terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Bá, apaixonado pelo Botafogo

Bá expõe recortes do Botafogo no Restaurante que leva o seu nome.
A paixão de Bá pelo seu time do coração vem de longe. Em uma época em que as duas agremiações mais conhecidas do país eram Santos e Botafogo, o menino acabou optando pelo alvinegro e, desde então, passaria as tardes de domingo na casa do senhor Bilange – morador da rua da pedra e também fanático pelo botafogo - ouvindo as transmissões de rádio em que a grande estrela era ninguém menos que Mané Garrincha. Quando seu time vencia, os comentários sobre a partida se estendiam até meia noite ou uma da manhã e, só então, Bá deixava a casa do amigo com a alma lavada.

Embora fosse completamente aficionado por futebol, como jogador Bá não era nenhum craque. O garoto até arriscava algumas jogadas como lateral direito, mas se posicionava melhor como torcedor. Ao completar a maioridade, o Bá chegou a morar em São Paulo – onde atuou como bancário e, desde então, passou a frequentar pelo menos 3 vezes por ano os estádios quando seu time entrava em campo contra algum clube paulista. No tempo das vacas magras, como tinha que optar entre pegar condução ou comprar o ingresso, Bá andava até duas horas a pé, entre o centro da cidade (onde morava) e o parque Antártica, só para assistir às partidas.
O comerciante fica apreensivo quando seu time entra em campo.
Desde que montou seu tradicional Restaurante em Santa Rita, o empresário jamais escondeu a admiração pelo Botafogo e sempre fez questão de estampar o símbolo do time nas paredes do estabelecimento. Vez ou outra, algum engraçadinho ainda ousa adentrar o recinto para proferir blasfêmias contra o seu clube. Se isso acontece, Bá se enfeza, queima no golpe, fecha a cara e não deixa barato. Para ele, o cúmulo da provocação aconteceu quando um grupo de cruzeirenses foi ao restaurante, após derrotar o seu time, e começou a fazer trenzinho em torno das mesas. Foi a gota que faltava para que o comerciante colocasse todo mundo pra correr e baixasse a porta mais cedo do que o previsto. O mesmo aconteceu quando um flamenguista foi vender pães para o botafoguense, depois que seu time havia acabado de amargar um 6 a 0: “Aqui ninguém vai comer pão hoje, não!”. Na última semana, dia de clássico, os marmitex chegaram à casa dos freguezes antes do esperado. Bá conta que, para não perder o jogo, seus clientes tiveram que jantar cinco e meia da tarde. Tudo para não perder a tão aguardada partida.
Camisa autografada pelo jogador Finazi.
Nas paredes do Bar e Restaurante do Bá, existem lembranças do clube por todos os cantos. Sempre que os fregueses encontram algo com o símbolo da agremiação, não deixam de presentear o amigo. De todas as relíquias expostas, a maior delas é a camisa número 6, que pertenceu ao atacante Finazzi. O presente autografado foi trazido pelo senhor Afonso, pai do jogador e distribuidor de açúcar na região, que sempre almoça por ali quando está de passagem por Santa Rita.

Em dias de domingo, para saber se o Botafogo se deu bem na rodada é muito fácil: se o time venceu, as luzes da casa do comerciante ficam acesas até terminar o último programa esportivo. Caso contrário, sete horas já está tudo apagado e todo mundo já foi pra cama.
Sempre que algum freguês encontra algo do Botafogo, traz de presente ao dono do Restaurante.
Atualmente, a grande preocupação de Bá está relacionada aos netos. Todos eles já foram presenteados com uma camisa oficial, mas o fato de apenas dois de seus quatro filhos torcerem para o botafogo, pode colocar em risco a perpetuação do clube dentro da família. Um de seus netos é Corintiano, o outro é filho de vascaíno. Como seu genro, Roberto de Franco, não é tão fanático, as chances desse jogo virar são grandes. A nação botafoguense agradece.

(Carlos Magno Romero Carneiro)

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