terça-feira, 24 de julho de 2012

ESTUDIOSO APONTA DIFERENÇAS ENTRE AS EMPRESAS AMERICANAS E BRASILEIRAS E DIZ QUE VALE DA ELETRÔNICA É CASO ISOLADO

Muitos questionam os motivos do Brasil não possuir a mesma tradição empreendedora encontrada nos EUA,Canadá, Inglaterra e alguns países asiáticos.
O questionamento vem à tona principalmente quando tomamos contato com as revoluções empresariais ocorridas recentemente na região da Califórnia, mais conhecida com Vale do Silício. Ali se concentram algumas das empresas mais lucrativas do mundo e que estão construindo uma nova forma de capitalismo global. Ali não somente as coisas são feitas de forma deferente, mas também são pensadas e planejadas por mentes educadas numa cultura propícia ao sucesso. Aliás, nessa região os fracassos não são tratados como desgraças e estigmas eternos, como se fosse uma condenação ao inferno. Pelo contrário, são vistos como um pré-requisito natural para quem vai vencer e torna-se caso de estudo e pesquisa referencial aos novos empreendedores. Empresas surgem nas garagens e estas funcionam como laboratórios experimentais, antes de serem consumidas pelos impostos, despesas ou pela ferocidade da concorrência.

Trata-se de uma mentalidade completamente diferente daquela que caracteriza tradicionalmente os empresários latino-americanos, herdada da colonização ibérica (Portugal e Espanha). Estamos falando de tradição histórica, que é uma que coisa mais forte e predominante, porém isso não significa que não haja nessas regiões as exceções que todos conhecem e que são surpreendentes nos resultados financeiros e sociais.

Hoje existem casos isolados em várias regiões latino-americanas, incluindo no Brasil, como acontece em São José dos Campos, no Vale do Paraíba - Campina Grande, na Paraíba ou então no Vale da Eletrônica, em Minas Gerais. O mesmo ocorre no Chile, na Argentina e no México. São casos que merecem ser estudados não somente como exemplos de empreendimento liberal privado, mas também de uma política governamental fomentadora dessas iniciativas.

Afinal, qual é a diferença entre o Brasil e os EUA, especificamente nesse aspecto de cultura e mentalidade empreendedora?

BRASIL

1) Colônia de Exploração, grandes propriedades, produção monocultora voltada para o mercado externo, economia dependente, mão de obra escrava predominante, concentração de renda nos latifúndios;
2) Classes sociais dirigentes mais ligadas e submissas aos valores das metrópoles colonizadoras; tendência ao subdesenvolvimento, administração pública externa fiscalista, vulnerável à corrupção e ineficiência;
3) Mentalidade conservadora e retrógrada nas classes políticas e nas classes empreendedoras;
Influência religiosa católica, partidária do Antigo Regime Absolutista, cuja doutrina dogmática condena a riqueza e a prosperidade, apontado-a como um risco de pecado e punição divina, portanto destinada a poucos privilegiados;
4) Desvalorização da educação e da organização social livre e democrática. Cultivo do autoritarismo. Supervalorização do Estado e diminuição do papel do cidadão. Herança do sistema colonial Português, conhecido como “stablishment” aristocrata-burocrático.

EUA (CENTRO-NORTE)

1) Colônias de povoamento, pequenas propriedades, produção policultora voltada para o mercado interno, economia independente, mão de obra livre e familiar, distribuição e circulação de renda entre os pequenos empreendedores locais;
2) Classes sociais independentes desligadas dos valores europeus tradicionais;
3) Cultura política de relacionamento conflituoso com as classes metropolitanas;
4) Valorização da educação e da autonomia social e democrática. Relativização do papel do Estado e valorização da cidadania como suporte dos negócios e do liberalismo;
5) Religião protestante, cuja doutrina de salvação associava a salvação com a prosperidade e a conduta empreendedora individualista. Herança dos imigrantes calvinistas expulsos da Europa e que acreditavam no ideal de fazer a América e a si próprio (madeyour self ou self mademan). Herança do industrialismo inglês.

O empresário brasileiro inclina-se mais ao capitalismo de Estado, controlador e fiscalista. Suas ações são mais dependentes e limitadas pela legislação, pela burocracia e pelo fisco; visam mais as habilidades políticas e jurídicas para quebrar as barreiras fiscalistas do que propriamente o domínio do mercado pela competitividade. O concorrente primordial é o Estado, no caso os governos que se sucedem, e não os outros empreendedores.

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