terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Anos 50 – a paixão caminhando com a gente (Por Ivon Luiz Pinto)

Na década dos anos 50, eu conheci esta cidade, vindo estudar no IMEE que, na época, era o melhor colégio do sul de Minas. Eu era um estudante caipira numa cidade bonita e aristocrática. Na década de 60 voltei, já casado e com filhos. Aqui montei residência, e nunca mais saí. Na primeira fase de minha vida, o rádio era o grande veículo de comunicação pois a televisão ainda dava os primeiros passos em São Paulo e Rio. O telefone era rudimentar, precário e um bem precioso que constava do patrimônio e de heranças e dotes. O celular e a internet só iriam aparecer após uns 30 anos. A ligação daqui para a farmácia de meu pai, em Delfim Moreira, demorava três horas ou mais, dependendo do fluxo e da boa vontade da telefonista. E era assim: a gente ia até o Posto Telefônico, na rua Barão do Rio Branco, onde hoje é a casa do Dr. Norton de Castro, e pedia para fazer a ligação. A chamada era feita para Itajubá e, de lá, para Delfim Moreira. Havia muitos obstáculos a cumprir. A linha era física, um fio levado por postes, que suportava poucas ligações, duas ou três. A ligação dependia de haver linha livre para Itajubá, como também, estar livre de Itajubá para Delfim Moreira. Se um dos circuitos não estivesse livre não haveria ligação. Por isso a demora. E tinha mais, se a telefonista estivesse de mau humor ela não se esforçava para fazer a ligação. E, frequentemente, lá na minha terra, a telefonista ficava de fone no ouvido ouvindo a conversa. Daí elas serem a fonte de fofocas da cidade. Muitas vezes eu chegava na minha terra e recebia cumprimentos por acontecimentos que eu tinha contado por telefone aos meus pais e eles nada tinham divulgado. As músicas chegavam pelo rádio, principalmente pela PRE-8 Rádio Nacional do Rio de Janeiro, com muita influência estrangeira e nós cantávamos e dançávamos boleros, fox e samba–canção e todos tinham a mesma dinâmica dos passos, dois pra lá- dois pra cá. Tudo isso, até aparecer o Rock and Roll .

O cinema lançou a moda do garoto rebelde, simbolizada por James Dean, no filme “Juventude Transviada” (1955), que usava blusão de couro e jeans. Marlon Brando também sugeria um visual displicente no filme “Um Bonde Chamado Desejo” (1951), transformando a camiseta branca em um símbolo da juventude. Aos poucos, as mulheres foram substituindo as engomadas anáguas por saias leves. Faziam sucesso na Capital os programas de auditório, como o Papel Carbono de Renato Murce, na Radio Nacional e o Calouros em desfile do mau humorado, mas grande artista, Ari Barroso, na Rádio Tupi.

Santa Rita Não fugiu desse esquema cultural-social. Muitas pessoas desta cidade, homens e mulheres, jovens e velhos, frequentavam o Rio de Janeiro e traziam as novidades da antiga capital do Brasil. Aos domingos, no Cine Vitória, que funcionava num imenso barracão na rua Silvestre Ferraz, havia  programa de calouros onde também eram apresentados artistas de outras cidades. Foi num desses programas que conheci Osmar Barbosa um capixaba que lecionava português em Itajubá e que veio declamar sua poesias. Eu exibia para os amigos a dedicatória que ele me fez no seu livro Colheita Matinal. 

Foi nesse  período, também, que conheci o Carnaval. Isso mesmo, conheci o luxo, a opulência e a criatividade dos dois maiores blocos de carnaval do sul de minas, O Ride e o Demo. Todos os dois tinham beleza e originalidade, ambos me encantaram, mas meu coração sofreu a influência de Dona Maria Baldoni, da Ivonilda e da Ziza. Eu morava no Hotel Santarritense de propriedade de Dona Maria. Não deu outra. Me apaixonei pelo RIDE e o levo até  hoje em meu coração.

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