sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Roque Jr perde time no Paulista após briga, e lamenta: "É difícil vencer com mérito no Brasil"

Portal Uol destaca situação de Roque Júnior.
Roque Júnior já conquistou o título mais importante do futebol mundial no Japão. Agora, sofre para conseguir ver seu time em campo em São José dos Campos. Pentacampeão com a Seleção Brasileira em 2002, o ex-zagueiro, agora presidente do Primeira Camisa, vive longa briga com a prefeitura da cidade, no interior de São Paulo. O resultado será ver sua equipe sem atividade profissional por mais um ano.

Nesta quinta-feira, a diretoria do clube anunciou que não disputará a Série B do Campeonato Paulista, que representa a quarta divisão do Estado, porque não terá um local para mandar seus jogos. Para esta temporada, a equipe não conseguiu a liberação do estádio Paraíba, vetado pela Federação Paulista de Futebol, e foi impedido pela Secretaria Municipal de Esportes de atuar no Municipal Martins Pereira.

Roque Junior diz estar chateado pelo fim temporário do time, especialmente pelo futuro dos atletas. Como a maioria é formada por jovens, alguns deles ainda podem disputar os campeonatos sub-20 pelas categorias de base do Primeira Camisa que seguem em atividade. Outros já foram emprestados a times participantes da Série A-3 do Paulistão. Mas nem todos têm destino certo.

“Vamos trabalhar para que eles não fiquem parados. Eu quis fazer um bom trabalho, dar chances para meninos sub-15 e sub-17 para um dia chegarem ao profissional. Mas aqui no Brasil não se vence por méritos, essa palavra não existe. Estou tranquilo de que não fiz sacanagem com ninguém, fiz um caminho correto no meu entender”, disse ao UOL Esporte.

As desavenças com a prefeitura de São José dos Campos vêm desde o ano passado por uma questão financeira. O Primeira Camisa não conseguiu convencer o município a bancar um segundo grupo para a Taça São Paulo de futebol júnior. A cidade já teria uma sede na competição com o tradicional São José e arcaria com os custos dos quatro times do grupo, conforme exigido pela organização do torneio.

Roque Júnior entende que sua equipe teria direito a um apoio semelhante por também representar a cidade, conquistar títulos e, principalmente, dar uma chance a vários meninos que sonham em se tornar jogador de futebol. O clube conseguiu ser sede da Copinha, mas os gastos foram divididos. O dirigente teve que desembolsar cerca de R$ 40 mil com alimentação e alojamento dos times participantes, enquanto a prefeitura arcou com os gastos de transporte.

A situação não foi resolvida. O Primeira Camisa não concordou com o desfecho da negociação e se negou a disputar os Jogos Abertos pela cidade no fim do ano passado, mesmo com chances de título após vencer os Jogos do Interior no início do ano. Como retaliação, a prefeitura considerou a decisão muito radical e não liberou o estádio Martins Pereira para a disputa do Paulista deste ano.

“Não vejo vilão. Foi uma questão de entendimento. Eu não concordo com eles, e eles não concordam comigo. Achei que eles foram radicais, mas eles também acharam que nós fomos. Espero que no próximo ano seja diferente. Temos o ano inteiro para chegar a um acordo”, disse Roque Júnior.

A segunda opção seria disputar o torneio profissional com o estádio Paraíba como sede. No entanto, a arena não conseguiu os laudos de segurança exigidos pelo Ministério Público e pela Federação Paulista de Futebol. O clube alega que já usou da própria verba para fazer reformas no estádio recentemente e considera ainda que o local tem condições de abrigar jogos da Série B, que recebem um público pagante com média de 300 pessoas.

Mas a Federação se mostrou irredutível. Segundo o Diretor de Segurança e Prevenção da FPF, Coronel Marcos Cabral Marinho de Moura, os laudos do Paraíba não foram renovados e, por isso, o estádio não poderá ser utilizado para competições profissionais. A entidade libera ou interdita um estádio de acordo com os laudos enviados pelos órgãos públicos.

Luiza Oliveira
Do UOL, em São Paulo 

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