segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Vida Alves: uma celebridade na cozinha de Maria Bonita


Cuidando de meninos simples, Maria Bonita conheceu celebridades. A atriz Vida Alves é o melhor exemplo disso. Seu filho mais velho, Heitor Ernesto Gasparinetti, parecia apenas mais um garoto de origem humilde, pois se comportava como tal entre seus colegas da ETE, onde estudou de 1968 a 1970. Aguardava pacientemente sua vez de se servir na cozinha de Maria, ao passo que outros estudantes famintos se acotovelavam para comer primeiro. Balbino dos Santos Cabral (Bino), sobrinho-neto da cozinheira, jura que Heitor chegou a dormir mais de uma vez no quarto masculino da casa de sua tia-avó. Em uma dessas ocasiões, diz Bino, Maria e o garoto educado travaram o seguinte diálogo:

– Meu filho, você não deve dormir aqui. Você é rico, filho de atriz...

– Não, eu quero ficar aqui junto com os netos da senhora, vó.

Certa vez, em 1968, Heitor contou aos amigos que receberia a visita de sua mãe, dali a poucos dias. “A rua lotou”, sintetiza uma das netas de Maria Bonita, Nelma Benedita Marcolino Donoso, ao rememorar aquele acontecimento inacreditável. Vida Alves – famosa por protagonizar com Walter Forster o primeiro beijo da teledramaturgia brasileira, na novela Sua vida me pertence (1951) – foi recebida com um efusivo abraço por Maria, emocionada por conhecer a ilustre visitante. Revelando uma simplicidade surpreendente, a atriz almoçou naquela modesta residência, atraindo centenas de fãs à Rua Coronel Erasmo Cabral. “Cheguei a almoçar na casa de Maria Bonita, mas o que me lembro mais é de seus biscoitos de polvilho. Eles eram os meus preferidos”, revela a atriz, aos 82 anos.

Vida Alves faria outras viagens a Santa Rita para matar a saudade do filho. Essas visitas sossegaram seu coração de mãe, pois Heitor foi bem tratado em todos os locais em que morou (alojamento da ETE, duas repúblicas e Grande Hotel Santa Rita). De Maria Bonita, a atriz só guarda boas recordações: “Uma coisa que me marcou muito foi a bondade e o jeito carinhoso com que Maria Bonita recebia meu filho, na ocasião, um jovenzinho. Ela e sua família eram cheios de mimos, de carinho. A gente se sentia em casa. Ela o tratava quase como fazia com os próprios filhos, fazia para ele os seus famosos quitutes e até mandava um embornal para mim”.

(Trecho do livro “A Rainha O-perária e sua Colmeia Negra”, de Jonas Costa)

2 comentários:

  1. Muito interessante, adorei !

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  2. Parabéns pela homenagem a atriz Vida Alves. Em 1995, fiz um curso de Comunicação e Dramatização, em SP. Foi ministrado pelas atrizes Vida Alves e Tânia Alves (filha). À ocasião, eu não sabia que seu filho estudara na ETE. Nesse curso, tirei grandes lições para a minha caminhada profissional. Lembro-me que,no último exercício, ela distribuiu uma "papeleta" para cada aluno. Nela, estava escrito uma palavra. Deu-nos 3 minutos para preparar a apresentação e 2 minutos para defendê-la. Ao final das apresentações, deu-me um abraço tão caloroso e disse-me uma frase de motivação que carrego-a até hoje.

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