sexta-feira, 20 de julho de 2012

Delfim Moreira, o Alpes da Mantiqueira


Lá no alto da Serra que Chora, incrustada num vale, existe uma pequena pérola, nascida há muito tempo e que hoje se chama Delfim Moreira.  Clima frio, delicioso, considerado um dos melhores do mundo. Houve um tempo em que ela era a capital do marmelo. Hoje, sem essa produção, está voltada para o turismo e para a ecologia. Sua origem está ligada à formação do Sul de Minas
 Em 1703, Miguel Garcia Velho, após atravessar a garganta do Embaú, seguiu pelos vales de Bocaina, afastando-se da rota já trilhada por outros exploradores e que ia dar no Rio Verde e Baependi. Transpôs a Serra dos Marins e o planalto do Capivari, onde descobriu algumas pintas de ouro. No Córrego Alegre e nas águas do Taboão, encontrou maiores indícios do cobiçado metal e descobriu as minas de ouro do Caxambu que, tempos depois, passou a chamar-se minas de Itagyba e para aí se transferiu com sua   família. Pretendia alcançar a Serra de Cubatão, mas a mina do Itagyba foi a que mais o seduziu, e onde permaneceu por mais tempo. Os indígenas davam o nome de Itagyba a uma enorme cachoeira que caía no caminho que serpenteava para o Taboão. Itagyba significa água que cai das pedras altas, ou seja: cacho-eira. A água que desce do alto não escorre pelas pedras, mas bate direto na pedra grande que forma o pé da cacheira. De tanto bater, entra ano e sai ano, século após século, dia e noite, sem parar, a água cavou um poço profundo na rocha dura e o pessoal o chamava de “o pilão da cachoeira”. Todos tinham medo de se aproximar e serem sugados pelo buraco feito na rocha. A lenda conta que esse pilão era a morada da mãe de ouro: um ser mitológico de rara beleza que exercia fascínio sobre os homens e os levava para as profundezas.

Manoel Garcia Velho era filho de Jorge Dias Velho e casado com Leonor Homem del Rey, filha de Tomé Portes del Rey, fundador de São João del Rey. Seguiu à frente de uma bandeira que fez o mesmo percurso de Jacques Félix, o Moço. A genealogia paulista registra Miguel com o título de Sargendo-Mor. Em 1723, nesse local, o Pe. João da Silva Caualo que se ocupava com mineração, relata ao governo de Tabay Bathe, atual Taubaté, a penetração bandeirante no Sapucahy. Em 1724, o governador da Capitania de São Paulo, D. Rodrigo Cezar de Menezes, nomeia Francisco de Godoy de Almeida, genro de Miguel Garcia, para recolher os impostos da quintação sobre o ouro de Itagyba. Em 1737, o Ouvidor de São João Del Rey, Cypriano José da Rocha vem ao sul das Gerais para oficializar a fundação de Campanha e toma co-nhecimento de que, navegando rumo às nascentes do Sapucahy, chegava às minas de ouro de Itagyba.  Com a instalação do Bispado de São Paulo, surgiu, em 1746,  a necessidade de se estabelecer os limites com a diocese de Mariana sendo utilizado o Rio Sapucahy como divisor das dioceses. O território situado na margem direita desse rio seria administrado pela Diocese da Mariana e aquele da margem oposta seria do Bispado de São Paulo. Em razão dessa demarcação, em  19 de setembro de 1749, foi feita uma nova demarcação entre as Capitanias de São Paulo e de Minas Gerais, feita pelo Ouvidor Tomaz Rubin de Barros Barreto sob ordem de Gomes Freire de Andrade, governador de Minas Gerais, estabelecendo o limite no alto da Serra da Mantiqueira. Em 1753, o arraial de Descoberto de Itagyba, afirma Stela Mara Ribeiro Lourenço Costa, é ele-vado à condição de Curato, passando a pertencer à Comarca Eclesiástica de Guaratinguetá. A 08 de setembro de 1762, é elevado à condição de Freguesia com o nome de Freguesia de Nossa Senhora da  Soledade de Itagyba. Em 17 de dezembro de 1938, o município passa a chamar-se Delfim Moreira, em homenagem ao grande político mineiro.

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