terça-feira, 28 de maio de 2013

Opinião: Quem lucra com a Festa de Santa Rita?

Qual é o sentido do turismo? O sujeito trabalha e produz capital em sua própria cidade, viaja para outra região e deixa o dinheiro que ganhou, em troca de alguma atração que o fará satisfeito. Algumas das cidades mais evoluídas do mundo, incluindo muitos destinos brasileiros, exploram com eficiência seu potencial turístico e conseguem aquecer a economia desta forma promissora. Para não ir muito longe, a pequena cidade de Maria da Fé que, até pouco tempo, ninguém ouvia falar, hoje atrai milhares de pessoas através da exploração do clima e da produção do azeite, o que demonstra uma estratégia absolutamente inteligente de seus organizadores. 

Em Santa Rita do Sapucaí, a Festa de Santa Rita tinha tudo para ser da mesma forma. Nós temos uma data tradicional, conseguimos atrair uma grande quantidade de turistas, mas não temos um plano para manter o lucro por aqui. Os barraqueiros vêm à cidade, competem de maneira desigual com nossos comerciantes (que pagam impostos sobre os produtos, têm uma folha de pagamento e geram divisas ao município), geram transtornos que vão da sujeira ao aumento da criminalidade e à superlotação do pronto atendimento para, logo depois, irem embora com o lucro, deixando para trás apenas os efeitos colaterais de sua passagem.

A ideia para um turismo realmente eficiente é que os próprios moradores da cidade lucrem com os investimentos feitos pela administração pública na viabilização do evento. Para isso, devemos enxergar a Festa de Santa Rita, não como uma temporada para comprar produtos mais baratos, mas como uma oportunidade da população melhorar seus rendimentos através da movimentação de recursos, dentro do próprio município.

Com o repasse do capital proveniente da venda dos espaços aos vendedores ambulantes para as instituições de caridade, o prefeito Jefferson Gonçalves Mendes deu um grande passo na inversão dessa equação para que o município seja realmente beneficiado com a Festa da Padroeira. Ainda assim, é necessário que o capital levantado nesse momento festivo não seja levado embora por vendedores de outras bandas.

Em Pouso Alegre, na última semana, os comerciantes uniram-se contra um grupo de vendedores ambulantes da chamada “Feira da Madrugada” que, após se instalarem no município, fizeram as vendas desmoronarem no período que antecede o Dia das Mães. Veja um resumo da carta emitida pela ACIPA (Associação Comercial e Industrial de Pouso Alegre) sobre o assunto: “Em 23/04, a Diretoria da Acipa entregou nas mãos do Prefeito Perugini uma notificação requerendo cautela para que não ocorra liberação de Alvará em evento irregular, como havia ocorrido na Feira da Madrugada. Em 26/05, o vice presidente da ACIPA, Ricardo Puccini, junto com uma comissão, entregaram ao diretor do Fórum, Dr. Napoleão da Silva Chaves, um ofício sobre as Feiras realizadas em Pouso Alegre, apresentando os prejuízos que eventos irregulares causam ao comércio local, além de explicar como essas feiras usam a Justiça para conseguir liminares para funcionar, sem cumprir os requisitos mínimos exigidos pelas Prefeituras para a emissão dos alvarás. Necessário lembrar que os empresários locais obedecem a toda a legislação vigente, senão o Poder Público os multa e até fecha o comércio por não cumprir os requisitos legais.” No dia 10 de maio, o Desembargador Bitencourt Marcondes suspendeu uma liminar que concedia o direito de realização desse evento em Pouso alegre e tal modalidade foi considerada irregular. 
Após a proibição da Feira em Pouso Alegre, existe uma grande possibilidade do evento rumar para outra cidade das redondezas. Adivinha para onde eles cogitam vir nessa semana? Acertou!

O que difere um país desenvolvido do subdesenvolvido é que, enquanto o primeiro cria e vende, o segundo faz e consome. Trazendo para o âmbito de nossa cidade, faço a mesma pergunta aos nossos conterrâneos. Seremos os eternos consumidores de produtos de baixa qualidade, muitas vezes irregulares e que prejudicam o comércio local pela disparidade de condições ou criaremos uma estratégia para começarmos a lucrar com todo o movimento gerado em torno de nossa tradicional festa?

(Carlos Romero Carneiro)

Um comentário:

  1. Realmente uma sabia e sensata opinião, pois sabemos esse comercio pirata nada de bom traz para nossa cidade, os produtos sem qualidade, que duram ate o fim da festa. A cidade ou melhor dizendo o centro fica uma baterna, sujeira, o transito desordenado e bem que os guardas municipais tentavam organizar, mais sem estrutura para isso.A falta de respeito entre barraqueiros e pessoas da cidade era visível, mais graças a Deus que tivemos a presença física da policia militar e da guarda municipal e não houve brigas, vandalismos maiores na festa. Agora digamos de passagem essa festa e seus barraqueiros em nada dão retorno em impostos para a cidade. A cidade não oferece ainda estrutura para tanta gente assim, a meu ver o santuário ainda não oferece condições para receber tantos romeiros, mais pode sim mudar isso.Melhorar a segurança, melhorar a concentração das pessoas e o estacionamento de veículos precisamos estudar muito opções.

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