quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A vida de lutas e conquistas do comerciante Joaquim das Frutas

 Antes do sol nascer

Quem conheceu Joaquim Eleutério Rafael ainda se recorda quando o rapaz nascido em 1930, no bairro Bom Jardim, distrito de Cachoeira de Minas, passava com sua bicicleta, às quatro da matina, com verduras, frangos, queijos e outros produtos para negociar em Santa Rita do Sapucaí. Logo pela manhã, Joaquim da Frutas, como era conhecido, passava de porta em porta vendendo seus produtos e acabou conquistando uma grande freguesia.
O Antigo Mercado

Com muito esforço e cortesia, a carreira do jovem negociante começou a prosperar quando conseguiu alugar uma banca do antigo Mercado Municipal, bem ao lado do chafariz. Desde então, Joaquim comprou uma bagageira e começou a trazer arroz, feijão, milho e outros cereais adquiridos dos agricultores de Cachoeira. Por ser muito experiente no plantio, Joaquim arrendou um terreno e começou a plantar suas próprias verduras. Com tanta variedade de alimentos, não tardaria para que sua banca se tornasse uma das mais completas da cidade.
Bons ventos

Quando a sua situação financeira melhorou, o agricultor deu uma pausa nas viagens que empreendia e passou a se hospedar nas pensões de Dona Domingas, Dona Júlia e de Maria Baldoni para tornar seu trabalho um pouco menos exaustivo.

Ao se casar com Maria do Carmo, Joaquim já tinha comprado uma meia-água ao lado do Posto de Puericultura que usava para armazenar alguns mantimentos e preparar alguns alimentos. Ali, a nova família viveu por cerca de quatro anos até adquirir uma nova residência.
O fim de uma era

No dia em que o antigo Mercado foi destruído, o negociante ficou muito sentido. Além do valor sentimental, ele achou uma judiação colocar abaixo aquela relíquia. Ainda assim, quando o novo Mercado Municipal foi finalizado, ele comprou quatros espaços e se transferiu para o local, mas sua esposa conta que ele não conseguiu se adaptar. Em alguns meses, ele passaria a dividir um cômodo ocupado pela Farmácia Nossa Senhora Aparecida (Astolfo Lemos Carneiro) localizada no início da Rua Cel. Antônio Moreira.
A novidade

Em 1957, Joaquim das Frutas, trouxe de uma de suas viagens a São Paulo um eletrodoméstico até então desconhecido na cidade: o liquidificador. Com essa engenhoca futurista, passaria noites e noites preparando sucos para a população que saiu de todos os cantos da cidade para participar da Festa de Santa Rita cuja festeira seria ninguém menos que Sinhá Moreira ao lado de Nazareno Rennó. Dona Carminha conta que, com apenas 3 meses de idade, Cristina, a primeira filha do casal, ficou dormindo debaixo da escada enquanto ela varava a noite lavando o copo do liquidificador.
Casa de Frutas

Depois de alguns anos, o negociante inaugurou sua lendária “Casa de Frutas”, na esquina da Silvestre Ferraz com a Comendador Custódio Ribeiro. Ali, passou a vender uma grande variedade de produtos, muitos vindos da capital paulista e a prosperar com seu estabelecimento. Sua família ainda guarda a placa pintada em folha de flandres com as inscrições do comércio que o ajudou a criar seus nove filhos. Linhas, botões, cereais, verduras, legumes, sucos – não faltava nada por ali. A variedade era tamanha que nos meados da década de 70 foi possível ampliar seus negócios.
 O bairro que deveria levar o seu nome

Com o início da era dos supermercados em Santa Rita, muitos armazéns começaram a perder sua freguesia e com a “Casa das Frutas” não foi diferente. Joaquim então decidiu comprar um terreno conhecido hoje como Bairro Pedreira, onde montou uma máquina de beneficiamento de arroz, uma serraria e uma serralheria. Quem viveu em Santa Rita entre as décadas de 70 e 80 ainda se lembra do papavento e do letreiro luminoso construído por seus filhos.
A despedida

Joaquim das Frutas trabalhou até o último dia de vida quando, aos 56 anos, sentiu uma incômoda dor de estômago e foi andando até o hospital para saber o que estava acontecendo. Sua esposa lembra que ele ainda parecia bem quando pediu a ela que voltasse para casa e preparasse jantar aos filhos. Mal chegou em casa, Dona Carminha receberia uma ligação anunciando que ele estava nas últimas. As filhas, que se encontravam a caminho de Santa Rita para um casamento cujos pais seriam padrinhos, só souberam que o pai havia enfartado quando chegaram em casa e se depararam com o velório na sala. Os santarritenses se despediam de uma das figuras mais queridas que haviam conhecido.

(Carlos Magno Romero Carneiro)

Um oferececimento: 

2 comentários:

  1. Que história de vida linda. Sou do Piauí e, por acaso, vi uma foto antiga de um homem que me chamou a atenção. li o texto e fiquei comovido. Que exemplo magnifico!!!!!!!

    Marco Vilarinho (vilar1234@hotmail.com)

    ResponderExcluir
  2. Sou amigo do neto desde moço

    ResponderExcluir