sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Comba telecom inicia piloto para produção local em Santa Rita do Sapucaí

A chinesa Comba Telecom desenvolve antenas de baixo impacto visual e aguarda regulamentação de small cells para bater o martelo quanto a nacionalizar a produção. 
 
A Comba Telecom é uma empresa chinesa, que abriu capital na bolsa em 2003. Em 2006, a empresa abriu escritório no Brasil e este ano conquistou seus maiores contratos, em termos de complexidade e receita, ao fornecer e implantar a cobertura de telecomunicações nos estádios da Copa das Confederações. Diante das boas perspectivas para o mercado de small cells, a companhia já fala em produção nacional em Santa Rita do Sapucaí e desenvolvimento de antenas com baixo impacto visual para postes de luz, anúncio luminoso e até em formato de pedra, conforme explica o diretor geral da companhia para o Brasil, Johnny Brito.

TeleSíntese: Vocês são fornecedores de small cells. Como vocês receberam o início do uso pela TIM e quais as perspectivas para o mercado brasileiro?


 Johnny Brito: Nós, fabricantes, vemos esse mercado com grandes oportunidades e possibilidade de bons resultados, especialmente na área de dados. Quando falamos de small cells, pensamos que o investimento em infraestrutura pelas operadoras será maior, já que o número de sites vai aumentar significativamente. Essa nova infraestrutura demanda mais equipamento, mas o serviço fica melhor para o usuário, então todos têm um ganho.

Mas, quando falamos de small cell, sites menores, a gente também pensa no equipamento que seria a femtocell. Essa última parte, porém, ainda está em consulta pública junto a Anatel. Faltam algumas definições de contorno, quais características deve ter o produto para que se coloque o equipamento em condomínios residenciais e em áreas comerciais. 


 TeleSíntese: A Comba abriu um escritório no Brasil, em 2006, responsável por toda a operação da América Latina. Como está o faturamento no país e região?

 Brito: No Brasil, já conquistamos grandes contratos. Recentemente ganhamos a expansão da linha Verde do Metrô de São Paulo. Agora participamos do processo de licitação dos estádios da Copa do Mundo e vencemos três diretamente e um quarto por meio de um parceiro. Em termos de tamanho de projeto e complexidade foram os mais importantes aqui no Brasil até agora. No mundo, temos bastante experiência nesse tipo de evento, oferecemos nossas soluções nos jogos Olímpicos da China, algo muito semelhante ao que estamos oferecendo aqui, instalada no ninho do pássaro.

 TeleSíntese: Qual o patamar de crescimento da Comba no Brasil?

 Brito: Hoje a Comba vem crescendo mais do que o próprio crescimento asiático, em torno de 30% ao ano, com previsão de faturamento de R$ 100 milhões em 2013. 
 
 TeleSíntese: E como manter este desempenho?


Brito: Para manter este nível de crescimento, já consideramos ter operação local de fabricação, vislumbrando escritórios de venda e engenharia em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Recife. Ter uma fábrica está nos nossos planos até para suportar essas demandas significativas com o inicio do uso das small cells no Brasil. Só estamos esperando saber como o governo vai tratar a questão das small cells. Ainda há dúvidas se os equipamentos serão considerados bens de informática, ou de telecomunicações. Ainda faltam definições quanto às obrigações de desenvolvimento local e fabricação local.

TeleSíntese: A dificuldade de implantação de antenas nas cidades é um incentivo para o mercado de small cells?  


Brito: Quando pensamos em infraestrutura de telefone celular, vem logo à cabeça a antena padrão, algo grande e que precisa de espaço. Mas o que achamos é que o país precisa de mais antenas camufladas, de baixo impacto visual. Por isso estamos trabalhando na adequação do portfólio existente para produção local. Estamos trabalhando para adequar as antenas a cada ambiente: formato de luminária de rua, painel de anúncio, pontos de ônibus, etc. Poderíamos trabalhar em conjunto com as prefeituras para facilitar a instalação nesse locais.

TeleSíntese: Mas vocês estão desenvolvendo essas antenas em parceria com as operadoras?  

Brito: Algumas operadoras preferem formatos alternativos, como o circular para instalação em poste, luminária ou semáforo. É muito mais simples, mas conforme com o que a prefeitura vem buscando, parece simplesmente poste. Também temos outros modelos, como o que citei de placas de anúncio, e de placa de direção. Também estamos trabalhando em versão relógio. Nossa idéia é fazer um projeto que atenda todas as áreas, como small cells para parques, em formato de pedra. Na Paulista, por exemplo, usar o formato de anúncios e quando vamos para linha indoor, placa de sinalização. Queremos fazer a venda de acordo com a necessidade. Até agora, já discutimos com Vivo e com a Claro. 

TeleSíntese: E vocês já têm definição de onde seria a produção local? 

Brito: Começamos um piloto em Sta. Rita de Sapucaí, uma região estratégica, perto dos grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Mas, além disso, a cidade é um polo da indústria de eletroeletrônico, tem colégio técnico que facilita adequação de tecnologia para o mercado nacional e garante oferta de mão de obra qualificada.

TeleSíntese: No mercado chinês, vocês também trabalham com oferta para FTTH e FTTx. Esses produtos devem chegar ao Brasil? 

 Brito: Este é um produto que entendemos como voltado para provedores de internet. É mais uma linha de produtos que lá fora já oferecemos e, com o triple-play, cria-se necessidade da Comba trazer essa linha de produtos para o mercado. Acreditamos em grande demanda para os próximos anos, vemos muita instalação de fibra óptica. Quanto ao FTTx, no inicio deste ano vamos trazer esa linha para complementar oferta ao last mile.

TeleSíntese: Que outros mercados da América Latina a Comba pretende entrar? 

Brito: A empresa trabalha com antenas de receção de satélite e estudamos colocar isso no mercado local para o próximo ano. Sabemos que há outras empresas de DTH entrando no Brasil, como a Dish. Esse mercado é significativo e cresce a taxas de 15% a 20%.

TeleSíntese: São muitos planos. Como é a participação da América Latina na Comba atualmente? 


Brito: Quando olhamos para a América Latina, ainda somos muito pequenos. O grupo deve faturar este ano entre US$ 900 milhões e US$ 1 bilhão. O faturamento da América Latina deve girar em torno dos US$ 100 milhões, ou seja, de 10% a 15% do faturamento do grupo. Isso significa que ainda temos grande espaço para crescer, temos produtos adequados ao mercado e planos de abrir escritório em outros países, onde atuamos com distribuidores locais. Vemos oportundiades no Chile e Colômbia. Já abrimos Peru e México. 

TeleSíntese: A Comba Telecom foi escolhida como fornecedora oficial de cobertura móvel celular end-to-end em quatro estádios para a Copa das Confederações 2013. Qual o próximo passo nesse segmento de cobertura de estádios?

 Brito: A Comba, pode-se dizer, é lider no mercado para grandes arenas e grandes eventos, esperamos  cobrir nove estádios da Copa do Mundo de futebol. Sabemos que as operadoras tiveram dificuldades durante a Copa das Confederações. Este evento foge das características de festas populares como Carnaval e Reveillon. O perfil do usuários é diferente porque, com a garantia de segurança, se sentem mais livres a usar telefones high end. Isso já prevíamos, mas não tínhamos conhecimento total. Agora estamos trabalhando e adequando projetos para que na Copa do Mundo a solução para o usuário esteja muito boa. 

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