sexta-feira, 22 de março de 2013

Haroldo e sua paixão pelo cultivo de Bonsai


Em 2000 o mundo não havia acabado e a humanidade buscava encontrar sentido para suas idas e vindas. De volta a Santa Rita, após uma temporada em BH, o santa-ritense Haroldo Kallás andava meio entediado, procurando algo interessante para fazer e passou na banca do Caruso para dar uma conferida nas novidades. Entre uma revista e outra, deparou-se com uma publicação especializada em Bonsai e sua vida nunca mais foi a mesma. Aquela técnica criada pelos chineses e que, mais tarde, alastrou-se por todo o mundo havia conquistado nosso ilustre amigo.
O termo Bonsai significa “árvore em vaso” ou “árvore em bandeja”. A técnica consiste em controlar o crescimento de espécies que viriam a se tornar árvores enormes para que frutifiquem e deem flores, em escala reduzida. “O Bonsai é a miniatura de uma árvore centenária. Como o objetivo é estético, procuramos escolher espécies cujas folhas não sejam muito grandes. O mesmo acontece com o fruto. Imagine uma jaca dentro de um vaso. Não ficaria lá muito bonito, né? A gente meio que brinca de ser Deus.”

Por 4 anos, Haroldo procurou se aprimorar nesta arte milenar, mas percebeu que havia evoluído bem pouco. “Pode parecer fácil, mas é preciso levar em conta uma série de detalhes para que o trabalho fique perfeito. Por este motivo, comecei a realizar diversos cursos com os maiores mestres brasileiros e aprendi muito com todos eles.” Nos anos seguintes, o bonsaísta receberia lições de Osama Hidaka, Carlos Tramujas, Boca Belo e outras brasileiras referências da área. A evolução de sua técnica seria cada vez mais visível.

Atualmente, o santa-ritense possui cerca de 100 árvores plantadas em seu sítio e algumas espécies cultivadas em casa. Sua especialidade é a Buganville, popularmente conhecida como primavera. Com flores de coloração que varia do roxo ao magenta, as árvores são bem complexas e ficam lindas se forem cultivadas da maneira adequada: “Primeiro você deve plantar o Bonsai no chão e cultivá-la por, no mínimo, 3 anos. Depois desse período é preciso colocar em um vaso grande e manipular a estrutura de seus galhos, enrolando-os com arame de cobre. A superfície destes galhos é por onde passa a seiva e não pode ser danificada. O interior, por sua vez, pode ser até contorcido, já que servem apenas para dar sustentação (é como os nossos ossos). Quando o Bonsai estiver formado é preciso tirá-lo do vaso e, de dois em dois anos, limpar a terra de suas raízes e plantar novamente. Eu costumo misturar a terra com cacos de telha para que não fique dura com o passar do tempo.”
Haroldo diz que não vende suas árvores, mas que, não raramente, presenteia os amigos com uma Buganville. Antes, no entanto, procura saber se a pessoa terá disposição e boa vontade para cuidar bem da pequena árvore: “Eu sempre avalio se vale a pena dar um Bonsai para alguém cuidar porque ele é um ser vivo como qualquer outro. Ele tem a capacidade de passar de uma geração para outra e estima uma série de cuidados que devem ser levados em conta. 

Bonsai é técnica através da qual se representa em uma árvore plantada em um vaso, o aspecto de uma árvore mais antiga, com as marcas do tempo e do crescimento lento em seus galhos e tronco. Mas não é simplesmente o aspecto de velha. O Bonsai representa uma planta que, apesar das dificuldades do clima e do terreno, sobrevive e supera ao maior obstáculo: o tempo.
Para que ganhe essas características, o Bonsai recebe cuidados através dos anos, em podas de galhos e raízes e pela condução e educação da planta. Assim, mantém seu tamanho, seu tronco engrossa e sua forma é definida. Até que o trabalho esteja pronto, ele recebe o nome de pré-Bonsai.

O Bonsai não é apenas uma técnica; é arte e sensibilidade. Não é somente uma “árvore pequenininha”, mas representa a vitória sobre os anos e sobre o terreno. Ele representa a luta de um incansável guerreiro sobre as rochas e o vento. Proporciona a representação de uma planta nas condições mais adversas da natureza.

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