segunda-feira, 24 de junho de 2013

PORTAL G1: Prefeitura entra na Justiça contra cobrança da taxa de esgoto

Tarifa do metro cúbico triplicou em Santa Rita do Sapucaí, MG. 
Segundo Procuradoria, município quer que companhia esclareça preço.

A Prefeitura de Santa Rita do Sapucaí (MG) entrou com uma ação na Justiça contra a cobrança da taxa de esgoto que começa a ser cobrada pela Companhia de Abastecimento de Minas Gerais (Copasa) no município. A tarifa foi um dos motivos da manifestação que aconteceu na cidade na última sexta-feira (21). A nova tarifa aumentou de R$ 0,30 o metro cúbico para R$ 0,93.
Nesta segunda-feira (24), o prefeito da cidade, Jéferson Gonçalves Mendes, decidiu entrar na Justiça contra a companhia. Na semana passada, o prefeito já havia encaminhado um ofício para o presidente da Copasa pedindo a revisão da tarifa, mas não obteve resposta. No início do mês, a Copasa comunicou a prefeitura que a partir de maio o serviço de tratamento passaria a ser feito na cidade. Até então, a cobrança acontecia apenas para coleta a manutenção da rede.
Segundo a Procuradoria Geral do Município, além da redução da tarifa, a prefeitura também quer que a Copasa esclareça o valor que está sendo praticado. Conforme o gerente da companhia na região de Santa Rita do Sapucaí, Tales Augusto de Noronha Mota, informou que a cobrança da tarifa é amparada pela lei e que foram distribuídos panfletos informando o início da cobrança.

Bar República - de Pouso Alegre - homenageia Márcio Vilela

"Você, sem dúvida alguma, SEMPRE será o nosso CLIENTE AMIGO que mais frequentou o República nestes 11 anos! Você era um amigo de mais de 13 anos... e que sempre vestiu a camisa conosco! Amava o Rep. Você era aquele amigo, que ligava todos os dias, para conversar de música e suas guitarras (sua paixão). Nosso "ASSESSOR REPÚBLICA" - como você mesmo se intitulava! rsrss... "Sócio".... sempre gostava de dar dicas sobre bandas, sobre a decoração e por aí vai... Pessoa do bem! Ficará SEMPRE em nossos corações os seus comentários inteligentes, sua imitação perfeita do Sidney Magal! Sentiremos muita saudade, mas acreditamos que sua energia boa sempre estará presente dentro do República! Descanse em paz amigo... Marcelo Toledo e Patrícia Marco Zero


"A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração. Charles Chaplin"


EPTV faz cobertura de manifestação em Santa Rita

Internauta faz homenagem ao amigo Márcio Vilela

"Uma das coisas mais legais de ter uma loja de guitarra, são pessoas que entram lá pela primeira vez, procurando alguma coisa que já sonhou ou alguma coisa que é o seu sonho do momento. Algumas dessas pessoas, depois de algum tempo, se tornam amigos da casa. Esse era um deles... o Marcio "de Minas", como ele se identificava.

Cara gente fina, engraçado pra caralho, fã de Blues, ex-jogador profissional de volei, e que me dava o prazer de sair de sua cidade em MG somente pra passar o dia na Soulshine tocando, rindo e apreciando guitarras, amps e pedais.

Partiu hoje, novo pra cacete, sem eu poder dar um abraço de despedida... Então brother, fica aqui minha pequena despedida, e tomara que tenha muita guitarra aí deste lado, pra que você seja feliz e esteja em paz! 

Abraços da familia Soulshine!!"

Por Flávio Prieto

Uma homenagem ao amigo Márcio Vilela: a trajetória da lendária banda Luxúria

Tudo começou como uma brincadeira de adolescentes em uma área ainda não construída da casa do Heryk (filho do Paulo Henrique e Rosângela), hoje pizzaria La Fornalha. Lá, o próprio Heryk, Luciano Adami (filho do Freddy e Nelma Adami) e eu, Marquinhos (filho do Professor José Maria e Terezinha), começamos a tirar algumas músicas dos Titãs e Legião Urbana. O ano era 1991 e nós éramos embalados pela grande década que passara. Nessa mesma época, havíamos acabado de montar uma rádio pirata com transmissão do alto do morro do INATEL, batizada de “Liberdade Vigiada”. No nosso programa “As 3 mais”, eu, o Juninho Gabina (Negão - filho da Nega) e Gustavo Santos (filho da Leilinha e Irineu Santos) escolhíamos os melhores rocks de todos os tempos e tentávamos aumentar a popularidade do estilo musical em uma cidade que era dominada pelo dance music e sertanejo. O Luciano havia disponibilizado um transmissor de FM na faixa dos 89.1MHz (como a antiga 89 – A Rádio Rock de São Paulo) e, de lá, a gente extravasava a vontade de ouvir rock. Fizemos um grande sucesso na época. Todo mundo sintonizava e era uma grande euforia na praça de Santa Rita. Recebíamos mensagens para serem repassadas e tinha até a famosíssima “Hora da Sapa”, programa onde selecionávamos uma grande banda de rock para contar sua trajetória. 

Nossa primeira banda acabou batizada com o mesmo nome da Rádio, como uma espécie de homenagem. No início, foi muita brincadeira e até chegamos a filmar uma apresentação. Estávamos no segundo ano da ETE e, aos poucos, íamos ficando mais entusiasmados. Desde então, passamos a ensaiar na casa do baixista Juninho Negão, praça Vista Alegre, onde havia espaço de sobra quando o restaurante da Nega não estava em funcionamento. Ainda assim, faltava alguma coisa: o vocalista! Em um dos bate-papos, durante os treinos de vôlei do glorioso Juventude (time juvenil do Country Club), convencemos o Marcelinho Cardoso (Filho do Sr. Cardoso da Autopeças) a fazer parte do time e se aventurar com o grupo.
Até ali, nem tínhamos ideia de como começaríamos a tocar de verdade. Nós não tínhamos nenhum compromisso com shows, nem mesmo apresentações. Tocávamos somente para amigos, mas já estávamos decididos a montar uma banda.

Em 1992, o Márcio Vilela, ex-jogador profissional de vôlei, resolveu retornar a Santa Rita e montar uma academia. Ele acabou se tornando nosso técnico no Juventude e foi convidado para se juntar ao grupo. Quando o Márcio nos mostrou sua guitarra e equipamentos e demonstrou interesse em tocar conosco, notamos que a coisa seria mais séria. Desde então, passamos a tê-lo como guitarrista e a banda sofreu uma reformulação. O Heryk deixou o grupo para se dedicar aos estudos na ETE, o Luciano assumiu o baixo e o Juninho pendurou as chuteiras para trabalhar no backstage.

Surgia a primeira oportunidade para tocar em um evento. Fomos convidados a participar do Festival da Canção da ETE (FECETE) em 1992 e nos preparamos, pela primeira vez, com um repertório nada convencional para as bandas de Santa Rita. Foi um sucesso.
Um novo convite. O Cassinho do Kplinha estava organizando a quinta versão de seu lendário Rally de Regularidades e aquele ano prometia ser ainda melhor do que os anteriores. Um grande palco foi montado em frente ao estádio Erasmo Cabral e faríamos um show ao lado de uma banda muito conhecida pelos alunos do INATEL chamada “Quem Não Cola Não Sai Da Escola”. Ainda com o nome de “Liberdade Vigiada”, fizemos um show eclético e, desta vez, tínhamos a companhia de um músico precoce, Ticiano Abreu (filho do Prof. João de Abreu), que introduziu teclados em nossa banda. Depois disso, muitas coisas começaram a acontecer. Passamos a ensaiar frequentemente e incluímos músicas mais sofisticadas. Os ensaios passaram a ser realizados na sede da fazenda do saudoso pai do Márcio onde não precisávamos nos preocupar com o barulho. Lá, podíamos tocar até altas horas sem incomodar ninguém. Era o paraíso para qualquer jovem roqueiro dos anos 90.

Em 1993, quando ingressei no INATEL, Ticiano decidiu seguir seu próprio caminho e deixar a banda. Ali, estávamos a procura não só de um tecladista mas também de um nome de impacto para o grupo. Certo dia, estávamos sentados eu, Luciano, Márcio e Marcelinho em uma barraca da festa de Santa Rita e pensando em um nome que pudesse traduzir o som que tirávamos. Depois de algumas cervejas e muitas risadas, o nome Luxúria foi colocado à mesa pelo Márcio. Na mesma hora todos abriram um sorriso e fizemos um brinde em nome da ideia. Só faltava achar um tecladista para manter o alto nível de músicas em nosso set list. Com o nome definitivo, tivemos a primeira experiência tocando para um público universitário. Fomos convidados para tocar na “Noite do Bixo” e, a partir dali, passamos a ser sócios de carteirinha do D.A. Inatel.

Em 1995, tivemos uma grande surpresa: o Carlão Vilela (filho do Marcos Vilela) apareceu com uma guitarra e um talento impressionante e acabou convidado para ingressar no Luxúria. Era a peça que faltava. Márcio começou a tocar guitarra solo e o Carlão segurava a base. Nessa mesma época, conhecemos o Eduardo (Ed de Volta Redonda), recém chegado ao INATEL e que tocava o mais fino do teclado. Luxúria se tornou um sexteto!

Dali em diante, passamos a tocar não só no D.A., como em grandes eventos fora de Santa Rita. Um dos shows mais marcantes foi na festa de Santa Rita de 1996, quando tocamos para um público inflamado. Naquele ano, foi montado um palco onde hoje é o ginásio Alcidão, contornado por diversas barraquinhas universitárias.  O público era especial: todos queriam nos ver porque não tocávamos “mais do mesmo”. Um grande amigo, Kiko Ribeiro chegou a dizer que as pessoas perguntavam por que a gente ria tanto e fazia tanta bagunça. E ele apenas respondia: “Eles fazem o que gostam e a galera responde”. Me lembro de tocar Offspring e Steppenwolf e, tudo o que via, era a poeira subindo e o povo pulando e cantando os refrões. A sensação  era indescritível. Naquele momento tínhamos absoluta certeza de que estávamos fazendo algo que mudaria nossas vidas para sempre.

Quando chegamos ao auge, veio também o cansaço dos últimos meses de faculdade. Pouco tempo depois, o Marcelinho se formou e foi morar em São Paulo. Eu ja estava fazendo estágio em Campinas e passamos a ter menos oportunidades para ensaiar. Nessa mesma época, perdemos o Ed, que passou a se dedicar não só ao trabalho, mas a outro projeto musical paralelo e percebemos que estava na hora de diminuir o ritmo. 
Me formei em 1998 e fui morar fora de Santa Rita. Em 2000, foi a vez do Luciano ir para Campinas/Indaiatuba. Já o Carlão, foi estudar em Belo Horizonte e, dali em diante, passamos a tocar esporadicamente.

Depois daquela grande fase, conseguíamos nos reunir apenas algumas vezes no ano, mas ainda fazíamos excelentes shows. Hoje, somos casados, pais de família e nos espalhamos por diversos cantos do país e até mesmo do exterior. O Heryk casou-se com a Flávia, tem uma filha (Júlia) e mora em Uberlândia. O Luciano é casado com a Ana Paula e mora em Indaiatuba. Marcelinho se casou com a Élida com quem teve o filho Pedro, indo morar no Rio. O Carlão virou um cidadão do mundo, mudou para BH e planeja seguir carreira no exterior. O Ed é casado e mora em Campinas. O Juninho casou com a Elaine e tem uma filha, a Helena. O Márcio continua solteirão por opção. Já eu, sou casado com a Bianca e temos uma filha chamada Clara. Nós moramos no Canadá.

A turma ainda se reúne uma vez por ano para recordar os velhos tempos e matar saudades de uma época em que fazíamos muito barulho, conquistamos muitos fãs e acabamos influenciando  algumas bandas locais como General Java, Naja e outras. Essa é a nossa história. Essa foi e sempre será a Luxúria: uma banda com tanta história que até merecia um livro.

Enviado por Marquinhos Souza

sábado, 22 de junho de 2013

SANTA-RITENSES VÃO ÀS RUAS PARA REIVINDICAR SEUS DIREITOS E DÃO LIÇÃO DE CIDADANIA

Na segunda-feira, 17 de junho, uma internauta usou uma comunidade de Santa Rita no Facebook para fazer uma reclamação. Ela acusava a COPASA de ter feito um aumento absurdo em sua conta, ao cobrar uma taxa para tratamento de esgoto. Ao mesmo tempo, em outro tópico sobre as manifestações que ocorriam pelo país, algumas pessoas discutiam a necessidade da cidade também aderir ao movimento e uma reunião foi agendada, no coreto da praça, para discutir sobre o assunto. Às 18 horas, cerca de 120 pessoas se reuniram, sentadas no gramado da praça, para debater sobre a necessidade mais urgente naquele momento. Depois de muito conversar, o grupo decidiu que deveria ser questionada a taxa cobrada para tratamento de esgoto, considerada abusiva pelos participantes. Tinha início uma manifestação que mobilizaria a cidade naquela semana. 
Ao chegar em casa, dois grupos foram criados no facebook para promover a manifestação. Com o tema "Vem pra rua Santa Rita. Manifestação pacífica contra as mazelas e a corrupção na cidade." Cartazes foram confeccionados e disponibilizados na internet para que os participantes pudessem imprimir e divulgar livremente. 

Pouco mais de 24 horas depois da criação da comunidade, cerca de 500 pessoas haviam aderido ao protesto e a manifestação ganhou força. Em todos os lugares, o assunto da vez era se a população iria aderir ao movimento e se algum ato de vandalismo seria visto entre os participantes.
Na data marcada, os manifestantes começaram a tomar conta da pracinha da Câmara Municipal que havia passado por uma reforma emergencial e ganhado iluminação naquele dia. Meia hora antes, diversas viaturas foram espalhadas em pontos estratégicos e mantiveram uma certa distância para dar liberdade aos participantes. Crianças, muitas crianças, traziam cartolinas pintadas com canetinha, rostos pintados e camisetas amarelas. A maioria, entretanto, era de estudantes com faixas e cartazes.

A temática das manifestações se dividiu entre reivindicações locais e nacionais. Enquanto alguns jovens pediram a reprovação da PEC 37, outros queriam "o fim da indicação de cargos por vereadores", "a redução da taxa de esgoto" e "melhorias na qualidade do transporte público".

No horário marcado, cerca de 1500 pessoas formaram um bloco compacto e rumaram para o escritório da COPASA, bem próximo ao local onde os protestos começaram. Neste momento, todos perceberam que a cidadania daria o tom daquele evento. As pessoas sequer se posicionaram na calçada. Os manifestações mantiveram uma distância considerável do prédio da empresa de saneamento, gritaram frases que pediam a redução da taxa e vaiaram o valor que consideravam abusivo.
Em seguida, os manifestantes se dirigiram à praça, onde fariam uma parada estratégica. No trajeto, pediram para as pessoas que estavam nas janelas para que aderissem à manifestação com os gritos de "Vem pra rua!". Como em Santa Rita todo mundo conhece todo mundo, foi engraçado ver os manifestantes chamarem as pessoas pelo nome e pedir que participassem.

Ao ocupar a praça, a multidão de manifestantes era de cerca de 2000 pessoas. No coreto, alguns santa-ritenses questionaram vários pontos críticos que assolam o município e o país. Em seguida, a multidão desceu a rua Francisco Moreira da Costa fazendo muito barulho. Os passos eram rápidos. Muitas personalidades locais aderiram ao protesto e emprestaram uma credibilidade ainda maior às reivindicações.
Como o horário do protesto coincidiu com a passagem do caminhão de recolhimento de lixo, alguns sacos estavam amontoados nas esquinas, mas nenhum manifestante cogitou tocar neles. Naquele dia, deu orgulho de fazer parte daquela comunidade tão consciente e que mostrava que as mudanças que o país precisa devem partir da educação. Nenhum jovem estava com lata de cerveja na mão. Nenhuma bandeira partidária. Nenhum gesto hostil. Estava tudo perfeito.

Ao se aproximar da prefeitura, os manifestantes começaram a andar de costas para indicar que eram contra uma série de hábitos que reprovam na administração pública municipal, uma vez que - nos últimos 20 anos - apenas dois prefeitos terminaram seus mandatos. Jovens bradavam contra o nepotismo, contra o tráfico de influência, contra a doação de casas populares que só privilegiam uma parte da população, contra a baixa qualidade da saúde pública, contra o baixo efetivo policial e a alta criminalidade, contra as negociatas partidárias e pelo apoio a outras modalidades esportivas e à cultura do município.
Diante do Paço Municipal, os manifestantes se sentaram na rua e mantiveram uma distância considerável do prédio público. Nesse momento um manifestante pegou o megafone para pedir uma investigação profunda da denúncia de tentativa de extorsão dos donos de um parque durante a Festa de Santa Rita, registrada através de uma suposta gravação.

Em seguida, os protestos ganharam a Avenida Frederico de Paula Cunha. Apesar dos manifestantes gritarem que iriam à Nova Cidade, estava claro que o objetivo do grupo era fazer com que o prefeito tomasse conhecimento dos protestos. Pouco antes de chegar à Praça Benedito Marques, residência do representante que acaba de iniciar seu quarto mandato, um manifestante tomou a palavra para pedir respeito ao prefeito e teve suas frases repetidas por quem estava perto para que a mensagem fosse ouvida por todo o grupo.
Ao chegar à casa do prefeito, os cartazes foram colocados no chão para que fossem lidos da sacada e os manifestantes pediram pela presença do homem público. Corajosamente, Jefferson Gonçalves Mendes acendeu as luzes da garagem e desceu as escadas na companhia de sua esposa e de seu filho, enquanto os participantes cantavam o hino nacional. O prefeito recebeu um megafone e afirmou que aquele protesto era legítimo e que também reprovava as mazelas do Brasil. Em seguida, afirmou que iria ao fórum e que entraria com um processo contra a COPASA, na segunda-feira (dois dias depois). Acompanhado pela EPTV e por cinegrafistas locais, Jeffinho afirmou que era um político idôneo e que se fosse constatado qualquer ato de corrupção em sua carreira, faria questão de ir para a cadeia. Os manifestantes o aplaudiram e ele entrou na multidão. Nesse momento, a maionese esteve bem perto de azedar.

Apesar do clima ser bem pacífico, alguns manifestantes o agrediram verbalmente e o prefeito discutiu com alguns deles. Outros santa-ritenses aproveitaram a oportunidade para pedir pessoalmente ao prefeito que tomasse algumas iniciativas que consideravam importantes. Algumas pessoas abraçaram o prefeito e ele assumiu a dianteira da passeata, enquanto cumprimentava as pessoas que estavam em suas casas. Nesse momento, muitos participantes do manifesto não aprovaram a atitude do prefeito e ele foi vaiado. O prefeito dizia: "Eu estava jantando quando eles me tiraram de casa e pediram para que eu viesse aqui. Agora estão reclamando?" A afiliada da Rede Globo tentou entrevistá-lo. A multidão vaiou e o acusou de oportunismo. A repórter desistiu e um garoto, bem atrás do prefeito, abaixou um cartaz com os dizeres "Mais recheio no Pastel". Os manifestantes começaram a gritar que o prefeito deveria ir atrás e correram à frente da passeata.
Novamente em frente à prefeitura, os manifestantes sentaram-se e um líder pediu para que as pessoas se politizassem e tomassem consciência dos diversos tipos de manipulação a que os brasileiros têm sido submetidos. Um jovem da Nova Cidade pediu para dizer que ele representava o bairro. Uma moça pediu para que o prefeito cancelasse a proibição de seu pula-pula na praça e a multidão gritou "queremos pula-pula" enquanto o líder esboçava um sorriso. A EPTV assediou alguns jovens depois de entrevistar uma garotinha de 5 anos que mostrava que estava aprendendo a ser cidadã ao dizer que queria "menos dever de casa". Um entrevistado criticou o abismo social entre a cidade e a Nova Cidade, separadas "por um fio de calçamento".

No final, a multidão se dirigiu novamente à praça. Ao passar em frente a um velório, os manifestantes fizeram total silêncio. A multidão começou a se dissipar até chegar à Matriz, onde todos se despediram e retornaram às suas casas com a alma lavada. Valeu a pena.

(Carlos Romero Carneiro)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Polícia Militar dá dicas para a manifestação em Santa Rita


Ultramaratonista santa-ritense consegue visto para correr nos Estados Unidos

Clique na imagem para assistir à reportagem.
Após dois meses de angústia, a felicidade voltou a estampar o rosto do ultramaratonista Eduardo Silvério Calisto, de Santa Rita do Sapucaí (MG). O atleta finalmente teve o visto aprovado pelo consulado norte-americano e agora vai disputar a Ultramaratona no Deserto do Vale da Morte, nos Estados Unidos, uma das mais duras do mundo.
No final de abril, Eduardo parecia sem esperanças. A equipe toda tinha conseguido o visto para ir aos Estados Unidos e só o dele havia sido negado. O atleta fez o pedido como turista, comprovou que trabalha como pedreiro e declarou renda de cerca de R$ 800. Mas com persistência e força de vontade, Eduardo conseguiu o documento.
"Eu estou bem animado, diferente de antes quando eu tinha vontade de chorar. Agora estou feliz", diz o ultramaratonista.
Eduardo começou a correr por hobby há 17 anos. Hoje, aos 43 anos, já participou de mais de 30 competições - só no ano passado foram 24 pódios. O atleta inclusive conquistou o bicampeonato da Ultramaratona BR-135, de 217 quilômetros, completando a prova em 25h36m, quebrando o próprio recorde que era de 26h20m. A vitória rendeu a Eduardo o convite para participar da ultramaratona nos Estados Unidos, que acontece entre os dias 15 e 17 de julho. Será a primeira vez que o atleta sai do Brasil.
Fonte: EPTV

VEJA UM RESUMO DO QUE ACONTECEU NAS REDES SOCIAIS, ANTES DA MANIFESTAÇÃO DE SEXTA

Santa Rita do Sapucaí trouxe as manifestações ocorridas no país para o contexto local e a população tem feito uma série de reivindicações nos dias que antecedem uma Passeata Cívica (21 de junho - sexta - 18h - saída em frente à Câmara municipal) pelo fim da corrupção e das mazelas do município.  Até o momento, 1028 pessoas confirmaram presença no evento mas sabe-se que um grande número de pessoas (que não utilizam as redes sociais) também estarão presentes.

A manifestação está prevista para acontecer a partir das 18 horas e sairá da Praça da Câmara Municipal. O evento terá o apoio da Polícia Militar. O trajeto está previsto para passar pela Rua Antônio Paulino. Em seguida, os manifestantes farão uma parada em frente ao coreto da praça, onde poderão se manifestar livremente. Militantes partidários serão censurados. A passeata descerá para rua Cel. Francisco Moreira da Costa e caminhará pela Avenida Delfim Moreira, até a prefeitura. O evento terá a cobertura da imprensa local e de emissoras de TV. A partir do conteúdo gerado na manifestação, será produzido um documento a ser entregue ao Prefeito Jefferson Gonçalves Mendes para que represente a população no cumprimento das reivindicações.

Veja algumas reivindicações:

Internauta questiona o apoio excessivo do futebol, em detrimento de outros esportes:
Internauta questiona o valor da taxa de água:
Internauta questiona despejo de esgoto no rio, sem tratamento:
Internauta solicita apoio à cultura:
Internauta critica serviço prestado pela empresa responsável pelo transporte público do município:
Internauta critica COPASA:

Outras reinvindicações, até o momento, foram:

- Redução das taxas de tratamento de água e esgoto, através de revisão de contrato com a COPASA.

- Melhores Condições do Transporte Público.

- Coibir o desvio de funções. Exercício, pelo titular de um cargo ou emprego, das funções correspondentes a outro.

- A extinção do nepotismo.

- Coibir a prática de políticos influentes indicarem seus parentes e amigos a ocuparem cargos estratégicos, dentro da administração pública.

- População pede que quando a COPASA realizar uma obra que refaça o calçamento e deixe a pista em perfeitas condições, sem desníveis ou serviços pela metade.

- Que a verba destinada aos esportes seja dividida entre as várias modalidades do município.

-Colocar em prática as definições que constam no Plano Diretor.

- Criação de um Sistema na internet que mostra, em tempo real, os gastos da Prefeitura e da Câmara Municipal.

- Investigação das suspeitas de corrupção/extorsão.

- Realização de um serviço de engenharia de tráfego para melhorias do trânsito no município.

- Redução da violência no município.

- Aumentar o contingente policial no município. 

O internauta Laudo Vilela publicou algumas orientações aos manifestantes:

1 - Nada de queimar lixeiras. Nós já temos pouquíssimas e não precisamos delas queimadas.

2 - Nada de queimar ônibus ou automóveis. Se os ônibus que já temos são ruins, imaginem queimados. 

3 - Aliás, nada de queimar nada. A camada de ozônio e o planeta terra agradecem.

4 - Lembrem que nossas cidades tem muitos prédios históricos e são marcas da nossa sociedade. Nada de depredar.

5 - A nossa luta é IDEOLÓGICA e não física. Vamos lutar usando aquilo que os políticos pensavam que não tínhamos: O CÉREBRO!

Muito foi falado sobre o caráter pacífico da Manifestação:
O internauta Diego Das se manifestou contra a presença de bandeiras de partidos e grupo políticos "infiltrados":
O internauta Diego Das também se manifestou sobre "infiltrações":
Dalton Hadd também se manifestou contra a presença de bandeiras partidárias:

A Câmara Municipal publicou um documento em que afirma ser contra o aumento na taxa cobrada pela COPASA e pedindo ao prefeito que negocie com a prestadora de serviços:
O Internauta Giácomo Costanti criou uma petição virtual para redução nas taxas da COPASA, através do seguinte descritivo: 

"A população de Santa Rita do Sapucaí, apreensiva com a sobrecarga financeira representada pela cobrança de tratamento de esgoto que entrou em vigor recentemente, apela que Prefeitura e COPASA negociem pela redução da tarifa de água e, consequentemente, de condução e tratamento de esgotos". 

Até o momento 878 assinaram o documento que pode se encontrado neste link: 
O site blog Vale Independente publicou uma cópia do contrato com a COPASA para análise e sugestões dos internautas:

Participantes do Movimento colaram cartazes pela cidade:
Imagem: Vale Independente.

DIFUSORA AM ENTREVISTA PREFEITO JEFFERSON GONÇALVES MENDES

segunda-feira, 17 de junho de 2013

SANTA-RITENSES PLANEJAM MANIFESTAÇÃO PELA MELHORIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS.

PROTESTO ESTÁ MARCADO PARA SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO, ÀS 18 HORAS, COM SAÍDA EM FRENTE À CÂMARA MUNICIPAL

Há quase 10 anos as pessoas tentam se mobilizar através das redes sociais sem sucesso. Até então, o que mais se via eram grupos expressarem suas opiniões nas comunidades, demonstrarem indignação diante das mazelas do poder público, mas nada ia além do mundo virtual. 
Santa-ritenses se reúnem na Praça Santa Rita para gerar manifestação
em torno de melhores condições dos serviços públicos.
Com o amadurecimento dos usuários e com o aprimoramento das ferramentas virtuais, surgiram algumas manifestações contra a corrupção ou contra iniciativas duvidosas do poder público (em todas as esferas), mas faltava um objetivo concreto. As pessoas lutavam contra a corrupção, a favor da liberdade de opinião e de outras ideologias, mas tudo era muito vago e sem um clamor bem definido.
Santa-ritenses se reúnem na Praça Santa Rita para gerar manifestação
em torno de melhores condições dos serviços públicos.
O que se viu, no entanto foi que uma simples manifestação pela redução de 20 centavos no passe do transporte público em São Paulo tomou grandes proporções quando - enfim - as pessoas definiram um objetivo claro. A população compreendeu o recado, percebeu que o que estava em jogo era um questionamento à moralidade e centenas de  cidades aderiram ao movimento nos últimos dias.
Santa-ritenses se reúnem na Praça Santa Rita para gerar manifestação
em torno de melhores condições dos serviços públicos.
Em Santa Rita do Sapucaí, sempre houve um descontentamento com os rumos da administração pública e suas consequências, mas também não havia um motivo claro para produzir uma manifestação. Com o surgimento de mobilizações pela moralidade, nos mais diversos cantos do Brasil, dezenas de pessoas perceberam a possibilidade de promover mudanças e foi isso o que aconteceu hoje, na praça Santa Rita.
Santa-ritenses se reúnem na Praça Santa Rita para gerar manifestação
em torno de melhores condições dos serviços públicos.
Tudo começou quando uma garota adentrou uma comunidade no Facebook para reclamar do aumento no preço dos serviços de tratamento de água e esgoto. Com aquela ideia em mente, centenas de santa-ritenses foram convocados a comparecer na praça da Matriz às 18 horas e o chamado foi atendido por cerca de 120 pessoas, de todas as idades.
Santa-ritenses se reúnem na Praça Santa Rita para gerar manifestação
em torno de melhores condições dos serviços públicos.
Além de representantes da imprensa, o movimento contou com a participação de 3 vereadores (José Márcio, Daniel do José Arthur e Rodrigo Sapinho), além de advogados, profissionais liberais e cerca de 100 estudantes.
Santa-ritenses se reúnem na Praça Santa Rita para gerar manifestação
em torno de melhores condições dos serviços públicos.
Para dar início ao movimento com o objetivo de promover mudanças locais, vários temas foram sugeridos e os presentes demonstraram interesse em cobrar melhorias dos serviços prestados pela COPASA, bem como uma redução nas taxas praticadas pela empresa.
Santa-ritenses se reúnem na Praça Santa Rita para gerar manifestação
em torno de melhores condições dos serviços públicos.
Dentre as várias reclamações direcionadas à empresa de saneamento, foram questionados "a péssima qualidade dos serviços de calçamento oferecidos, após as obras", "a cobrança do serviço de tratamento de esgoto, uma vez que a obra ainda não foi concluída", "o valor da taxa de fornecimento de água e tratamento de esgoto", dentre outras reivindicações.
Santa-ritenses se reúnem na Praça Santa Rita para gerar manifestação
em torno de melhores condições dos serviços públicos.
A manifestação - pacífica, diga-se de passagem e sem conexão partidária - foi marcada para sexta-feira, às 18 horas, com saída da Câmara Municipal de Vereadores. A passeata passará por diversas ruas do centro da cidade até chegar em frente à prefeitura, onde será entregue uma solicitação ao prefeito Jefferson Gonçalves Mendes com pedido de melhorias e de que seja estabelecida uma definição de prazo para um parecer sobre o andamento das solicitações feitas à empresa contratada.

ATENÇÃO: MANIFESTAÇÃO PACÍFICA. NINGUÉM VAI SER ESTÚPIDO DE DESTRUIR O NOSSO TÃO PRECÁRIO PATRIMÔNIO. CASO ALGUM VÂNDALO SE INFILTRE NO GRUPO SERÁ IMEDIATAMENTE ENTREGUE À POLÍCIA E COIBIDO PELA POPULAÇÃO. NINGUÉM PRECISA DE BANDEIRAS DE PARTIDOS, MUITO MENOS DE TERRORISTAS DISFARÇADOS.

IMAGENS: BREINER VALCANTI.

Festa Junina da ETE


Assista ao Trailer da peça "A Gaivota" que terá entrada franca no dia 6 de julho

 
Trailer A Gaivota - TAETEC from TV ETE on Vimeo.

Vote na filha de uma santa-ritense para concurso de dança do SBT

A garota no centro da imagem é filha da santa-ritense, Maria Clélia Leite, e pede o voto dos conterrâneos na disputa que acontece no programa "Concurso de Dança", do SBT. Eu ainda não assisti, mas minha filha número 5 assistiu e disse que é muito bom. Entre no link abaixo e vote na "Cia Clube Latino". Basta colocar o número do CPF e clicar no grupo. É nóis.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Pe. Furusawa - 50 anos dedicados à ETE FMC

Motoyasu Furusawa nasceu no dia 21 de setembro de 1920, no sul do Japão, em uma península chamada Kuiamoto. Chegou ao Brasil aos nove anos de idade, depois de uma viagem de navio que durou 40 dias e, juntamente com sua família, foi morar no interior de São Paulo, numa cidade na divisa com o Mato Grosso, chamada Segunda Aliança, onde trabalharam com agricultura por seis anos, até mudarem para a capital paulista.
Padre Furusawa ingressou na Companhia de Jesus em 1940, tendo sido ordenado 10 anos depois, na Espanha. Atualmente com 93 anos, completa Bodas de Ouro de dedicação a ETE FMC. Chegou em Santa Rita do Sapucaí em maio de 1963, um ano depois de formada a primeira turma da Escola e já atuando como Professor de Eletricidade e Eletrônica. Esteve nas salas de aula até 1991, quando sofreu um acidente de bicicleta que gerou algumas fraturas. Parou de lecionar, mas continuou monitorando o Laboratório de Eletricidade.

Padre Furu, como é carinhosamente conhecido, trouxe muitas benfeitorias ao longo destes 50 anos, entre as quais podemos destacar toda a instalação elétrica dos prédios da ETE FMC. Também foi o criador do sistema de aquecimento solar dos antigos alojamentos que, na época, era mais eficiente do que os disponíveis no mercado.

Padre. Furusawa desenvolveu um método de construção de transformadores que foi muito usado por vários anos nas indústrias de Santa Rita do Sapucaí, e teve participação ativa nas obras lideradas pelo saudoso Padre Vaz.

Com personalidade reservada, Furu se dedicava às aulas e a cuidar dos alojamentos. Suas principais atividades eram voltadas aos alunos: sempre colaborou o funcionamento dos trabalhos de ProjETE e auxiliava na realização da feira.  As fontes de alimentação utilizadas pelos alunos no evento foram confeccionadas pelo próprio Furusawa com ajuda da equipe de manutenção, a partir de material de refugo doado por empresas do Vale da Eletrônica.

No início da construção da Escola, os laboratórios foram equipados com aparelhos usados, doados pela Marinha de Guerra do Brasil, pela Alemanha e países do leste Europeu. Frequentemente chegavam caminhões cheios de sucata e os alunos orientados pelo Padre Furusawa reformavam os materiais e os transformavam nos equipamentos a serem usados em salas de aula.

Querido por todas gerações de alunos e por toda comunidade local, orgulha-se te ter sido contemplado com Título de Cidadão Honorário Santa-ritense. Em seu laboratório ainda restam provas de suas ações, como as plantas elétricas da ETE com sua letra e cálculos, agenda com anotações, o trem eletromagnético e diversos outros projetos desenvolvidos por ele.

(Andréa Pedroso)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

SANTA RITA DO SAPUCAÍ DESPEDE-SE DE ALICINHA BARACAT

O EMPÓRIO HOJE ESTÁ DE LUTO PELO FALECIMENTO DE NOSSA QUERIDA AMIGA, ALICINHA BARACAT. ESTA FOI, SEM DÚVIDA, UMA DAS PESSOAS MAIS ESPECIAIS QUE A CIDADE JÁ CONHECEU E FARÁ UMA FALTA IMENSA PARA TODOS NÓS, SANTA-RITENSES.  
AOS FAMILIARES DE UMA DE NOSSAS MAIORES
CONTERRÂNEAS, OS NOSSOS MAIS PROFUNDOS SENTIMENTOS.
ATÉ A PRÓXIMA, ALICINHA. 
SENTIREMOS A SUA FALTA.
UM BATE PAPO COM MARIA ALICE BARACAT

A senhora morou na Avenida Delfim Moreira na infância?

Eu estava lendo a última edição e gostei muito daquela foto que mostrava o início da rua da pedra. Eu me lembro muito bem daqueles carros de boi, voltando para a roça. Geralmente eles vinham do Bom retiro, do vintém, daqueles lados. Isso me deu muita saudade dos tempos de criança. Nessa época eu morava na primeira quadra da avenida, perto da rua da ponte. Era a última casa do primeiro quarteirão. Ao lado da minha ficava a chácara da Dona Antonieta. Essas eram uma das únicas casas da avenida. Somente no último quarteirão é que tinha algumas outras construções. No final da avenida ficavam a Escola Normal, o prédio do seminário, a casa da Dona Adélia e a residência do senhor Zequinha Adão.


Quais era as suas brincadeiras na infância?


No carnaval, haviam dois blocos: o Democráticos e o Ride Palhaço. A gente via aqueles blocos luxuosos desfilarem e, quando chegávamos em casa, queríamos fazer os nossos bloquinhos na calçada. Nós brincávamos muito disso. Pegávamos uns caixotes de madeiras, colocávamos rodinhas, enfeitávamos de papel crepon e dizíamos que eram os carros alegóricos.

Outra coisa que nós gostávamos era de teatrinho. Na casa do senhor Teixeira, onde morou também o pessoal do Pedro Andare, tinha um porão grande onde a gente fazia teatrinho. A entrada era um palito de fósforo, mas não podia ser riscado. (risos) Ali nós dançávamos e nos apresentávamos em cima de caixotes.

Depois de algum tempo, quando nos mudamos para a rua da ponte. eu me afastei dos meus amigos de infância, como o Marcos Flávio, e só voltamos a nos unir muitos anos depois para formar o Bloco Bandalheira e um grupo de teatro chamado GRUTA.


Como era o Bloco Bandalheira?


Quando o Bloco dos Democráticos ou o Ride deixavam de desfilar, surgiam os blocos para tentar animar. Mesmo os bailes do clube, quando não tinham os blocos não era a mesma coisa. Daí apareceram bloco como o “Milhonários da Alegria”, a “Escola de Samba do Tonico”, o “Hora H” e o “Bafo da Onça”. Lembro que a gente sempre ia atrás da bateria do Tonico para poder aproveitar o som, porque no nosso bloco não tinha. Nós não tínhamos dinheiro para fazer nada muito elaborado.


A senhora ajudou a fundar o Feirão Folclórico?


Criamos em 1981. Era um grupo muito bom. Naquela época, já existia um festival de música sertaneja promovido pela Emater e nós resolvemos criar um evento maior. Nós tivemos uma ajuda muito grande da Dona Terezinha e das filhas dela. Também participaram da criação do projeto o Marcos Flávio, o Victor Grilo. o Nando Almeida, a Eliana Miranda e a Célia Rocha. Foi um sucesso. Naquele mesmo ano, também ajudamos a criar o primeiro Desfile de Cavaleiros. Aquilo movimentou muito a cidade.

Fico muito feliz de ter participado. Foi um momento muito inspirado de nosso grupo ter criado o Feirão Folclórico. O evento até desapareceu um tempo. mas agora eu parabenizo o prefeito e a Secretaria de educação, por terem entusiasmo de fazerem acontecer.


Como foi a sua juventude na cidade?


Eu gostava muito de ler. Tudo o que caía na minha mão eu lia. Nós tínhamos uma grande vontade de conhecer alguma coisa diferente mas nós não íamos muito a outros lugares. Eu falava para o meu pai: “Com tanta cidade no mundo como Paris, Rio de Janeiro ou São Paulo e o senhor muda do Líbano e vem logo para Santa Rita? Aqui não tem nada pra ver!” Daí ele respondia: “E o que é que eu ia fazer em Paris com esse bando de crianças?” (Risos) De fato, os libaneses faziam isso mesmo. Eles viam para as pequenas cidades e crescia junto com elas. Tanto que a rua da ponte era de maioria Libanesa.


O que o seu pai fazia?


O meu pai (Dib Baracat) tinha uma loja de eletrodomésticos. Chamava “Casa do Rádio”. Ele também vendia tecidos para confecção de ternos, corte de seda natural e outras coisas. Ele tinha muito bom gosto. Ia para São Paulo e comprava cortes de seda lisa e estampada. Sua preocupação era nunca repetir dois cortes iguais. Ele sabia que, como a cidade era muito pequena, se fizesse isso, teria problemas. Infelizmente ele morreu com 59 anos.


Como era viver na rua da Ponte?


Eu gostava muito. Nunca me esqueço quando o trem chegava. Nós conseguíamos ouvir a maria fumaça lá da rua de casa e víamos diversas charretes passarem com os viajantes que chegavam à cidade. Todo dia o senhor Chico, aquele senhor que sempre puxou uma carrocinha com dificuldades na rua, passava em frente de casa carregando o rolo de filme que ia passar no cinema.


Como era a sua época de escola?


Na minha época de escola nossa turma era a mais espoletada. Como eu não tinha irmãs, fazia as mesmas coisas que os moleques faziam. No meu tempo de Colégio Sinhá Moreira, que ainda era chamado Escola Normal, tinha uma dessas caixas de abellhinhas minúsculas. Uma vez eu pedi para ir ao banheiro - a gente pedia para ir à “casinha” - e matei a vontade que sempre tive de cutucar aquelas abelhinhas com um pedaço de pau. Quando eu mexi lá, aquelas abelhas ferveram e foi uma coisa louca. A escola inteira ficou cheia daquele bichinho. Aquilo me rendeu um castigo feio! (Risos)

A senhora lembra de outra história da Escola Normal?

Lembro também quando eu estava no primeiro ou segundo ano primário, estudava no segundo andar e chegaram falando que o Chiquinho da Borda tinha aparecido no prédio da escola. Chiquinho era o famoso “coisa ruim da Borda”. Um diabinho que aparecia naquela cidade e que causou medo na região inteira. Quando surgiu aquele boato, foi aquele alvoroço e todo mundo ficou morrendo de medo. Ninguém queria descer as escadas. Teve menina que queria pular lá de cima. Até pra eu dormir foi difícil. Isso foi uma coisa que apavorou a gente. (Risos)


Quais são as coisas que mais marcaram a senhora?


Uma coisa que ficou muito marcada na minha memória foi a chegada dos Expedicionários. Eu ainda era muito criança, mas foi uma alegria muito grande quando eles retornaram à cidade. Lembro que eu vi o expedicionário João Adami, que era meu vizinho, e aquilo me trouxe uma alegria muito grande. Do portão da minha casa, eu não sabia se ria ou chorava. Outra coisa que não sai da minha cabeça eram as brincadeiras na praça. Eu acho que não tem uma única pessoa que tenha vivido em Santa Rita e não tenha escorregado no coreto. Aquilo não pode morrer.


Conte-nos sobre o seu irmão Marcos Baracat


Quando nasceu o meu irmão Marcos (Baracat), em 1945, a minha avó estava lá em casa. Ela era uma pessoa boníssima, mas nunca deixava a gente chegar ao portão. Quando ela vinha para a nossa casa a gente sempre ficava sem poder sair. Naquela época eu era tão ingênua que nem percebia que a minha mãe estava esperando neném. Ela ficava grávida e a gente nem sabia.

No dia em que ele ia nascer, a minha avó acordou a gente cedinho e pediu para a gente ir brincar na rua. A gente achou estranho ela ter mandado a gente brincar. Foi aí que o meu irmão Jorge sugeriu que nós fôssemos até a esquina da estamparia brincar. Nós fomos e levamos juntos o Emil e o Mansur. Para nós era uma aventura. Quando nós chegamos na metade do caminho, notamos que estavam virando lá na esquina da estamparia uma boiada. Nós tivemos que pegar as crianças mais novas, colocar no colo e chegar correndo em casa. Foi um sufoco. Quando entramos no portão, já escutamos um choro. Era o Marcos (Baracat) que tinha acabado de nascer.

Como era o Marcos na intimidade?

Era uma pessoa incrível. Não digo isso por ser meu irmão, mas o Marcos era uma pessoa especial em termos de levar alegria a todo lugar onde ia. Uma vez, ele com os amigos resolveram matar um carneiro nos fundos de casa. Junto com a turma toda, havia um rapaz chamado Rodolfo ou Lindolfo, ajudando. Quando terminaram de preparar a carne, eles deram uma saída e, quando voltaram, viram que os miúdos do bicho tinham sumido. Depois de muito tempo foi que eles perguntaram para o tal Lindolfo, que falou: “Uai, Baracat! Eu pensei que era pra levar pra minha casa!” Daí o Marcos respondeu: “Olha meu filho, você tá pensando muito! Eu vou botar um camisolão branco em você e deixá-lo em baixo do abacateiro pra ver se você escreve alguma coisa bonita pra nós! (risos)

O Marcos tinha as trapalhadas dele, fazia muita graça, mas foi uma pessoa de muita fé. Tinha dia que ele dormia com o terço na mão. Infelizmente, os meninos lá de casa foram embora muito cedo. Nós tínhamos as nossas brigas, que chamávamos de “Baracat Brigas LTDA”, mas foi um tempo muito gostoso. Era tudo muito bom.