quinta-feira, 6 de junho de 2013

Ele sobreviveu a acidentes, cuidou da segurança das comunicações do Presidente Lula e agora vive aqui

Nascido em 1955, Dilno Pereira Lopes tomou conhecimento de Santa Rita do Sapucaí, por acaso. Como era um dos melhores alunos de um cursinho, em Piracicaba, o adolescente foi enviado para prestar vestibular no Inatel para promover a instituição que cursava e passou em 1º lugar. A decisão de estudar aqui só foi tomada ao ser convidado a conhecer os laboratórios. “Eu nunca tinha visto nada parecido. Eles tinham grande quantidade de equipamentos que eu nem imaginava que existiam.” 
Ao chegar em casa, o pai de Dilno concordou em bancar os estudos no 1º ano. Do 2º em diante, ele teria que se virar. “Como ainda não existia o crédito educativo, eu consertava rádios, restaurava alto-falantes e dava aulas particulares. Depois de algum tempo, montei um som potente e começaram a nos chamar para animar as festas. O pessoal da república adorava, porque podia comer e beber de graça.”

Em setembro de 1974, em uma das viagens que fez, na volta de casa, a bordo de um ônibus da Transul, um fato mudou para sempre a vida do estudante. Enquanto seguia viagem, o veículo chocou-se com um trem e apenas 3 dos 11 passageiros sobreviveram: Dilno, Diomar e Dair. “Eu não me lembro de nada. Só sabia que era a quarta vez que eu escapava da morte. Antes, sobrevivi a dois afogamentos e a um acidente de carro.”

Dilno conta que, ao retornar a Santa Rita, centenas de pessoas passaram a visitá-lo e a República Ku-Kum-Ká passou por um momento de prosperidade: “A hospitalidade dos santa-ritenses é uma coisa extraordinária. As pessoas me mandavam frutas, bolos, sopas, sucos e tortas. Eu recebi inúmeras visitas e me senti querido pela população.”

Assim que se formou no curso operacional, começou a lecionar no Sinhá Moreira, já que o então professor Manoel Colchette havia tirado licença. Nesse período, conheceu sua futura esposa, Marilda Nassar, que cursava o 3º ano colegial, no período noturno. Ao chegar ao último semestre do curso de Complementação, Dilno passou a lecionar em Campinas e, com a verba extra, deu até para comprar um TL, conhecido como Baratão.

Em 1978, o engenheiro se casou e passou a trabalhar na multinacional japonesa NEC, em São Paulo. Quatro anos depois, foi admitido no CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) e participou da criação de 3 gerações de centrais telefônicas com tecnologia nacional. 
Em 2003, Dilno foi convidado por um antigo colega de trabalho a se tornar Coordenador Geral de Telecomunicações da Presidência da República. Aos 48 anos e com uma carreira estável, o que o motivou a aceitar o desafio foi a intenção de fazer parte de algo realmente importante ao Brasil. “Nessa hora, lembrei-me dos acidentes dos quais havia sobrevivido e entendi a oportunidade como uma missão traçada por Deus para mim. Ao assumir o cargo, os equipamentos eram muito obsoletos. Um dos meus principais trabalhos foi atualizá-los.”

Cinco anos depois, convidado pela Ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, Dilno assumiu o cargo de Diretor de Telecomunicações da Presidência e tornou-se o responsável por tudo o que estivesse relacionado à telecom e segurança eletrônica do presidente Lula e de seus principais ministros. 

Como lidava com assuntos muito delicados, Dilno atuava diretamente com a equipe governamental. No período em que a então Ministra da Casa Civil (futura presidente) Dilma Roussef ficou doente, foi necessário que ele e sua equipe criassem todo um aparato tecnológico para que as ligações não fossem interceptadas. “Nunca tivemos notícia de algum grampo enquanto estive lá.” - conta. 

Quando o presidente Lula empreendia suas viagens, Dilno chegava dois dias antes e codificava todas as comunicações. “Eu me encontrava mais com o Presidente, no exterior, do que no Brasil. Nessa época, viajei para dezenas de países, levando um aparato de quase meia tonelada em equipamentos ultra-sofisticados.”
Ao se mudar para Brasília, Marilda, esposa do engenheiro, trabalhava como culinarista em Campinas e havia criado, dentre outras receitas, uma torta sorvete, que acabou ficando famosa e depois batizada como Torta Holandesa por uma empresa que a industrializou e hoje é vendida em todo o Brasil. Certo dia, Lula soube do talento da esposa de Dilno no preparo de sobremesas e passou a realizar encomendas. “Ele sempre pedia merengue de morango para levar aos filhos em São Paulo.” - lembra.

Em 7 anos de trabalho intenso, Dilno conta que sua filha casou, teve dois filhos e ressente-se de não ter participado de nada disso. Por este motivo e por ter a sensação do dever cumprido, decidiu pedir afastamento e ter uma vida menos estressante, ao lado da família. Depois que deixou a Direção de Telecomunicações da Presidência, Dilno foi contratado pela Telefônica e, ao sair dela, passou a prestar consultorias. Certo dia, em uma feira de tecnologia, encontrou-se com Marcos Vilela, sócio da Leucotron que o convidou a trabalhar em Santa Rita. “Para mim, a Leucotron é como uma família. Eu aposentei meus ternos, vou de bicicleta ao trabalho e estou muito contente com a nova vida. A Marilda também está gostando muito e deu continuidade à sua empresa, chamada “Fina Gula”, onde comercializa, pelo Facebook, os produtos que foram tão apreciados pelo Presidente. Para mim, foi uma oportunidade incrível de retornar a esta cidade que tanto amo.”

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3 comentários:

  1. Muito interessante essa trajetória de vida e o que que fica de ensinamentos. Quase sempre não é possível, nem recomendável, que tracemos rotas rígidas em nossas vidas. O importante é estar preparado e abraçar os desafios na medida em que surgem.

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  2. Muito legal...interessante! Serve como incentivo aos novos profissionais de Santa Rita. Parabéns

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