quinta-feira, 31 de maio de 2012

A história extraordinária de um Urubu chamado Frederico

Um caso extraordinário

Toda cidade do mundo tem seus personagens folclóricos. A cada geração, algum habitante com hábitos excêntricos e jeito engraçado acaba ganhando a simpatia dos companheiros e conquista seu espaço no imaginário popular.

Em toda a história de Santa Rita do Sapucaí, dezenas de personalidades como, Dito Cutuba, Tianinha, Tião Roque e João Onça foram eternizados por suas histórias, mas não conheço, em nenhum outro lugar do universo, algum caso de um animal de estimação que tenha ganhado o status de gente como aconteceu aqui.

A história de Frederico

Reza a lenda que, no início da década de 80, um filhote de urubu foi encontrado em um alojamento de nossa Escola de Eletrônica e passou a ser cuidado pelos alunos. Sem forças para reencontrar sua mamãe Uruba e, muito menos, de ganhar o mundo em busca de um delicioso pedaço de carniça, o bichinho se acostumou a receber os cuidados de seus novos tutores e cresceu acreditando ser gente.

A simpatia dos estudantes pelo bicho era tamanha que não tardou para que eles colocassem nele um nome de gente e começassem a tratá-lo como um genuíno colega de escola. Desde então, Frederico, como ficou conhecido, passou a frequentar diariamente os corredores da instituição e a andar por entre os alunos, enquanto as aulas não começavam. Conta-se que, quando a sirene tocava, lá vinha o urubu, correndo em disparada, em direção a alguma sala de aula. Voar não era do seu feitio. Preferia usar as pernas, com seu andar elegante e cheio de jogo de cintura.

Ao atingir a adolescência, Frederico passou a acompanhar os estudantes em incursões re-gulares aos bares da freguesia e apreciava tomar uma cervejinha gelada, nas rodas de boteco em que as conversas eram jogadas fora. Seus amigos, ainda se lembram do gênio inquieto do urubu – sempre caminhando de um lado para o outro - e dizem que “falar ele não falava, mas que prestava uma atenção danada”.

Ao tomar conhecimento de que o mercado municipal era um local onde se podia encontrar “carcaça de primeira”, o ponto preferido de Frederico passou a ser a Alameda José Cleto Duarte. Quando não tinha muito o que fazer, a ave dava uma passada pela banca de revistas do senhor Rosário, conferia as manchetes do dia e procurava algum amigo no calçadão em frente ao clube, onde espiava as gatinhas. Com altura privilegiada, Frederico olhava sem pudor debaixo das saias e fazia “ar de galanteador”, para inveja dos amigos.

O fim trágico de Frederico

Existem muitas teorias sobre o triste fim de Frederico, por volta de 1986. Alguns santarritenses dizem que, quando ele tomou conhecimento de que não era como seus companheiros humanos, teria pedido carona para um caminhoneiro e acabou atropelado ao chegar em São Paulo. Outros confessam que ele se tornou um dependente da água que passarinho não bebe e não aguentou o baque ao confundir etanol com gasolina. O fato é que esse conterrâneo trouxe grandes alegrias ao nosso povo e merece uma congratulação formal de nossa Câmara Municipal de Vereadores pelos inestimáveis serviços prestados no decorrer de sua breve , porém profícua, existência. Afinal, como diria o ex-ministro, Rogério Magri, “Urubu também é gente”. Ao estimado Urubu, nosso carinho e consideração.

(Carlos Magno Romero Carneiro)

2 comentários:

  1. Muito legal!Ele também costumava ir ao campo de futebol e, vez ou outra, ocasionava uma breve interrupção à contenda. Abs.

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  2. Noossaaa, eu me lembro do Frederico, ñ sabia que ele tinha entrado pra história de Santa Rita, muito legal !!!

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