolinha do professor “Aleluia”, afirmou o pai de Roque, José Vitor. A partir daí a trajetória do craque foi  de muitas conquistas, sempre acompanhado do pai, que só deixou o filho sair de Santa Rita após ter concluído a oitava série do ensino fundamental. Mesmo assim, o jogador não foi sozinho. O pai fez questão de ir com ele. “Fomos juntos para São Paulo para procurar algum time. Rodamos todos os clubes grandes e alguns pequenos, mas nenhum estava em fase de teste. Depois disso, decidi levá-lo para São José dos Campos, onde ele entrou em um time de segunda divisão”. Assim começou a carreira profissional do pentacampeão brasileiro. Roque Júnior jogou por vários anos no Palmeiras e depois em clubes internacionais, além da Seleção Brasileira, mas nunca esqueceu suas origens. “A relação que temos de pai e filho é a melhor possível. Ele reconhece tudo o que eu fiz por ele”, afirmou o pai do jogador.

O pai de uma Miss

Outro progenitor de destaque é o pai da modelo Marcela Duarte, que foi Miss Minas Gerais em 2006 e apresentadora do Alterosa Esporte. Hoje, a bela e talentosa Marcela é modelo e estudante de jornalismo em Nova York e acaba de fazer uma participação no  filme americano  Lanterna Verde. Fábio Duarte é pai de cinco lindas mulheres: Isabela, Natália, Marcela, Mariana e Gabriela. Ainda à moda antiga, Fábio impõe horário para as filhas chegarem em casa até hoje.

Marcela, desde pequena, demonstrava aptidão para ser modelo e fazia poses diferenciadas para as fotos. A menina desde cedo demonstrava que seria muito comunicativa. Aos 13 anos, disputou um concurso de fotografias na cidade e tirou o 1º lugar. “Meu maior orgulho é sair nas ruas e receber elogios das minhas filhas. Adoro quando dizem que elas são dóceis, obedientes, boazinhas e bem educadas”, disse Fábio, que demonstra ser um pai de presença constante na vida das filhas. “Eu e minha esposa sempre acompanhávamos a Marcela nos desfiles, participávamos de tudo, até mesmo dos coquetéis”, afirmou.

O pai de um grande jornalista

O professor Eli Kallás é pai do reconhecido jornalista Fernando Kallás. Apesar de ainda jovem, Fernando tem se destacado muito em sua área. Atualmente, exerce as funções de jornalista, pesquisador do Departamento de Ciências Políticas da Notre Dame University do Líbano e especialista em “Islã e Ocidente” pela Universidad Complutense de Madrid. Desde 2008, Kallás atua como comentarista do UFC - Ultimate Fighting Championship nos canais SporTV e Premiere Combate.

Eli Kallás tem um orgulho enorme dos dois filhos, Fernando e Thiago. “A relação de pai e filho é uma relação de influência mútua. O aprendizado é mútuo. A gente aprende com os filhos da mesma forma que eles aprendem com a gente”, afirma Eli.

Mesmo sendo um pai um pouco mais velho, Eli Kallás enfrentou todos os desafios que os pais jovens enfrentam. “Na fase de meninos eles gostavam muito de passear no zoológico, no jardim botânico, ir ao maracanã, essas coisas de criança. Eu sempre os acompanhava. Até nas festinhas infantis eu ia.”, relembrou. Eli acredita que o que fez Fernando se interessar por jornalismo foi a vida social ativa que ele tinha quando criança e adolescente. “Nós tínhamos convívio com as pessoas mais variadas ou mesmo com professores, empresários e amigos do bairro. Essa vida muito dinâmica influenciou demais na vida deles”, declarou Eli. “A relação de pai e filho é muito intensa, de muita amizade, muito respeito e muita luta. No entanto, existe a consciência de que há momentos de dificuldades que você tem que enfrentar e enfrenta bem”, finalizou.

A reportagem do jornal Empório de Notícias entrou em contato com Fernando Kallás que enviou o texto a seguir para homenagear seu pai:


“Meu pai sempre foi meu herói, minha referência de homem de caráter e quase um ídolo por sua trajetória profissional. Ainda hoje, com mais de 70 anos, quando muitos estariam curtindo tranquilamente a aposentadoria, é impressionante a paixão e a dedicação que ele demonstra a cada novo projeto profissional. Como pai, sempre foi um mentor e um educador exemplar, ensinando tanto a mim quanto ao meu irmão a tomar decisões com maturidade e assumir a responsabilidade de cada uma delas, sempre dando o máximo de apoio possível em todas as nossas empreitadas pessoais, acadêmicas e profissionais. Quem me dera um dia eu seja a metade do homem e do pai que ele é”.

Esta matéria é um oferecimento de:

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A história da Companhia Sul Mineira

A chegada da energia elétrica

Fundada em 1912, a primeira empresa de eletricidade de Santa Rita do Sapucaí recebeu o nome de “Companhia Força e Luz Minas Sul” e foi dirigida até 1935 por diversos empresários locais. Dentre seus acionistas, o maior era Antônio Moreira da Costa, que teria construído o prédio – com uma arquitetura que lembrava muito a atual Pizzaria Na Lenha - onde funcionou a primeira estação da cidade. A partir de 1936, a sociedade foi vendida para a conhecida “Companhia Sul Mineira de Eletricidade”, com sede no Rio de Janeiro e que era responsável pelo suprimento de energia de outras 39 cidades da região.

Assim que a “Sul Mineira” passou a gerenciar o suprimento de energia da cidade, muitos foram os melhoramentos ocorridos em nossa infraestrutura. Através de um “programa de reformas”, implantado no ano de 1937, os velhos postes de madeira foram trocados, as instalações particulares melhoradas e os fios foram adaptados às exigências do município. Naquele mesmo ano, foi proposta à prefeitura a instalação elétrica subterrânea  na Praça da Independência (Praça Santa Rita) e o serviço foi parcelado de forma a facilitar o pagamento da dívida.
Reunião de antigos funcionários da Sul Mineira, em 1980.
Mesmo com a venda da Companhia, a gerência continuou nas mãos de um santarritense que não poupou esforços para que a cidade tivesse uma “Concessionária de Serviços Públicos  de Força e Luz” à altura de seus sonhos. José Longuinho Sobrinho tornou-se o responsável pelos negócios da empresa na cidade. No departamento de vendas, Antônio de Souza Júnior cuidava dos novos projetos e divulgava os benefícios do uso de aparelhos de aquecimento nos lares santarritenses. Já Dona Maria Thereza do Carmo Vono era a responsável pelo recebimento dos pagamentos. Era dela a função de administrar o caixa da empresa e atender os fregueses que vinham acertar suas contas.
Segunda pele

Segundo contam os mais antigos colaboradores da empresa, os funcionários da Sul Mineira vestiam um uniforme de brim pardo e tinham a caderneta de trabalho recoberta pelo mesmo tecido. Dentro desses pequenos livros individuais de anotação, constava o salário e o desempenho de cada um deles, no decorrer dos anos.
Raridades da Companhia

Muitos documentos raros sobre os primeiros lampejos de eletricidade em Santa Rita foram preservados. Algumas fotos também foram guardadas com zelo pela família do senhor Longuinho e carregam uma boa parte da história do município. Outros registros importantes também foram arquivados pelos descendentes do estimado gerente, como o fichário dos empregados - datado da primeira metade do século XX – além de uma cópia da ata do dia 31 de janeiro de 1935 e de uma listagem cronológica dos primeiros presidentes da Companhia de Força e Luz. Através do Jornal “O Correio” de 6 de julho de 1968, tivemos acesso a uma transcrição do projeto de lei de 2 de junho de 1929 que autorizava a instalação de uma compa-nhia de energia na cidade - um fato que mudou para sempre a vida dos santarritenses e aposentou de uma vez por todas os velhos lampeões à querosene, acesos ao anoitecer e apagados entre 9 e 10 horas da noite. No mesmo jornal, consta que a inauguração da estação local aconteceu no dia 31 de dezembro de 1912, através de inestimáveis esforços de João Eusébio de Almeida e outros colaboradores.

José Longuinho Sobrinho

Contratado aos 15 anos de idade como ajudante da extinta Companhia de Força e Luz, o senhor José Longuinho foi umas das figuras mais importantes de nossa cidade. Sua trajetória de 63 anos junto às concessionárias de energia da cidade, fizeram dele uma referência, não só em nossa região, como em todo o estado de Minas. Segundo consta nos registros jornalísticos de 1969, ele nunca tirou uma licença-prêmio, jamais entrou em férias em todo o tempo em que esteve à frente da Sul Mineira. Salete Andrade, uma de suas companheiras de trabalho, assim falou sobre o estimado senhor Longuinho: “Era uma pessoa maravilhosa e era dono de um coração imenso. Foi um paizão para mim e sempre me contava sobre o amor que tinha pela família e sobre como havia conhecido sua esposa Áurea.” Sua Neta, Elizabeth Longuinho, nos contou que muitas pessoas chegavam à Sul Mineira sem dinheiro para saldar suas dívidas e acabavam amparadas pelo senhor Longuinho que, não raramente, tirava dinheiro do próprio bolso para pagar as contas vencidas. Com a chegada da Cemig, este grande profissional continuou à frente da Companhia Elétrica até sua aposentadoria, em 1981. De acordo com uma reportagem do jornal “Cemig Notícias”, de 1986, que noticiou seu falecimento, “sua saída da empresa, aos 78 anos, foi marcada pelo mais profundo respeito de seus colegas e amigos.”
Os causos da companhia

João Coelho, ex-funcionário, nos contou que, na usina de energia de Natércia, havia um enorme banco de malacacheta e muitas pessoas diziam que lá poderia ser encontrado ouro. Para tirar essa história a limpo ele lembrou que, certo dia, os senhores Pedrinho Figueiredo e Antônio Longuinho resolveram recolher uma boa porção de terra do local para que fosse realizada a bateia – técnica de retirada do ouro. Ao ouvirem aquelas conversas todas, que surgiam em torno do assunto, Antônio Lemos Carneiro, José Martins e o próprio João Coelho tiveram uma grande ideia: passar uma torneira inteirinha no esmeril e colocar o pó dourado da peça dentro das amostras de terra.

No dia seguinte, os três ficaram só de butuca e presenciaram o momento em que encontraram o “precioso minério”. Era “ouro” que não acabava mais. O senhor Longuinho ficou eufórico com sua incrível descoberta e chegou a enviar amostras para o Rio de Janeiro, quando um dos funcionários da firma acabou encontrando os restos da torneira nos fundos da oficina. Ao descobrir que tudo não passava de uma brincadeira, o gerente da Companhia virou a cara para seus amigos e só voltou a falar com eles, um mês depois.

Em outra ocasião, Antônio Lemos Carneiro – em início de carreira - estava consertando uma instalação elétrica nas proximidades do morro do cruzeiro, quando um de seus colegas, sem saber que ele ainda estava ligando os fios, resolveu acionar a energia elétrica. Por estar ensopado pela tempestade, Antônio ficou colado no fio de alta tensão e só conseguiu se livrar da morte quando o condutor não aguentou seu peso e arrebentou. Depois disso, o eletricista contou que nunca mais teve medo de choque. Muitas vezes, era visto pelos colegas colocando os dedos na tomada para saber se era 110 ou 220. De uma forma ou de outra, ele teria que se acostumar. Aquela não seria nem a primeira e muito menos a última descarga elétrica que levaria na vida, em sua trajetória de mais de 50 anos trabalhando com alta tensão.
(Carlos Romero Carneiro)


Esta Matéria é um oferecimento de: 

A origem de porque o Mineiro trabalha em silencio, uai... (Por Ivon Luiz Pinto)

Com o descobrimento de ouro no leito do Tripuí, onde hoje é Ouro Preto e a demanda de bandeirantes para a região das Minas, foi criada a Capitania do Rio de Janeiro que compreendia o território dos atuais estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Os bandeirantes Manoel Garcia, Antônio da Veiga e seu filho João da Veiga descobriram, em 1692, no vale do Rio Verde as mais antigas minas de ouro do Sul de Minas que deram origem aos povoados de Baependi e Pouso Alto.

O bandeirante Miguel Garcia Velho percorreu a região da Mantiqueira entre os anos de 1703 a 1705 e descobriu ouro no local denominado Minas Novas de Itagiba. Em 1706, fundou o arraial de Santo Antônio de Itagiba , primeiro núcleo humano dessa parte da Mantiqueira e que, mais tarde, se transformaria em Soledade de Itajubá - atualmente a cidade de Delfim Moreira, dona do segundo melhor clima do mundo.

Em 1714, as Minas Gerais faziam parte da Capitania de São Paulo e, após a descoberta de ouro, a região foi dividida em três comarcas. Dentre os marcos divisórios instalados, havia um cruzeiro - cruz de ferro - no alto do Monte Caxambu, na estância hidromineral de mesmo nome. Ele indicava a divisa entre as comarcas do Rio das Mortes, em São João Del Rei, e da Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, no Vale do Paraíba. 

Em decorrência da Revolta de Felipe dos Santos, em Vila Rica, por causa dos altos impostos referentes ao ouro, em 1720, criou-se a capitania independente das Minas Gerais, que tinha como referência aquele cruzeiro colocado no Monte Caxambu. Para o Norte seria Minas, para o Sul seria São Paulo. O problema para os mineiros era que isso proporcionaria aos paulistas a posse de uma grande extensão de terra nas montanhas como também das bacias dos rios Grande, Verde e Sapucahy - território e mananciais do seu interesse.

Pacíficos e matreiros como verdadeiros mineiros, os membros da Câmara de São João Del Rei, depois de uma caminhada silenciosa e furtiva, mudaram a posição do marco, levando-o para o alto da Serra da Mantiqueira, cerca de 80 quilômetros adiante, já no lado do Vale do Paraíba, o que deu origem, mais tarde, à cidade paulista de Cruzeiro. Com esse artifício, Minas ficou com toda a região conhecida hoje como “Terras Altas da Mantiqueira”. Alguns dizem que vem daí o dizer que mineiro trabalha em silencio.

Com a emancipação de Campanha, desmembrada de São João Del Rei, iniciou-se o que hoje é o Sul de Minas, conforme alvará de 20 de novembro de 1789. Pertenciam a Campanha as regiões de Baependi, Jacuí, Pouso Alegre, Itajubá, São Gonçalo do Sapucaí e Lavras. Mais tarde, esses municípios se desdobraram. Do município de Baependi teve origem Aiuruoca, Liberdade e Pouso Alto. O município de Jacuí foi dividido em Passos, São Sebastião do Paraíso e Monte Santo. Pouso Alegre dividiu-se em Caldas, Cabo Verde, Alfenas, Poços de Caldas e Monsenhor Paulo. Lavras dividiu-se em Três Pontas, Perdões, Nepomuceno, Itumirim, Ribeirão Vermelho e Ijaci.

Durante muito tempo esta região do Sul de Minas pertenceu a Campanha e muitos documentos referentes à história de nossas cidades estão arquivados na Cúria Diocesana e no Museu Regional de Campanha.

Esta matéria foi oferecida por:

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Chico Moreira comunista?

O comunismo começava a se infiltrar e já havia alguns simpatizantes em Santa Rita que difundiam a ideia de que todos seriam iguais e de que tudo seria dividido em partes idênticas a todos. Chico Moreira, sem dúvida o cidadão mais rico da cidade e das cidades vizinhas, era observado com atenção por essa camada da população que sonhava com a igualdade. Certa feita, atravessando a Rua da Ponte em direção ao Banco Nacional, do qual era presidente e fundador, foi visto por alguns simpatizantes do comunismo que comentavam entre eles: “Quando chegar o comunismo, Chico Moreira vai ficar igualzinho a nós!” Nisso, o outro retrucou: “Mas eu não quero que o Chico fique igual a nós. Eu é que quero ficar igual a ele!” Depois disso, toda aquela ideia de comunismo foi por água abaixo. (Marly Fontes)

Esta Matéria é um oferecimento de:

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

As raízes da família Kallás

Membros da grande família Kallás.
Em busca de paz

Imagine o seu país ocupado por tropas militares de uma nação vizinha e pouco simpática. Pense no sofrimento de uma perseguição religiosa levada a efeito pelos invasores. Calcule o constrangimento de ter de abandonar seu país, mudar-se de continente e, por fim, ser confundido com aqueles que oprimem e espoliam seu povo. Situações como essa parecem impensáveis aos brasileiros do século XXI. Não para os cristãos libaneses que aqui desembarcaram na primeira metade do século passado, deixando para trás a hostilidade dos turcos e muçulmanos.

As colônias libanesas

Santa Rita do Sapucaí acolheu várias famílias oriundas do Líbano: Abdalla, Andare, Andery, Baracat, Kallás, Murad, Nassar, Rezeck e Ruade. O clã dos Kallás é um dos mais presentes na história e nos lares da cidade. O primeiro re-presentante dessa família a pisar o território santarritense foi José Abrahão Kallás que, em 1909, trouxe consigo a esposa Zarife e muita esperança em seus alforjes. Nagib Elias, sobrinho de José Abrahão, chegou à cidade na mesma época. Nos anos que se seguiram, vieram três irmãos do pioneiro (Antônio, Elias e Júlia) com seus cônjuges e filhos.
Raízes de Cedro

O ramo da família Kallás que fixou-se em Santa Rita tem como berço a pequena vila de Fakiha, localizada no fértil Vale do Bekaa, leste do Líbano. No limiar do século XX, a pacata população local se reunia à noite em frente às casas para conversar, cantar e saborear damascos, uvas, nozes e figos. O lugarejo não ficou imune às atrocidades da Primeira Grande Guerra (1914-1918), durante a qual os soldados da Turquia saquearam e mataram centenas de libaneses. Com a derrota dos turcos, o Líbano passou a ser dominado pela França, que concedeu-lhe independência em 1944.
Família se reúne para receber Bispo Dom José Kallás - 1952
O interesse pelo Brasil

De acordo com o médico David Carvalho Kallás, o interesse dos habitantes de Fakiha pelo Brasil teve início em 1876, quando o imperador Pedro II visitou as ruínas de Baalbek, no Vale do Bekaa. A libanesa Salma Aoun Kallás, moradora de Santa Rita desde 1948, conta que o território brasileiro exercia grande atração sobre seus conterrâneos.

Alguns diziam que o ouro brotava do solo na aprazível nação tropical, mas foi preciso muito trabalho para alcançar a riqueza no Brasil. Comerciantes natos, os imigrantes libaneses demonstraram grande habilidade atrás dos balcões santarritenses.
Fakiha, berço da família Kallás.
Outono do Patriarca

O patriarca José Abrahão não demorou a conquistar espaço e respeito, fundando a Casa Kallás em 1913 na praça Santa Rita. Conta-se que a agência do antigo Banco Nacional em Itajubá foi aberta graças a um depósito do comerciante, no valor de 1.500 contos de réis, a pedido do ex-presidente Wenceslau Braz. Em 1917, Nagib Elias inaugurou seu estabelecimento comercial, na rua Silvestre Ferraz, logradouro que receberia muitas outras empresas criadas pela colônia libanesa. Instalaram-se na “rua da Ponte”, por exemplo, os grandes comerciantes Abrahão Elias e Felipe Elias. Outros, como Chafik e Toufik, optaram por fazer negócios na avenida Dr. Delfim Moreira.

Alguns imigrantes da família Kallás recomeçaram sua vida no Sul de Minas atuando como mascates. Foi o caso de José Calixto, cujo sobrenome é uma forma aportuguesada de Kallás. Natural de Baalbek, fugiu da casa dos pais aos 14 anos e escondeu-se no porão de um navio para reencontrar sua irmã Zarife em Santa Rita. Boa prosa e inteligente, fez seu pé-de-meia como vendedor ambulante e conseguiu montar um bar na praça Rui Barbosa, nas proximidades do antigo Clube Santarritense.
Dona Salma e filhos em frente às ruínas de Baalbek
José Calixto almejava levar a filha Maria Rita Calixto de Castro para conhecer Baalbek. Sua morte precoce, aos 44 anos, pôs fim ao sonho. Salma Kallás teve o privilégio de retornar à terra natal e reencontrar seus progenitores, em 1982. Porém, aquela não foi uma viagem tranquila: justamente durante a visita, Salma viu Fakiha sendo bombardeada por israelenses, numa ação militar que teve sete vítimas fatais. O conflito ceifou até mesmo a vida do então presidente libanês, Bashir Gemayel. No ano em que Salma fez sua segunda viagem ao Líbano (2005), foi a vez do primeiro-ministro Rafik Hariri ser assassinado. 

Fincando raízes

Longe dos combates intermináveis do Oriente Médio, a família Kallás encontrou, no Vale do Sapucaí, um solo fértil para a paz e muitas oportunidades, apesar da penosa adaptação ao clima tropical, à língua portuguesa e aos costumes brasileiros. Do clã não saíram apenas homens de negócio, mas também insignes magistrados, médicos e professores. “Os libaneses vieram pensando em voltar, mas gostaram tanto daqui que construíram casas, tiveram filhos e não voltaram mais”, relata Salma Aoun Kallás. “Sofremos muito, mas vencemos”, acrescenta Maria Rita Calixto de Castro.
(Jonas Costa)


Esta matéria é um oferecimento de: 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Mistério na Santa Casa de Misericórdia

Desejo me referir a um fato que se deu no velho Hospital Antônio Moreira da Costa, ainda no casarão da Ladeira do Buracão. Todos os domingos, às três horas da tarde, ia dar a bênção do Santíssimo às irmãs e aos doentes. Era o que podia fazer às freiras e aos enfermos, principalmente quando não tinha um auxiliar.  As irmãzinhas sempre preparavam um suculento café com leite, bolos e outras guloseimas para o seu vigário. Naquele tempo, eu “comia mesmo como um padre”...

Cheguei um pouco atrasado naquele domingo. Tudo porque Marcílio Araújo me prendeu, ainda na praça, falando de teatro amador que ele estava preparando para levar em cena com os Marianos. Achei uma chatice a lenga-lenga do amigo, mas tive que aturá-lo, pois “noblesse oblige”...

Para aquele dia, as irmãzinhas reservavam-me uma naca de bolo de chocolate, visto que, com a minha demora, resolveram distribuir a outra metade com os doentes das enfermarias. Ainda não tinha entrado no hospital e já percebi o reboliço lá dentro. O bolo estava envenenado. Três doentes que o comeram morreram imediatamente.  Outros passaram mal e, lá no terreiro, jaziam os patos e galinhas mortos por terem comido as migalhas atiradas pela janela. Atendi imediatamente aos que passaram mal, dei uma absolvição “sub conditione” aos que tinham morrido e procurei, imediatamente, me inteirar do lamentável fato, desde o seu início.

Conclusão: uma enfermeira leiga que passara pelo Hospital não ficou satisfeita com a superiora que lhe chamara a atenção e a dispensara do serviço. Dias depois, “suadente diabolo”, arquitetou liquidar a superiora. Fez o bolo e mandou uma criança levá-lo, em nome de outra pessoa, como presente às irmãs. Felizmente, a moça da portaria morava no mesmo bairro e conheceu o menino portador do bolo. Amedrontado, o garotinho contou tudo e pudemos então prender a assassina. No inquérito, ela, cinicamente, revelou que não era sua intenção matar o Padre, nem as outras irmãs, mas unicamente a superiora: “Se os doentes morreram ou se o Padre ou as outras irmãs tivessem morrido, seriam inocentes.” A assassina foi presa e levada para Belo Horizonte. Na prisão feminina, aguardou o julgamento. Foi, no entanto, absolvida porque, pelo laudo médico, constatou-se que era um caso psicológico ou de loucura intermitente.

Por tudo o que relatei, mais tarde, procurei o amigo chato e o agradeci sinceramente. Não fosse ele, estaria no cemitério o vigário da cidade no lugar dos pobres doentes da enfermaria, pois seria eu o primeiro (guloso como era) a comer bolo com formicida.

(Texto foi retirado do livro “Trem de Manobra”, escrito pelo Cônego José Augusto de Carvalho)

Esta reportagem é um oferecimento da Imobiliária Marques e Perrota:
Visite o site e conheça as melhores casas para comprar e alugar em Santa Rita:

Live ETE - Festival de Música da ETE FMC