terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Carteira de habilitação de 1928 mostra como era a lei de trânsito em Santa Rita

Neste mês, nosso amigo Fred, proprietário do Blog Fred Cunha News, nos enviou algumas imagens muito interessantes e que demonstram como era a vida no início do século passado. Trata-se de “Carta de Conductor de Automóvel” de número 38, datada de 18 de novembro de 1928, que pertenceu ao senhor José Benedito Cunha – filho do ex-prefeito Frederico de Paula Cunha.
Dentre algumas características interessantes do documento, cons-tatamos que ele continha espaço para assinatura de dois agentes res-ponsáveis pela segurança de trânsito na época: o delegado de polícia e o delegado de higiene. Ao que tudo indica, ao segundo caberia constatar se o condutor havia aprendido a não jogar papel de bala em via pública.

Na época, não havia um órgão regulador de trânsito. As carteiras continham um livretinho com regras e boas maneiras e eram entregues pela Câmara Municipal. Dentre as leis, datadas de 1924, e que mudaram completamente com o passar dos anos, uma determinação muito importante era de que nos lugares estreitos, ou onde houvesse aglomeração de pessoas, a velocidade não poderia passar de “um homem a passo”. O documento não especificou se seriam passos curtos ou longos, mas deu a entender que, em alguns momentos, seria mais conveniente ao motorista deixar o carro por ali e chegar ao seu destino a pé mesmo.
Tudo bem, os carros na década de 20 não eram o que se podia chamar de possantes, mas algumas leis impediam, terminantemente, seus condutores de deitar o cabelo. Em 1928, a velocidade máxima era de 30km/h. Em lugares habitados, o limite caía para 20Km/h. Já no centro da cidade, um veículo não podia ir além dos incríveis 12Km/h. Dependendo do número de pessoas dentro do carro, o Presidente da Câmara – Coronel Erasmo Cabral – deixava claro que era conveniente ao condutor que reduzisse ainda mais a velocidade. Quanto às proibições, o ma-nual previa que o motorista estava terminantemente proibido de saltar do veículo com o mesmo em movimento. Pode isso, Arnaldo?

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Empório de Notícias - Edição 50 - 1 de fevereiro, nas bancas!


Edição Imperdível do Empório de Notícias. Neste número:

- A vida de fé, garra e conquistas de Luiz Donato (Entrevista de duas páginas)
- Joaquim Ferreira e o dom do Artesanato em Couro (Casa de Couro São José)
- Conheça a trajetória do estimado "João dos Churros"
- Sinhá Moreira e sua tradicional Festa das Jabuticabas
- Confira as fotos dos melhores momentos da Ambévis 2012 (Um aniversário com cara de Festival)
- Haidée Cabral e a história dos antigos carnavais (Como surgiram os Blocos)
Conheça a Fantástica Lenda do Chapeludo da Avenida João de Camargo (Por Ivon Luiz Pinto)
Exclusivo: Caio Nelson acusa Ivan Kallás de atrapalhar a Aeronáutica Santarritense.
Cochilou o cachimbo cai! Uma homenagem ao querido professor Justino.
Para finalizar: Um conto super hilário de Nídia Telles

Não dá pra perder este número!  
Dia 1 de fevereiro, corra nas bancas ou
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(35) 3471 3798 ou emporiodenoticias@hotmail.com
Assinatura para Santa Rita: 35 Reais (Anuais)
Assinatura para outras localidades: 55 Reais (Anuais)

Ainda dá tempo de se inscrever no ETE Ensino Médio!

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Última semana para se inscrever no Vestibular de Verão do Inatel

As inscrições para o Vestibular do Inatel terminam nesta sexta, dia três de fevereiro. Os candidatos devem se inscrever no site www.inatel.br/vestibular. As provas acontecem no sábado, dia quatro de fevereiro. O Inatel oferece sete cursos de graduação: Engenharia Biomédica, Engenharia da Computação, Engenharia de Telecomunicações, Tecnologia em Redes de Computadores, Tecnologia em Automação Industrial e as novidades deste ano, Tecnologia em Gestão de Telecomunicações e Engenharia de Controle e Automação. Os cursos de engenharia têm duração de cinco anos, em período integral. Já os cursos de tecnologia são noturnos, com duração de três anos.
Alunos durante o Vestibular Inatel 2012 realizado em dezembro do ano passado, o Vestibular de verão acontece neste sábado para preencer as vagas remanescentes dos cursos de graduação
O novo curso de Tecnologia em Gestão de Telecomunicações que é uma das novidades este ano começou no dia 25 de janeiro. As aulas dos demais cursos começam na próxima segunda, dia seis de fevereiro.

RITO DE ENTRADA

No início do semestre, novamente os calouros serão recepcionados com o Rito de Entrada que promove diversas atividades de integração para os novos alunos, entre elas, o Curta Celular que desafia os estudantes a criarem vídeos temáticos de curta duração gravados por meio de celular. O Rito de Entrada contará também com palestras, passeio guiado pelo campus, atividades esportivas e com a peça de teatro Darwin.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Santa Rita do Sapucaí - Sua história revisitada (Ivon Luiz Pinto)

 É muito bom quando a gente encontra pessoas com os mesmos sentimentos e com os mesmos propósitos que a gente tem. É como olhar no espelho e ver a mesma cara e o mesmo sorriso. Eu amo esta cidade com uma força mágica, profunda, e procuro servi-la com desprendimento e quando encontro pessoas que comungam esses ideais sinto fortalecer a esperança de dias melhores. A história desta cidade sempre despertou interesse em mim com o desejo de desvendar seus intrincados encantos ou entender o seu mistério. É como o menino que olha as estrelas e tem sonhos misteriosos.
 
Há algum tempo, recebemos de Adirson Ribeiro um  exemplar, autografado e com dedicatória, de seu livro “Santa Rita do Sapucaí: sua história revisitada”.É um trabalho de muita profundidade, com pesquisas em bibliotecas, jornais e arquivos particulares, e de entrevistas “ ouvindo também as pessoas mais vividas e experientes”, embora ele diga que é “ apenas um apaixonado pela história”. 

Em muitas ocasiões ele é didático, fazendo esquemas e desenhos como um professor que quer facilitar a aprendizagem. Noutros momentos é indagador, questionando a origem da imagem da Santa e o modo como se deu a doação das terras para a Capela de Santa Rita, chegando a afirmar que “Manoel José da Fonseca, sua mulher Genoveva Maria Martins e seus citados filhos Antonio Manoel e Maria Rita não moravam nesta freguesia e, se por aqui estiveram, foi por pouco tempo”. Ele justifica toda a argumentação com documentos.
A obra do autor é muito interessante e desperta desejos de ir além, procurar mais. Como ele mesmo afirma, “não é um trabalho fechado. Está sujeito a outros olhares, a novas explicações.”

O amor contamina o coração e o deixa alvoroçado como uma criança em presença de uma caixa de bombons. A pessoa que ama não mede esforços para conseguir o seu objetivo e foi isso que percebi na persistência e dedicação do amigo Adirson com referencia à História de nossa cidade.

É, na verdade, um revisitar, um novo olhar, uma nova perspectiva sobre os acontecimentos que levaram a essa fundação. Perspicaz, arguto, inteligente, ele lança indagações, como o arqueiro que, em combate, quer atingir vários pontos.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Entrevista com o querido Padre Furusawa

Quem conhece pessoalmente o Pe. Furusawa sabe da sua grandeza, conhece sua humildade e a dedicação ao bem comum. Esta entrevista foi realizada em outubro de 2011 pelo INATEL e gentilmente cedida à ETE FMC. Fica aqui a homenagem ao Pe. Furu, que tanto contribuiu para o nosso crescimento.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ricardo e seu Puma preto

Em 1980 eu tinha o forte desejo de pintar meu carro para preto e isso faria dele o primeiro Puma preto do Brasil. Eu o mentalizava preto. Numa viagem de Belo Horizonte para Santa Rita do Sapucaí, a última coisa que fiz em BH foi um orçamento de pintura. Só que, na viagem, eu capotei o carro.

Antes de entrar na curva fatídica, eu parei para dar carona no trevo ao terceiro ocupante, um colega da faculdade de codinome Gasolina (imaginem...rs). No trajeto, o Gasolina disse ser seu aniversário e eu, em alta velocidade, virei para cumprimentá-lo. Ao voltar a olhar para a frente, pensei: - Que bom, meu Deus, que você me guia, pois o que eu faço de bobagem... Ao entrar na curva, um matuto atravessava bêbado a estrada e, ao desviar dele, o carro derrapou. Eu fui o único que ficou dentro do carro que estava com a capota abaixada. Foram 50 metros de descida, numa altura de aproximadamente 15 metros - descendo capotado! Felizmente nada sofri, nem escoriações nem cortes, nada. Apesar de, após o acidente, eu ter imaginado que estava desfigurado, pois meu rosto veio arrastando no chão. Incrível, não é? Explico. Havia um alto capinzal que cedeu e cobriu a terra fazendo um escorrega para o carro deslizar. Esse mesmo capim protegeu meus dois amigos que nada sofreram. Aliás, até que eles descessem ao local do acidente e me respondessem, eu fiquei apavorado pensando que eles estivessem mortos ou debaixo do carro que perdeu a capota ao bater num cupinzeiro. Se o carro avançasse sobre o cupinzeiro, eu seria esmagado, pois estava dentro do carro. Nesse impacto com o cupinzeiro, a parte da frente do carro, praticamente, foi arrancada, assim como foi arrancado o tanque de combustível e o capô traseiro, durante a descida.

“Você sempre poderá dizer quem é um vencedor pela maneira que age quando as coisas não vão indo bem” - Hilton Johnson
Enfim, para quem queria um carro pintado, vê-lo todo destruído foi muito frustrante. Foi nessa hora que olhei para cima e, sem questionar, agradeci ao “Cara”.
Quando o Gasolina chegou, perguntou:
- Ricardo, por que você não joga sua placa no jogo do bicho?
Olhei surpreso para ele que se justificou:
- Hoje não é meu aniversário?
- É, Gasolina, dia inesquecível (com deboche).
- Hoje não é 29 de março?
- Sim, e daí?
- A placa do carro é 3329. Então, 29 de março!
 
Era o que eu precisava. Não vacilei. O acidente fora por volta das 14hs. Assim que o carro foi removido com o reboque, ao olhar incrédulo dos que passavam pela estrada à procura dos mortos, corri para fazer o meu primeiro jogo do bicho.

Não peço que acreditem, mas tudo o que afirmo pode ser comprovado. Resultado: 5329

Como eu joguei minhas reservas de estudante e trabalhador na época (talvez equivalente a R$ 1000 hoje), ainda que não tivesse acertado exatamente o milhar, o que ganhei no bilhete montado pelo bicheiro foi o suficiente para pagar o conserto do carro que não estava segurado! Agora o mais incrível: o dinheiro deu para uma reforma completa e pintá-lo de preto!
Retirado do blog: http://supere-se.blogspot.com
(Depoimento de Ricardo Guimarães)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O fim de um incrível mistério

 Dentre as diversas engenhocas em exposição no Espaço Anchieta (ETE FMC), uma delas foi apresentada como “a primeira televisão em cores da cidade”, mas ninguém tinha ideia de onde ela havia surgido. Até então, mesmo com as intrincadas pesquisas sobre as características do aparelho e de seu inestimáVel valor histórico, não havia um único cristão que soubesse dizer quem havia comprado aquela verdadeira maravilha do mundo moderno. Neste mês, no entanto, recebemos uma mensagem do amigo David Kallás que pôs fim a esse mistério que tirava o sono de milhões de santarritenses, sedentos por aquela preciosa informação.

Ele nos contou que o televisor foi comprado no ano de 1972 pela senhora Nabirrha Murad Kallás, na Casa Jandari, de propriedade de Jorge Anderi. Em uma fotografia da época, captada com uma Polaroid Colorpac 80 comprada na Argentina, Cristina Kallás e Maria (irmã de um atual funcionário da prefeitura chamado José Pedro) posam ao lado daquela extraordinária invenção valvulada. Com essa gloriosa inovação tecnológica, nunca mais a estimada família Kallás precisou colocar papel celofane na tela do televisor para ver colorido. Bastava esperar o aparelho esquentar 5 ou 6 minutos para que a imagem ficasse um verdadeiro cinema!

Por volta de 1980, ao adquirir um novo televisor equipado com um prático controle remoto com fio, dona Nabirrha presenteou o Senhor Narra Reseck com o antigo aparelho que passou a decorar sua sala e abrilhantar ainda mais o horário nobre.

Hoje, os fanáticos pelas tecnologias do passado ainda podem se encantar com a qualidade impressionante desse poderoso aparelho recoberto com madeira de lei. Basta visitar a “Mostra dos 50 anos”, nas dependências da ETE, e retornar a uma era em que Cid Moreira era loiro e Ronye Von “o príncipe da Jovem Guarda”.

Confira o que rolou na Chopperia Castelinho, neste final de semana (19 A 21 de janeiro)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O saudoso amigo Adirson Ribeiro desvendou as origens de Santa Rita do sapucaí

A visita

No dia 21 de novembro de 2009, sábado, recebemos a visita do amigo Adirson Ribeiro que nos surpreendeu com a notícia de que havia terminado a tão esperada obra “Santa Rita do Sapucaí. Sua história revisitada”. Mesmo sem ter conseguido patrocínio para produzir o livro, o históriador encadernou alguns exemplares e nos presenteou com uma pesquisa de inestimável valor. A cada página, constatamos uma nova revelação sobre as origens de nossa cidade. Através de documentos colhidos em diversos locais da região, Adirson traçou as diretrizes de nossa fundação de uma forma nunca feita antes. Um verdadeiro achado para a cultura santarritense.

A seguir, apresentamos algumas linhas retiradas deste importante livro. Prepare-se para se transportar a um tempo em que Santa Rita do Sapucaí ainda nem pensava em existir. Viaje nessas linhas que nos transportam às origens de nosso povo.

A doação

A fazenda mais próxima do local onde seria, por vontade do casal português, construída a capela de Santa Rita era do Capitão Braz Fernandes Ribas, denominada Água Limpa do Vintém e situada no “Vintém do meio”. Hoje, parte do local é ocupado pelo “Pesqueiro Tô a toa”. É comprovado que havia nessa fazenda uma capela com pia batismal e um oratório com uma imagem religiosa que, acredita-se, seja a Santa Rita primitiva que está em nossa Matriz.

Os pioneiros

Quando isto tudo ainda era sertão, os padres vindos de Santa Catarina - hoje Natércia – ou de Campanha, hospedavam-se ali ou em outras fazendas da região munidas com oratórios, onde aconteciam os casamentos, batizados e outros ofícios religiosos.

Durante uma visita à Fazenda Água Limpa do Vintém, de propriedade do Capitão Braz Fernandes, Manoel José da Fonseca e sua mulher Genoveva Maria Martins contaram sobre a doença de Manoel, de sua cura e da vontade de doarem terras em agradecimento a Santa Rita de Cássia, de quem eram devotos. O casal de portugueses não morava por aqui, como muitos contam. Eles estavam de passagem.

A carta de doação

Não há dúvidas de que, para esta decisão importantíssima do casal, tenham participado decisivamente os senhores Capitão Braz Fernandes Ribas, Capitão de Ordenanças Manoel Joaquim Pereira e o Alferes José Vieira da Fonseca que, naquele momento, havia fixado residência na vizinha “Freguezia do Senhor Bom Jesus de Pouso Alegre”, vulgarmente chamada de “Mandu”.

Aproveitando a permanência de Manoel por estas bandas, combinaram, então, em comum acordo, de marcar uma data para a importante doação, convidando a estar presentes várias personalidades do lugar, quase todos proprietários rurais, no dia 2 de maio de 1821.

Através da análise de documentos da época, o historiador Adirson Ribeiro relatou que a área doada pelo casal Português começava na Barra do Ribeirão do Mosquito, onde hoje encontra-se o prédio do Banco do Brasil, e havia um rancho para tropeiros viajantes, apelidado de “Rancho do Mosquito”. Há quem diga ter sido ali a residência do casal de Portugueses. O terreno ultrapassava o Rio Sapucaí, até a Avenida Francisco Andrade Ribeiro, à altura do número 589 onde havia uma porteira que dava acesso à grande Fazenda Pouso D’Antas, do Alferes Antônio Manoel da Palma e seus familiares. As terras também desciam o leito antigo da ferrovia, até a serrinha, avançavam novamente sobre o Rio Sapucaí, enveredavam por grande várzea alagadiça (Fernandes) até chegar à encruzilhada com Jerônimo José. De lá, seguia pela “Rua da Pedra” afora até a E.E. Dr. Delfim Moreira, donde retornava ao ponto de partida (Banco do Brasil).

As personalidades

Adirson também faz um relato sobre a biografia das principais personalidades presentes no ato da doação. Através de uma análise profunda dos documentos de época, o escritor traçou um perfil detalhado de nossos primeiros colonos. Veja algumas informações interessantes que encontramos em seu livro:

Capitão Braz Fernandes Ribas

Nascido em 1774, era proprietário da Fazenda Água Limpa do Vintém, localizada às margens do Ribeirão que lhe deu o nome. Foi sepultado aos 74 anos, dentro da Igreja de Santa Rita que ajudara a construir. Em uma conversa informal, Adirson nos contou que a base da primeira igreja ainda existe debaixo da Matriz e que foi vista pela última vez por ocasião de sua reforma. Durante tais escavações, ele também afirma que viu os ossos dos primeiros colonos serem retirados da igreja e depositados no ossário do cemitério municipal.

Ribas foi um dos que assinaram como testemunha o documento de doação das terras pelo casal português. Talvez, em sua memória, tenha sido conservado o nome do lugar “Santa Rita do Vintém”, até por volta de 1850, pois foi na sua fazenda que tudo começou.

Alferes Antônio Manoel da Palma

Integrou o “casal tronco” da família Palma em Santa Rita do Sapucaí. Faleceu no dia 6 de julho de 1863 e foi sepultado dentro da igreja. Adirson nos contou que os habitantes mais importantes foram sepultados dentro da igreja e que os demais foram sepultados em um cemitério que se localizava onde hoje está o Restaurante “Na Lenha”.

O Alferes era o proprietário da Fazenda Pouso D’Antas. Afirma-se que, de sua fazenda, podem ter sido retiradas as pedras para a construção das antigas casas da praça e também da primeira igreja.

Alferes José Vieira da Fonseca

Nascido em 1797, era natural de Pouso Alto. O Alferes é considerado pelo historiador Adirson como o artífice da construção de Santa Rita do Sapucaí e de Santa Rita do Passa Quatro.

Capitão de Ordenanças Manoel Joaquim Pereira

Abastado senhor de tropas, comercializava entre o Rio de Janeiro e o Sul de Minas. Era fazendeiro na região do Córrego Piedade, ao sopé da Serra de Santa Rita, divisa com São Sebastião da Bela Vista. Comprou muitas terras por aqui. Algumas encontram-se, ainda hoje, nas mãos de seus descendentes. Faleceu no dia 9 de fevereiro de 1851 e também foi sepultado no interior da Capela de Santa Rita.

Manoel João Pereira de Lima

Membro da família Pereira, foi solicitado pelo casal português a redigir o documento da doação das terras denominadas “Mosquito”. Também assinou como testemunha. Era vizinho de terras do Capitão Braz Fernandes Ribas.

Tenente José Joaquim Ribeiro do Valle

Trisavô do historiador Adirson, nasceu em 1782 e faleceu em 1840. Era possuidor de grandes extensões de terras que seguiam à direita do Rio Sapucaí, iam de Santa Rita a Pouso Alegre, dobrando a serra em direção aos bairros “Furnas”, “Perobas” e adjacências.

Manoel José da Fonseca e Genoveva Maria Martins

O historiador Adirson afirmou que pesquisou muito sobre que o casal português, mas que não conseguiu muitos elementos. Segundo seus levantamentos, eles não moraram nesta “Freguezia” e, se o fizeram, estiveram aqui por muito pouco tempo. Segundo constatou, os portugueses viviam na cidade de Pouso Alto, tinham vários parentes por essas paragens e eram donos de uma gleba de terras que consistia de “uma colina cercada de pântanos, de baixo valor”.

A Capela

A capela de Santa Rita não foi erigida pela viúva Genoveva Maria Martins como dizem alguns historiadores, mas, sim, pelos procuradores da “Senhora Santa Rita” e pelos moradores do arraial sob a administração de Braz Fernandes Ribas, de seu vizinho e amigo Capitão Manoel Joaquim Pereira e do Capitão Feliciano José Pereira de Souza.

O primeiro cemitério

Quase todos os cidadãos presentes no ato da doação foram sepultados dentro da capela de Santa Rita, conforme livro de óbitos de nossa igreja. Veja o trecho do documento que comprova esta afirmação: “Aos 22 de maio de 1848, dentro da igreja, do arco para baixo, foi sepultado o capitão Braz Fernandes Ribas, morador do vintém, com 74 anos de idade. Morreu hidrófobo, envolto em pano preto.” Vale ressaltar que não existe documento algum que comprove que o casal português foi enterrado junto com os demais. Isso leva a crer que eles não foram sepultados aqui.

A primeira missa

Segundo afirmou o Monsenhor José Carneiro Pinto, em um trabalho feito pelo Cônego Aristides de Oliveira, “a primeira missa da cidade foi realizada no dia 22 de maio de 1825, na capela de Santa Rita, pelo Padre Mariano Accioli de Albuquerque”.

Um trabalho que precisa ser reverenciado

Este é um pequeno resumo do importante trabalho realizado por Adirson Ribeiro. Em sua obra existem muito mais informações relevantes e que precisam ser divulgadas para a manutenção da história de nosso município. Esperamos que tais informações possam despertar o interesse público, a fim de que seu trabalho possa ser produzido e divulgado em benefício das futuras gerações. Ao autor, nossos parabéns pelo grande esforço que empreendeu e a gratidão por nos oferecer elementos tão relevantes para o levantamento de nossas origens.
(Carlos Romero Carneiro)

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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Lanchonete Dona Regina. Experimente!



Secretário de Obras pede Demissão da Prefeitura

 
Saiba, através de uma reportagem da Difusora Santarritense, notícias a respeito da demissão do Secretário de Obras Daniel Teixeira. Teria algo a ver com a "Rampa da Inacessibilidade" construída em torno da praça e que provocou acidente grave com uma moradora? Em uma administração sem obras como foi a do Prefeito Paulo Cândido, antes deixasse esta Pasta sem secretário. Economizaria o dinheiro público.
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O exemplo de vida da empresária Lucimara Gonçalves

Com quantos anos você começou a trabalhar?

Meu primeiro trabalho foi na Real, como aprendiz de luveiro. Naquela época, você podia assinar carteira com quatorze anos, mas eu comecei sem carteira assinada, aos treze. Ganhava meio salário para trabalhar das 7 da manhã às 5 e meia da tarde. Eu fiquei lá por três anos e oito meses, até que a empresa começou a sofrer uma queda na produção. Naquela época, era muito difícil conseguir serviço na cidade e eu precisei me mudar pra São Paulo para ajudar minha mãe em casa.

Você conseguiu trabalho na capital Paulista?

Consegui. Fui recebida com muito carinho por minha tia e primas, por quem sou grata até hoje. Trabalhei no comércio em serviços financeiros e pizzaria, decidi voltar por que estava preocupada com minha mãe. Quando cheguei a Santa Rita fui contratada pela MCM – sem qualquer experiência - como auxiliar de montagem. Foi o Marinho quem me indicou para o serviço e com quem aprendi a trabalhar com eletrônica. Sou grata ao João Marcos Franco pela oportunidade, até então, eu só tinha trabalhado com luvas e comércio. Depois de quase quatro anos, a TDA chegou à cidade e começou a contratar uma grande quantidade de profissionais. Foi aí que eu mudei de empresa e conheci minha sócia a Eliane.

E o salário era bom?

Para conseguir pagar as contas era preciso complementar a renda. Em outras palavras, fazer o famoso bico. Foi aí que Eliane e eu conversamos: “Acho melhor fazermos algo diferente para ganhar um dinheirinho a mais.” Nós ficamos imaginando como agregar um pouco mais ao salário e pensamos em várias coisas: comprar roupas em São Paulo, vender salgado... Na verdade, nós não tínhamos ideia do que fazer. A única coisa que sabia era que eu precisava ajudar minha família e ela a dela. Eu era a irmã mais velha e ela estava com problemas de saúde. Era aquela luta.

E qual foi a saída que você encontrou?

Entre 98 e 99, virou uma febre pegar plaquinhas nas empresas e levar pra soldar em casa. Todo mundo fazia isso e decidimos tentar também. Depois do expediente, nós batíamos na porta das empresas e pedíamos serviço. Quem nos deu o primeiro lote foi a Eletrovale. Saíamos às cinco e meia da empresa e corríamos pra casa para montar plaquinhas. Depois de algum tempo, começamos a ter uma grande quantidade de serviço, porque a TDA começou a pedir hora extra. Então nós trabalhávamos das sete da manhã às oito da noite na TDA e depois ficávamos até uma hora da manhã soldando componentes em casa.

E como vocês davam conta?

Coincidiu o lote que pegamos com a hora extra da firma, mas tinha que fazer o serviço. Precisávamos soldar soldar 400 transmissores e 120 sensores e, para isso, a mãe e o pai de Eliana nos ajudavam. A Dona Cecília (Avó da Eliana) também trabalhava conosco. Eles passavam o dia montando os componentes e, de noite, a gente só chegava pra soldar.

A experiência valeu a pena?

Foi muito gratificante pra nós. O senhor Geraldo Taxista (pai da Eliana) Dona Isaura (mãe da Eliana) e dona Cecília (avó da Eliane) me disseram uma vez que este projeto não permitiu a eles viver em vão. Era bonito ver o capricho com que eles embalavam os produtos.

Você continuou nesse pique?

No momento seguinte, a TDA fechou-se e eu e a Eliana começamos a trabalhar das seis da manhã às duas da tarde na Metagal que, na época, tinha apenas 18 funcionários. Nós precisamos abrir mão do seguro desemprego, mas ainda assim foi uma maravilha: nós estávamos registradas e ainda tínhamos o resto do dia inteiro para soldar plaquinhas. Um dia, fui pedir trabalho na JFL e o Fernando ficou satisfeito por eu saber separar os lotes. Ele gostou tanto do meu trabalho que até pediu para que eu ficasse na empresa e eu aceitei.

Você ficou na JFL por quanto tempo?

Um ano e oito meses. Eu trabalhava dentro da empresa separando os lotes e depois soldava plaqui-nhas em casa. Quando a demanda começou a aumentar muito eu não estava mais conseguindo fazer os dois. Nós tínhamos três pessoas de idade avançada trabalhando em uma bancada improvisada e não queríamos sobrecarregá-los. Foi aí que eu contratei uma pessoa e tirei uma grande parte do trabalho deles. A brincadeira tinha começado a ficar séria.

E você aguentou essa rotina?

Chegou uma hora que eu falei para o Fernando: “Eu não sabia que iria chegar a esse ponto, mas eu não estou aguentando trabalhar aqui e depois em casa até uma hora da manhã. Quando eu saí, a JFL continuou me apoiando. Nós, então, registramos firma, contratamos os primeiros funcionários, compramos nossa primeira máquina e chegamos a ter 50 funcionários.

Atualmente você tem quantos colaboradores?

Hoje, com 13 anos de empresa, estamos com 36 funcionários.

Qual é o maior desafio da L.E. Eletrônica hoje?

Precisamos de uma sede própria para aumentar a quantidade de funcionários. Depois disso, desejamos patentear algum produto. Faz oito anos que eu luto por um barracão. Não conseguimos construir até hoje, mas estamos juntando algum dinheiro.

O que tem acontecido?

Nos idos do ano de 2001, fui contemplada com a doação de área de terreno (498 metros quadrados), sendo que tinha, no total, 18 (dezoito) meses para início e término da construção. Na época precisei tomar uma decisão: comprar uma máquina de solda ou continuar atendendo meu cliente majoritário, com a solda estática. Então, o que faria? Construiria? Compraria a Máquina de Solda? Optei pela Máquina! Era uma questão de sobrevivência. Não apenas a minha, mas a de 18 (dezoito) funcionários e famílias que trabalhavam comigo. Em 2001, não consegui dar seqüência na obra porque fiz o investimento na máquina de solda e devolvi, ainda que verbalmente, o terreno à Prefeitura. 

Em 2004, voltei com a solicitação do terreno e, novamente, fui contemplada com aprovação da Câmara dos Vereadores. Porém, a promulgação da Lei de Doação nem chegou a sair. Por quê? Porque, em seguida, descobri uma grave e terrível enfermidade. Um tumor cerebral de grande proporção, cuja marca ainda se percebe-se facilmente em minha cabeça. Pronto... Era outra vez a luta, não apenas o trabalho, mas também  pela própria vida, manter-me viva. Era uma questão, literalmente, de vida ou morte e o Deus Todo-Poderoso em quem creio optou pela vida. ELE fez isso usando, como também creio, os meios ordinários, isto é: os médicos, no meu caso, o Dr. Vander, neurocirurgião... Não foi de graça, embora tenha sido uma Graça...  Para não morrer fui submetida a uma cirurgia de quase 11 horas. Claro! Por não ser feita em Santa Rita, tive que ir para Pouso Alegre, e, precisei arcar com todas as despesas médicas e cirúrgicas. Fiquei sabendo que minha vida estava avaliada em R$ 18.000,00 (dezoito mil reais). É óbvio que eu não tinha os recursos... Como fiz? Na época (2004), a JFL emprestou todo o dinheiro, e, até hoje, e, para sempre serei grata...

Conclusão: Não pude nem pensar em construir, naquele tempo precisa me reconstruir. Não foi fácil, mas pela Graça de Deus, foi possível, estou viva e com alegria trabalho todos os dias as horas que forem necessárias na empresa que, hoje, tem 36 (trinta e seis) funcionários, famílias... Então retornei à Prefeitura em 2005 e fiz a devolução do terreno, outra vez, verbalmente, mas o fiz, e sempre com muita segurança em minha consciência de fazer as coisas corretamente.

Os anos se passaram, e, pensei: o Aluguel está cada vez mais caro em nossa cidade. Então, voltei à Prefeitura no ano de 2009 e pedi o terreno novamente e, mais uma vez, fui contemplada com a aprovação da Câmara dos vereadores com o mesmo terreno. Procurei várias formas de financiamento. Queria, desejava e precisava da obra do barracão para crescer, mas não tive sucesso. O Banco justificou que era por causa de tal artigo... Com a disposição e aprovação da Câmara dos Vereadores, a Prefeitura manteve todas as demais condições estabelecidas pela Lei Municipal 2001m juntamente com uma prorrogação do prazo de construção. Mesmo assim, com toda documentação da empresa e prefeitura em dia, ainda não obtivemos uma linha de financiamento.

Oferecimento:

Reunião dá início ao projeto "Nagivale" e consolida a posição da FAI na área de gestão.

Cinquenta empresas do APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí (MG), juntamente com as incubadoras Municipal, do Inatel e a Incit, de Itajubá, serão diretamente beneficiadas com o projeto "Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação do Vale da Eletrônica (Nagivale)".
Fomentado com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o projeto será gerenciado pela Fundação Educandário Santarritense (FES) e executado pela FAI em parceria com a USP e o Sindvel.

As empresas que aderirem ao programa serão contempladas com um diagnóstico, um curso de capacitação e um plano de gestão da inovação baseados na metodologia já consagrada pelo Programa de Gestão Tecnológica da USP, instituição co-executora do Nagivale.

A parceria FAI/USP envolve ainda a transferência de conhecimento entre as instituições e o envolvimento de 50 alunos de graduação que atuarão como agentes de inovação, supervisionados por 10 professores da FAI.

Após a assinatura do convênio pelos participantes - Finep, FES, FAI e USP - foi realizada no campus da USP, na última terça-feira, dia 13 de dezembro, uma reunião inicial para planejamento das ações e definição das equipes que atuarão em conjunto no projeto a partir de janeiro de 2012.

Para a coordenadora executiva do projeto, professora Sandra Carvalho, esta parceria com a USP trará muitos frutos para a FAI e para o Vale da Eletrônica e consolida ainda mais a posição da FAI na área de gestão, tendo sido possível graças à credibilidade e excelência da FAI demonstradas nos conceitos obtidos junto ao MEC e que a coloca entre as 8,4% melhores instituições de ensino superior do país.

Bidi/FAI

Para o diretor da FAI, professor José Cláudio Pereira, coordenador geral do projeto Nagivale, a aprovação deste projeto pela Finep comprova o elevado nível de capacidade de articulação e apresentação de propostas impactantes que a FAI/Bidi - Bureau de Informação, Desenvolvimento e Inovação possuem e estão aplicando diretamente em favor do desenvolvimento do APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí, como fruto da parceria existente com o Governo de Minas, por meio da Sectes e Fapemig, que mantém o projeto BIDI sediado na FAI e operacionalizado por seus professores e bolsistas.
Texto e foto: Ascom FAI.

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Santarritense reclama de mal atendimento da Viação Santa Cruz em Rede Social

Sou um usuário da linha de ônibus Itajubá x São Paulo. Uma vez por semana eu viajo pela Viação Santa Cruz. Infelizmente ela é a única que faz esse tansporte em minha cidade. Nessa semana, cheguei à rodoviária às 10:20 do dia 17/01/2012 pra retirar uma passagem pra São Paulo. O horário de saída do ônibus era às 10:30 e tinha ainda 10 minutos para comprar a passagem. No guichê, a atendente estava ao telefone, como sempre, e o ônibus ficou parado no terminal rodoviário de Santa Rita do Sapucaí.  Eu falei pro senhor motorista: "Vou retirar uma passagem. Me aguarde 2 minutos. Isso era 10:24 e a atendente continuava no telefone. Quando olhei pra traz, o motorista, Flávio, tinha ligado o ônibus e já estava saindo. Eu fui até o onibus e falei pra ele me dar mais 1 minuto (10:25), mas ele nem me deu ouvido. Ele saiu com o ônibus e me deixou pra traz. Tive que me deslocar para uma cidade vizinha, Pouso Alegre, para embarcar em um novo horário. Infelizmente só tem esta empresa em minha cidade para viajar de Santa Rita do Sapucaí  para São Paulo, Peço às autoridades que tomem providências e abram novas licitações a empresas que queiram fazer este trajeto, pois sei que, uma pessoa a mais ou a menos, não vai fazer diferença para a Viacão Santa Cruz . Infelizmente é assim: um descaso total.

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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Cenas de um casamento em Santa Rita do Sapucaí




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Nem só de drama se faz uma revolução (Da Obra de Haidee Cabral)

Soldados Paulistas chegam à estação.
Quase um ano havia se passado quando surgiu o boato de que havia “estourado” uma revolução. Os rapazes de Santa Rita, inflamados pelo nacionalismo, colocaram lenços vermelhos no pescoço e saíram marchando pela cidade como voluntários para lutar na revolução. No entanto, os arroubos de valentia desapareceram tão logo souberam que os paulistas estavam em marcha para ocupar as cidades do sul de Minas. Foi um corre-corre das famílias que, temendo o pior,deixaram suas casas às pressas para se alojarem nas fazendas. Os corajosos voluntários sumiram logo. As alunas internas da Escola normal depois me contaram que saíram todas correndo e se refugiaram em uma fazenda. A pressa foi tanta que saíram somente com as roupas do corpo e tinham que lavar suas peças íntimas no “rego”, quer dizer, no córrego, todos os dias.

A cidade ficou praticamente entregue às traças. Somente alguns poucos como meu pai e o Dr. Antenor insistiam em ficar, pois achavam que não havia perigo algum. Os dois se aproveitavam da cidade vazia, perambulando pela praça, fazendo xixi nos jardins e rindo do medo descabido dos conterrâneos. Meu pai era um homem alegre e brincalhão que não perdia o rebolado nas mais difíceis situações. Continuava, normalmente, os seus afazeres.

Um dia, ao caminhar até o centro telefônico, descobriu que o mesmo havia sido ocupado pelos paulistas. Sem a menor cerimônia, perguntou se podia fazer uma ligação para o Rio e, ao ser questionado por um dos soldados sobre onde eles poderiam conseguir alguns víveres, respondeu com presteza e educação, o que quase lhe rendeu cadeia. Papai fora acusado de ajudar o inimigo.

Meu avô Cleto, muito temeroso da Revolução, foi um dos primeiros a sair da cidade levando a família para o seu sítio que ficava no bairro dos balaios. Deixou sob nossa responsabilidade o trato das galinhas de minha avó e de seus passarinhos. Diariamente, fomos até a casa vazia cumprir nossas obrigações, mas um dia, ao colocarmos a chave na fechadura, nos deparamos com um grupinho de soldados paulistas. Eles se aproximaram e perguntaram:

- O que a moça bonita está fazendo aí? Não consegue abrir a porta?

Eu, tremendo de medo, não consegui nem achar a fechadura, mas eles apenas sorriram para nós e se foram. Quando estávamos para sair, olhamos para a greta da janela e vimos outro grupo passando na praça. Com medo, ficamos quietinhos e esperamos que fossem embora para sairmos. Alguns dias depois, ao irmos novamente à casa da vovó, vimos virar a esquina um soldado paulista. Tremíamos como varas verdes mas, ao invés do pior, ele veio foi me oferecer um cravo vermelho. Eu, meninota, nunca tinha ganhado flores antes e achei aquilo uma beleza!

Cheguei em casa com o cravo e contei feliz da vida o acontecido para minha mãe que, apavorada, ouviu minha história. Os amigos que ainda restavam na cidade, estavam a convencer meu pai sobre os perigos que duas crianças corriam ao caminharem sozinhas na cidade sitiada pelo inimigo. A eles, agora, se juntava minha mãe, que não podia nem pensar nos riscos que a filha poderia correr. Fomos, então, levados pelo meu pai para o sítio do meu avô. Meu pai apenas nos deixou lá e voltou em seguida à cidade, para desespero da esposa.

A casa do sítio, que não era muito grande, não tinha mais como comportar tantas pessoas. Estava apinhada! À noite, colocávamos colchões e cobertores no chão e deitávamos todos enfileirados. Não tinha nem onde pisar. Era um tapete humano! Em um dos cômodos ficavam as mulheres. Em outro, os homens e os meninos. Toda noite, aparecia alguém a pedir pouso, o que só aumentava o número de pessoas na casa.

Um dia, apareceu um senhor amigo e pediu pouso somente para uma noite, pois estava a caminho de ou-tras cidades. Na casa, não tinha mais onde ficar e o senhor instalou-se para dormir junto da meninada. No meio da noite, o Heitor deixou escapar um “pum”e um menino outro... foi uma sinfonia. O tal senhor sentou-se no colchão e com sua fala fina, disse:
- Será opilado ou metralhadora?
Foi uma gargalhada só. Todos acordaram. Até as mulheres que estavam no outro quarto. Nunca mais nos esquecemos disso e meu irmão contava a história em todas as rodas.
Quase ao final da revolução, uma tropa de mineiros, perto de Piranguinho, encontrou-se com outra tropa aliada. Como estava muito escuro, pensaram que se tratava do exército inimigo e abriram fogo. O episódio virou chacota e, depois disso, sempre que ia a São Paulo meus primos paulistas faziam questão de lembrar.

Ao término da revolução, a volta dos paulistas acontecia pela Rede Mineira de Viação e era um acontecimento para as mocinhas da cidade, que não perdiam a oportunidade de flertar. A cada notícia de que os soldados paulistas vinham nos trens, saíamos a correr da sala de aula até a estação à espera dos soldados. A professor, muito sem graça, não teve como chamar nossa atenção, por cabularmos aula. Desde então, fizemos o que nos dava na veneta.

Numa outra ocasião que fui à estação para vê-los, me deparei com um advogado muito amigo da família.O trem parou e um rapaz muito bonito, que estava a bordo, começou a me olhar. Vendo o interesse do moço, eu mostrei o dedo anular em um gesto para descobrir se ele era casado. O amigo advogado, que estava ao meu lado, vendo o gesto que fiz,  morreu de rir e, a partir desse dia, todas as vezes que ele se encontrava comigo na rua, fazia o mesmo gesto e ria muito.

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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O garoto Juca

(Matéria publicada na edição número 6 do Empório, de 2008)

Ailton Marcelino é mais conhecido como Juca. Ele trabalhou nos Correios por mais de 35 anos e, por percorrer grande parte da cidade todos os dias, acabou conquistando a simpatia dos santarritenses. Nesta edição do Empório, você conhecerá um pouco de sua vida e de suas histórias. Só é preciso ter pique par acompanhar seu ritmo.

Juca tem 62 anos de idade e uma saúde impressionante. Todos os dias, ele percorria aproximadamente, 18 quilômetros para entregar centenas de correspondências dos habitantes da cidade sem nunca perder o pique. Conta-se que, um dia, foi fazer uma consulta e o médico, que não o conhecia,  disse que sua vida era muito sedentária e recomendou que ele caminhasse mais.  

Nos 35 anos que trablalhou nos Correios, Juca já passou por muitas aventuras, acumulou histórias e fugiu de muitos cães, indiferentes à sua nobre missão de fazer a cidade comunicar-se com o resto do mundo. Dentre tudo o que ele viu e passou, sua maior riqueza são os amigos que conquistou durante todos esses anos. Hoje em dia, é quase impossível algum morador da cidade não ter ouvido falar dele.

Em um encontro de estudantes da ETE, um ex-aluno foi saudá-lo depois de 20 anos que havia formado e ido para outra cidade. Juca fazia parte das boas lembranças que o antigo estudante havia acumulado dos tempos de escola.

Um fato que lhe causava grande alegria era quando ele ia entregar cartas no bairro Inatel. Em um tempo em que nem todo mundo tinha telefone, assim que ele se aproximava das repúblicas de estudantes já começava a gritaria: “Lá vem o Juca! Lá vem o Juca!”

Uma de suas grande paixões na juventude era a Escola de Samba Sol Nascente. Junto com Samuel, Luiz Carlos, Mauri e outros amigos, Juca ajudou durante muitos anos, a colocar a tradicional escola de samba na rua.

Outra paixão de nosso amigo, desde a infância, era o futebol. Ele conta que jogou durante muitos anos no futebol amador aqui da cidade, defendendo os times que eram formados no bairro em que ele morava. Aliás, Juca viveu durante muitos anos no bairro Rua Nova e hoje mora, com sua esposa e três filhos, no bairro Novo Horizonte.

Para finalizar, não poderíamos deixar de falar do samba. Afinal, ele já perdeu a conta de quantas vezes tocou surdo em rodas de samba organizadas no Restaurante do Peão ou junto com o maestro João do Carmelo. Com tanta história pra contar, por essas e outras que Juca será sempre, para todos nós, um grande amigo.

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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Você já conhece a Planeta Cell?

A vida de lutas e conquistas do comerciante Joaquim das Frutas

 Antes do sol nascer

Quem conheceu Joaquim Eleutério Rafael ainda se recorda quando o rapaz nascido em 1930, no bairro Bom Jardim, distrito de Cachoeira de Minas, passava com sua bicicleta, às quatro da matina, com verduras, frangos, queijos e outros produtos para negociar em Santa Rita do Sapucaí. Logo pela manhã, Joaquim da Frutas, como era conhecido, passava de porta em porta vendendo seus produtos e acabou conquistando uma grande freguesia.
O Antigo Mercado

Com muito esforço e cortesia, a carreira do jovem negociante começou a prosperar quando conseguiu alugar uma banca do antigo Mercado Municipal, bem ao lado do chafariz. Desde então, Joaquim comprou uma bagageira e começou a trazer arroz, feijão, milho e outros cereais adquiridos dos agricultores de Cachoeira. Por ser muito experiente no plantio, Joaquim arrendou um terreno e começou a plantar suas próprias verduras. Com tanta variedade de alimentos, não tardaria para que sua banca se tornasse uma das mais completas da cidade.
Bons ventos

Quando a sua situação financeira melhorou, o agricultor deu uma pausa nas viagens que empreendia e passou a se hospedar nas pensões de Dona Domingas, Dona Júlia e de Maria Baldoni para tornar seu trabalho um pouco menos exaustivo.

Ao se casar com Maria do Carmo, Joaquim já tinha comprado uma meia-água ao lado do Posto de Puericultura que usava para armazenar alguns mantimentos e preparar alguns alimentos. Ali, a nova família viveu por cerca de quatro anos até adquirir uma nova residência.
O fim de uma era

No dia em que o antigo Mercado foi destruído, o negociante ficou muito sentido. Além do valor sentimental, ele achou uma judiação colocar abaixo aquela relíquia. Ainda assim, quando o novo Mercado Municipal foi finalizado, ele comprou quatros espaços e se transferiu para o local, mas sua esposa conta que ele não conseguiu se adaptar. Em alguns meses, ele passaria a dividir um cômodo ocupado pela Farmácia Nossa Senhora Aparecida (Astolfo Lemos Carneiro) localizada no início da Rua Cel. Antônio Moreira.
A novidade

Em 1957, Joaquim das Frutas, trouxe de uma de suas viagens a São Paulo um eletrodoméstico até então desconhecido na cidade: o liquidificador. Com essa engenhoca futurista, passaria noites e noites preparando sucos para a população que saiu de todos os cantos da cidade para participar da Festa de Santa Rita cuja festeira seria ninguém menos que Sinhá Moreira ao lado de Nazareno Rennó. Dona Carminha conta que, com apenas 3 meses de idade, Cristina, a primeira filha do casal, ficou dormindo debaixo da escada enquanto ela varava a noite lavando o copo do liquidificador.
Casa de Frutas

Depois de alguns anos, o negociante inaugurou sua lendária “Casa de Frutas”, na esquina da Silvestre Ferraz com a Comendador Custódio Ribeiro. Ali, passou a vender uma grande variedade de produtos, muitos vindos da capital paulista e a prosperar com seu estabelecimento. Sua família ainda guarda a placa pintada em folha de flandres com as inscrições do comércio que o ajudou a criar seus nove filhos. Linhas, botões, cereais, verduras, legumes, sucos – não faltava nada por ali. A variedade era tamanha que nos meados da década de 70 foi possível ampliar seus negócios.
 O bairro que deveria levar o seu nome

Com o início da era dos supermercados em Santa Rita, muitos armazéns começaram a perder sua freguesia e com a “Casa das Frutas” não foi diferente. Joaquim então decidiu comprar um terreno conhecido hoje como Bairro Pedreira, onde montou uma máquina de beneficiamento de arroz, uma serraria e uma serralheria. Quem viveu em Santa Rita entre as décadas de 70 e 80 ainda se lembra do papavento e do letreiro luminoso construído por seus filhos.
A despedida

Joaquim das Frutas trabalhou até o último dia de vida quando, aos 56 anos, sentiu uma incômoda dor de estômago e foi andando até o hospital para saber o que estava acontecendo. Sua esposa lembra que ele ainda parecia bem quando pediu a ela que voltasse para casa e preparasse jantar aos filhos. Mal chegou em casa, Dona Carminha receberia uma ligação anunciando que ele estava nas últimas. As filhas, que se encontravam a caminho de Santa Rita para um casamento cujos pais seriam padrinhos, só souberam que o pai havia enfartado quando chegaram em casa e se depararam com o velório na sala. Os santarritenses se despediam de uma das figuras mais queridas que haviam conhecido.

(Carlos Magno Romero Carneiro)

Um oferececimento: 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Vida e morte do poderoso senador José Bento

A religião esteve presente na gênese da maioria dos municípios brasileiros. Não por acaso, centenas de localidades receberam nomes de santos católicos, da mais feérica metrópole do país às menores aldeotas sertanejas. A história de Pouso Alegre, como se deduz da própria denominação, não começou com a construção de uma capela e, sim, pela instalação de uma hospedaria para viajantes. Isso não significa que o clero não tenha contribuído para o desenvolvimento da cidade. Pelo contrário: a atuação de um sacerdote do século XIX foi decisiva para que o município fosse projetado e respeitado nacionalmente.
O nome de batismo do padre mais influente de Pouso Alegre era José Bento Leite Ferreira de Mello. Filho de Campanha, veio ao mundo no sexto dia do ano de 1785. Seus pais eram oriundos de paragens mais distantes. O português José Joaquim Leite Ferreira de Mello nascera em Vila de Guimarães e sua esposa, Escolástica Bernardina de Mello, era paulistana. José Bento fez seus estudos primários em Campanha, transferindo-se para São Paulo, em 1807. Na capital fundada pelo jesuíta José de Anchieta, o jovem passou a viver sob a tutela do bispo Dom Mateus. Dois anos depois, recebeu o sacramento da ordem.

Recém-ordenado, padre José Bento já demons-trava habilidade para articulações políticas. Valendo-se da proximidade com Dom Mateus, fez gestões junto ao bispo para a criação de uma freguesia em Pouso Alegre, desmembrada de Santana do Sapucaí (Silvianópolis). Essa era uma reivindicação dos moradores do povoado de Capela do Mandu. Em novembro de 1810, um alvará régio oficializava o nascimento da freguesia do Senhor Bom Jesus de Pouso Alegre, da qual José Bento seria o primeiro vigário.

O envolvimento do sacerdote com a política temporal o transformou num porta-voz dos interesses da elite sul-mineira. Perspicaz e bem relacionado, foi escolhido, em 1821, para o colégio eleitoral que elegeria representantes de Minas Gerais na Corte de Lisboa. No ano seguinte, o imperador Pedro I proclamou a independência do Brasil e tornou-se líder da nova nação, mas José Bento ingressou nas fileiras oposicionistas. O padre-político radicalizou seus posicionamentos anos mais tarde, defendendo, inclusive, a renúncia do monarca. Pedro I acabou abdicando de seu trono em 1831, abrindo espaço para o governo regencial. Sem descuidar dos pleitos de sua região, o líder religioso obteve outra vitória no mesmo ano, com a elevação de Pouso Alegre à condição de vila.    Foi no período da Regência que a carreira política de José Bento atingiu o ápice. Deputado geral por três legislaturas, foi escolhido para o Senado, em 1834. Aproximou-se então do poder central, ganhando a amizade do regente Diogo Antônio Feijó e do líder liberal Evaristo da Veiga, dois dos mais prestigiosos políticos da época. Integrante da bancada do Partido Moderado, o senador José Bento fundou em Pouso Alegre a Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional. Expôs ideias liberais no primeiro jornal pouso-alegrense, “Pregoeiro Constitucional”, por ele criado em 1830.
Cruz demarca local onde foi assassinado o Senador José Bento (Bairro Faisqueira).
José Bento colocou seu talento de articulador a serviço de dois movimentos revolucionários, em 1832 e 1842. No primeiro caso, usou as oficinas tipográficas do “Pregoeiro” para imprimir a célebre “Constituição de Pouso Alegre”, que não passou de tentativa frustrada de reforma constitucional. O movimento de 10 anos depois teve sua intensa participação (o plano definitivo para a revolução teria sido traçado na residência do senador, no Rio de Janeiro, que ficava na rua do Conde e era muito frequentada por parlamentares de Minas e de São Paulo).

A atuação legislativa de José Bento exigia dedicação praticamente exclusiva, o que o forçava a passar meses longe de Pouso Alegre. A última viagem do senador à sua base eleitoral aconteceu em fevereiro de 1844. A temperatura do ambiente político estava elevada naquele verão. A caminho de sua fazenda, nas proximidades da vila de Pouso Alegre, o sacerdote foi alvejado com dois disparos e não resistiu ao atentado. O assassinato se deu em circunstâncias misteriosas, colocando sob suspeita adversários políticos de José Bento e até ex-protegidos do senador envolvidos numa disputa por terras.

O desaparecimento prematuro não apagou da memória dos sul-mineiros a marcante carreira política do padre. O nome do senador José Bento ainda hoje ocupa posição de destaque na região, designando a praça principal de Pouso Alegre e um município vizinho.

(Jonas Costa)

Um oferecimento:

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Especialista em estudos sobre o Rio Sapucaí fala sobre a questão das enchentes em Santa Rita

A reportagem do Jornal Empório de Notícias esteve presente em uma palestra na Loja Maçônica Caridade Sul Mineira, por ocasião do Programa de Meio Ambiente promovido pela entidade, onde pudemos assistir a uma palestra com o Doutor Alexandre Augusto Barbosa – especialista em estudos sobre as cheias do Rio Sapucaí. Professor da Unifei (Universidade Federal de Itajubá) nos cursos de graduação de Engenharia Hídrica, Engenharia Ambiental, entre outras, Alexandre é engenheiro mecânico, possui pós-graduação em Engenharia Ambiental e trabalha com a questão das enchentes no Rio sapucaí, desde 2000.

Segundo o expositor, a primeira cheia do rio Sapucaí, de que se tem registro, aconteceu em 1874. Tal informação foi obtida através de documentos e as enchentes seguintes, como a que aconteceu em 1919, pôde ser constatada através da análise de fotografias antigas, onde foram feitas comparações com pontos referenciais da cidade. Segundo o pesquisador, ocorrências semelhantes são constatadas, em média, a cada dois anos – embora em níveis diferentes. Alexandre explicou que os motivos das enchentes são vários: ocupação de áreas alagáveis, desmatamento das matas ciliares e ocupação irregular das encostas.
Em 2000, 80% do município foram afetados – 90cm a mais que na década anterior. Caso existisse um barramento para conter o nível do Rio Sapucaí, efeitos seriam reduzidos. Para se ter uma ideia das dimensões daquela enchente, o normal é que passem 13 mil metros cúbicos de água por segundo e, naquela ocasião, o fluxo foi de 500 mil metros cúbicos por segundo. Caso existisse uma microbacia para conter a água, ela se encheria em um minuto e meio. Para ele, o que torna a situação de Santa Rita mais delicada é que a cidade se expandiu em locais inadequados, mas a probabilidade de acontecer uma cheia como a de 2000 é de uma para 500.

Medidas para conter as enchentes em Santa Rita

Alexandre, no decorrer de sua explanação, falou sobre os métodos que poderiam ser aplicados na cidade e a eficácia de cada um deles. Em relação à drenagem, por exemplo, explicou que, por passar cerca de 2500 toneladas de areia por dia, este método não seria duradouro. Ao ser questionado sobre a possibilidade de construção de um dique para contenção das águas, o pesquisador também descartou essa hipótese, uma vez que o Sapucaí corta a cidade de ponta a ponta. Para ele, Santa Rita seria beneficiada no caso da construção de um reservatório, em Campos do Jordão.
A velocidade  com que as águas chegam de Itajubá a Santa Rita

Para explicar como as águas chegam de Itajubá a Santa Rita, Alexandre relatou que o nível do rio tem um declínio de 1 cm a cada quilômetro. Com a retificação e os desmatamentos, a velocidade da correnteza aumentou, fazendo com que a água chegue mais rápido ao município. O pesquisador também afirmou que, para monitorar estes níveis, a Unifei dispõe de um ponto de coleta de informações em Santa Rita capaz de calcular o quanto de água irá chegar à cidade, com 36 horas de antecedência. Tal ferramenta - resultado de um investimento de 600 mil Reais feito pela Copasa a partir de 2002 – envia uma mensagem ao celular dos pesquisadores, caso seja necessário alertar os moradores.

Como evitar maiores transtornos?

Para que, no futuro, não haja vítimas, o especialista informou que o zoneamento das áreas inundáveis e a construção de residências à prova de enchentes são medidas fundamentais. Em seguida, informou que para co-nhecer os locais onde existe o perigo de inundação e fazer o zoneamento urbano, basta que a prefeitura requisite  um mapa do Instituto em que ele atua.
Soluções concretas

O professor da Unifei afirmou que a melhor maneira de resolver o problema das cheias em Santa Rita é fazer um monitoramento constante do nível do rio e construir um barramento em Itajubá que não custaria menos de 500 milhões de Reais. Alexandre conta também que, caso o governo optasse por construir um dique, alguns bairros de Santa Rita teriam que desaparecer.

Já que, até o momento, nossa única solução é sair de casa com antecedência, Alexandre disse que – como Pouso Alegre recebeu R$ 30 milhões para construir seu dique – Santa Rita deveria receber, no mínimo, R$ 50 mil para comprar um painel e para realizar uma campanha de conscientização.
(Carlos Romero Carneiro)

Um oferecimento:

Smile Odontologia

Entrevistamos nosso grande amigo Ivon

Ivon com imagem de Santa Thereza D'ávila - sua peça mais antiga.
Conte-nos sobre sua vinda para Santa Rita

Eu fiz Ginásio em Lorena e vim estudar no IMEE. Meu pai queria que eu estudasse no melhor colégio da região, que era aqui. O interessante foi que quando eu vim estudar aqui muita gente que havia estudado comigo em Lorena, veio junto. Nos tempos de Colégio eu morei na pensão da Dona Maria Baldoni – na entrada da cidade. Na época, o curso era chamado de Científico.

Quando o senhor começou a lecionar História?

Eu me formei em Farmácia em 1958 e me casei um ano depois. A cerimônia aconteceu em Aparecida. Saímos de Santa Rita e fomos nos casar lá. Ao chegar em Santa Rita, fui dar aula no IMEE (Instituto Moderno de Educação e Ensino). Lecionava Física, Química e Biologia. Um dia, faltou um professor de História e o Padre Constantino Gonzalez pediu que eu desse aulas no lugar. Eu disse a ele que não sabia nada da matéria, mas ele me convenceu.  Desde então, comecei a estudar História e me apaixonei. Dei aulas da matéria por um ano. De lá pra cá, nunca mais parei.
Hall do antigo IMEE
Como era o IMEE?

Entrando no local onde hoje é o Inatel, do lado esquerdo estava o Ginásio. Do lado direito, havia o Colegial. Atrás do prédio principal tinha um refeitório que, nas datas festivas como o 11 de agosto (Rainha dos Estudantes), se transformava em salão de festas. No andar de cima do prédio principal ficavam os dormitórios, já que lá era um internato. No início, o Colégio era só para homens. As mulheres estudavam na Escola Normal. Depois misturou.

E a avenida que dava acesso ao Instituto?

Daqui da Igreja de São Benedito até o IMEE era uma estrada de terra. A chácara do Sanico ia até o portão do IMEE onde ficava a casa do senhor Castilho. Nessa chácara havia um pomar onde os internos iam roubar frutas. Uma vez o senhor Sanico se queixou para o Professor Castilho e ele chamou a atenção de todo mundo. Como vingança, a molecada passou a roubar as laranjas e levar de volta só o bagaço que era deixado debaixo da árvore.  
A atual Avenida João de Camargo era apenas uma "picada" nos tempos do Instituto Moderno.
E o senhor Henrique Del Castillo?

O senhor Castilho era um homem muito inteligente. Uma vez eu saí num domingo para ir à missa e, na volta, eu não abri a porteira, eu pulei. Vendo aquilo, ele me chamou e disse: “Ô moço... não pula mais a porteira, não... O cavalo vê e aprende.”

E os bailes daquela época?

Lembro que a cidade era muito agitada, era muito bom. Já os bailes, todo mundo adorava. A orquestra que mais vinha era a de São Gonçalo. Tinha também a Cassino de Sevilha, a Jazz Brasil, além de cantores como Gregório de Barros e  outros.
A lendária Orquestra Jazz Brasil.
O senhor se lembra da Festa das Jabuticabas?

Lá no Chalé tinha muitos pés de Jabuticaba. Você pagava um dinheirinho, entrava e se esbaldava. A renda do evento, promovido por Dona Sinhá, era revertida em benefício de alguma Instituição. Também tinha uma ação onde as meninas vendiam votos e quem arrecadasse mais dinheiro se tornava a “Rainha da Jabuticaba”.

Para o senhor, como são as pessoas daqui?

Eu estava lendo um livro chamado “Comer, rezar e amar” onde a escritora contou que nas viagens que fez, percebeu que cada cidade tinha uma feição, uma característica. Então eu fiquei pensando nisso aí, até que escrevi uma crônica que dizia que Santa Rita tinha um misto de esperança e desilusão. As pessoas não confiam na Câmara, não confiam no executivo... ficam numa situação de ter que mascarar essa desconfiança através de brincadeiras, próprias do brasileiro.

Qual é o objeto mais raro de sua coleção de antiguidades?

É uma imagem de Santa Thereza D´Ávila, datada de 1720, em madeira talhada. Mas eu também tenho muitos documentos, como um exemplar de papel almaço. (Ivon começa a mostrar alguns documentos antigos) No tempo do Império, os papéis eram importados. Eles eram produzidos no norte da África em um lugar chamado Almaço. (Ivon coloca a folha contra a luz e é possível ver uma marca d´água com as inscrições Gior Magnani e Almaço.) Este documento é de 1889. Uma carta ao sub-delegado de Polícia de Cambuí. Eu tenho também uma procuração da época do Império, datada de 1882, também em papel Almaço. No Brasil não tinha nada. O papel era importado, a tinta era importada e o clipe também.

Qual foi o fato mais emocionante em sua carreira como professor?

Foram muitos. Um deles aconteceu na Escola Normal. Eu dava aula no Magistério e havia uma menina com alguns probleminhas de afetividade e que, de vez em quando, se sentia mal. Em uma das aulas ela saiu de sua carteira e disse: “Estou me sentindo mal. Você poderia me dar um abraço?” Eu a abracei e ela foi se acalmando. A classe ficou toda quieta. Na década de 60 isso não era muito comum. Quando ela ficou melhor, voltou para a sua carteira e eu continuei a aula. Fiquei muito emocionado.
Lembra de algum fato pitoresco?

Uma vez, eu estava dando aula no andar de cima do Colégio Sinhá Moreira. Enquanto falava ficava andando de um lado para o outro e, nisso, notei que tinha um menino (Laudo Vilela) murchando o pneu do meu carro! Eu olhei bem e vi quem era. Quando terminou a aula eu mandei chamar o menino e falei: “Você vai lá, tira o pneu, abre o porta-malas, troca o pneu e me entrega as  chaves sem dar um arranhão no carro.” Ele não sabia nem o que era estepe e teve que pedir ajuda para o Fausto. Ele foi rodando o pneu até o posto do Zé Padoia, consertou, voltou rodando e colocou o pneu de volta. Uma semana depois, o pai dele veio aqui me agradecer. Foi a maior lição que ele teve...

E a história do Jipe?

Eu tinha um Candango (Jipe DKV) e ia com ele lecionar em Cambuí. Na porta da escola tinha uma rampa, onde eu deixava o carro porque, se eu soltasse o carro ali, não seria preciso empurrar para fazê-lo funcionar. Todo dia, no final das aulas, eu ia pegar o carro e ele estava lá embaixo. Eu não via um único aluno, mas o carro sempre estava no final da rampa. Em uma das aulas, quando eu abri a porta do carro, saíram umas dez galinhas de dentro. Quando eu tomei o susto, os alunos todos apareceram e começaram a dar risada. Em 2000, após uma palestra que eu fiz em Cambuí, um rapaz chegou até mim pra contar que o autor da brincadeira tinha sido ele.

Qual é a lenda local de que o senhor mais gosta?

Conheço uma lenda daqui mas que tem uma raiz na história. É a lenda da lagoa do bicho. Aqui onde ficam a FAI e a ETE tinha uma lagoa onde as pessoas diziam viver um Minhocão. De vez em quando ele acordava, se mexia e a água transbordava. Era uma forma de explicar as enchentes. Com os egípcios acontecia o mesmo. Para explicar a cheia do Nilo, diziam que eram as lágrimas de Isis. Em São Luiz do Maranhão tem um poço atrás da catedral, onde dizem que existe o olho de uma cobra. Então eles dizem que a cidade de São Luiz está disposta sobre o bicho e que ninguém pode jogar nada no poço para ele não despertar. O Padre Carvalhinho fala em seu livro (Trem de Manobra) que a origem do Bairro Cruz das Caveiras está na Lagoa do bicho também.
Aterro da Lagoa do Bicho para Construção da ETE.
Antes de vir para Santa Rita onde o senhor lecionou?

Em 1962 e fiz concurso para Santa Rita, Cambuí, Santos Dumont e Aimorés. No início eu queria vir para cá, mas o concurso ainda não tinha sido aberto. Então eu fui para Aimorés, que era uma área de litígio. Minas falava que Aimorés era território deles e o Espírito Santo dizia o mesmo. A cidade tinha duas prefeituras, duas coletorias... os alunos iam para a escola com revólver. Resolvi me mudar para Santos Dumont. Lá havia uma indústria de carbureto e, quando eles davam descarga na chaminé, a fuligem batia nas roupas do varal e queimava tudo. No meio do ano eu vim para Santa Rita e, nesse período, passava a semana lecionando aqui, em Cambuí e estudando pedagogia em Itajubá. Tempo bom...

Oferecimento: