sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Brasil já representa 20% das vendas globais da Eurofeedback, empresa francesa líder em equipamentos de foto depilação

SÃO PAULO, 30 de janeiro de 2014 /PRNewswire/ -- Em 2013, o Brasil representou 20% das vendas da Eurofeedback no mundo. A empresa, sediada na França, é líder na fabricação de equipamentos para depilação com luz pulsada e desembarcou no Brasil há 3 anos, onde criou a Innatis, o único braço da empresa fora do país de origem, com fábrica em Santa Rita do Sapucaí (MG), centro de treinamento e escritório comercial na capital paulista.
A meta para 2014 é chegar a 30% do resultado global com a filial brasileira. "Vamos ampliar a linha de produtos com novos equipamentos de depilação e outros de uso corporal", disse Eric Jean Bougueil, diretor da Innatis. Ele destacou a importância do mercado brasileiro no cenário mundial pelo potencial de crescimento recente do segmento de estética.
Na Europa, a Eurofeedback é detentora de 17 patentes (9 só em luz pulsada) e tem mais de 14 anos de experiência no segmento de fototerapia, depilação e rejuvenescimento com uso de luz pulsada. Os equipamentos da Eurofeedback são desenvolvidos por uma área de pesquisa, já que a empresa nasceu em 1989 voltada para a fabricação de equipamentos eletrônicos específicos para as áreas militar e espacial. Em 1994, passou a investir em linhas de produtos para a indústria médica e estética. Mais informações, em português, em www.innatis.com.br

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A trajetória da família Costanti - Por José Antônio Justino Ribeiro

No dia 16 de novembro passado, foi realizado em Santa Rita um importante encontro dos familiares do casal de imigrantes italianos Francesco Giuseppe Enrico Costanti e Maria Ezília Grize Benvenuti. Reuniram-se no Espaço Costa cerca de 150 pessoas, contando seus des-cendentes e respectivos agregados. A intenção era relembrar a história dessa família e de sua consolidação no território brasileiro, onde chegaram há 106 anos. 
Enrico e Ezília, como eram mais conhecidos, chegaram a São Paulo em 26 de abril de 1897. Traziam pouquíssimas coisas, uma filha chamada Iva, de pouco mais de um ano de idade, e grandes esperanças. Vinham da região da Toscana e o objetivo principal era o de fazer a América. Este era o jargão usual dos imigrantes buscando progresso pessoal e familiar que lhes permitisse retornar à terra natal com melhores condições econômicas e financeiras. Como nas descrições de muitas famílias, encontram-se fatos que valorizam de maneira des-tacada a contribuição que deram para as comunidades. Vários documentos originais, ainda guardados com alguns de seus descendentes, comprovam a incessante luta que empreenderam durante toda a vida. 

O patriarca Enrico é oriundo da comuna de Calci, na província de Pisa. Foi possível levantar sua história até o nascimento e os primeiros anos da vida de seu pai, Giácommo Costanti, e de sua mãe Cherubina Martini. Muitos dos relatos foram registrados a partir de informações transmitidas oralmente pelos membros mais velhos da família. Assim, a história de Enrico inicia-se com seu pai em um pequeno orfanato religioso em sua terra natal.

Era usual em muitas nações a existência dessas organizações religiosas, geralmente administradas por freiras ou por frades. Nesses locais, encontravam abrigo crianças que perdiam os pais ou cujos pais renunciavam à sua criação por dificuldades financeiras ou, ainda, quando se tratassem de filhos de mães solteiras, sem condições de sustentá-las. Nos muros que separavam os conventos do ambiente externo, havia sempre uma roda capaz de ser girada manualmente em um pequeno espaço. Sobre ela instalava-se um cesto que pudesse abrigar uma criança pequena ou um recém nascido de famílias com aquelas difi-culdades. Essa roda era, então, girada de maneira que a criança passasse para o interior do muro do orfanato. No Brasil e em outros locais de colonização portuguesa esse recurso era conhecido como roda dos enjeitados. 

Os responsáveis pelo orfanato registravam a data correta de recolhimento da criança, suas características principais, eventuais sinais de nascença, etc. Geralmente, acrescentavam algum sobrenome que remetesse à proteção divina ou da igreja. Nos países de língua portuguesa, por exemplo, eram incluídos sobrenomes como Dos Santos, do Espírito Santo, de Deus, etc... Na Itália, apareciam como Innocenci, Della Chiesa (Filhos da Igreja), entre outros. Segundo relato feito por Enrico, seu pai, Giácommo, havia sido colocado na roda dos enjeitados e permaneceu no orfanato por algum tempo. Certo dia, o pai do menino foi até o local e tinha em mãos todas as informações a respeito do dia e horário em que fora depositado na roda, as características da criança e outros dados. Com isso, ficou fácil a sua identificação e Giácommo foi retirado do orfanato, reconhecido e devidamente registrado na família. Segundo relatos, se permanecesse até sua saída na época oportuna, levaria o sobrenome de Innocenci. 
Giácommo Costanti casou-se com Cherubina Martini, cuja família era conhecida como I Cantanti (Os Cantores), artistas itinerantes que se apresentavam em diferentes locais, sempre por pequenas temporadas. Dessa união, nasceu Enrico, em 1872, no lugarejo chamado Montemagno, pequena fração da comuna de Calci. Aprendeu o ofício de curtidor, que exerceu por toda a vida, e serviu o exército italiano entre 1893 e agosto de 1894, no distrito militar de Livorno. A história da matriarca Ezília começou a ser registrada com seus avós Benvenuti Di Lorenzo, do lado de seu pai, e Bernardo Batistoni e Luisa Borgi do lado materno. Ezília nasceu em 29 de janeiro de 1877 e tinha cinco irmãos mais velhos e quatro mais novos. Casou-se com Enrico, em 1895, na mesma comuna de Calci. 

Por essa ocasião, havia pouco tempo que ocorrera a unificação da Itália e o resultado dos movimentos políticos e revolucionários foi uma nação empobrecida. Não se encontravam muitos empregos, geralmente a remuneração era baixa e havia grandes dificuldades para muitas das profissões. Enrico e Ezília foram trabalhar em curtume da família de Ezília, localizado às margens do rio Arno. Eventuais desentendimentos, associados às ações que estimulavam as migrações, levaram o casal a optar pelo Brasil. As facilidades para imigração visavam substituir na lavoura a mão de obra escrava recentemente abolida. Como Enrico tinha profissão especializada, fixou-se, inicialmente, em São Paulo, onde nasceu, em 1898, o primeiro filho brasileiro, Ivo Costanti. Nesse mesmo ano falecera a primogênita, Iva. 

A partir desse local, sempre em busca de melhores condições para a família, Enrico e Ezília mudaram-se para várias cidades, como Serra Negra, Pouso Alegre, São Roque e outras. Em algumas delas, nasceram os demais filhos brasileiros: Rosalino Giuseppe, Armando, Antônio João, Minotti Giovanni, Orlando Glycério, Gino Giácomo e Victorio Henrique. A família chegou a ter uma situação econômica confortável, até que todo o estoque de couros produzido por Enrico foi destruído em uma enchente que aconteceu em grande parte do sul de Minas Gerais, por volta de 1926. Desgostoso e sem condições de recuperação, faleceu em Santa Rita do Sapucaí em 15 de janeiro de 1939. Tivera várias complicações em decorrência de um acidente vascular cerebral. No final da década de 1940, mais exatamente em 1948, Ezília faleceu em São Paulo. 

Dos filhos, Ivo, Armando e Rosalino seguiram a profissão do pai e foram curtidores. Minotti Giovanni, Antônio e Victorio foram construtores e marceneiros. Gino era alfaiate e Orlando foi mecânico a partir dos 15 anos. Inicialmente, residiram em várias cidades do sul de Minas como Pouso Alegre, Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e São Gonçalo do Sapucaí. Mais tarde, Armando mudou-se para Cruzeiro, onde faleceu em 1961. Ivo passou a residir em Mauá, nas proximidades de São Paulo, até sua morte em 1963. Rosalino viveu a maior parte da vida em São Gonçalo e morreu de uma parada cardíaca em 1962. 

Orlando saiu de casa aos 16 anos, primeiro como auxiliar de mecânico de uma empresa de mineração. Percorreu muitas cidades, casou-se em Itajubá, onde nasceram seus filhos. Depois, mudou-se definitivamente para Santa Rita do Sapucaí e trabalhou na profissão até a véspera de sua morte em 1985, três dias após completar 73 anos. Antônio João, Minotti Giovanni, Gino Giácomo e Victorio Henrique viveram quase sempre em Santa Rita, onde nasceram seus filhos. No levantamento para a reunião da família, constatou-se que os diversos ramos agrupavam 491 membros, entre descendentes de Francesco Giuseppe Enrico Costanti e Maria Ezília Grise Benvenuti e os agregados. 

A festa de reencontro esteve animada e reuniu quatro gerações com membros vindos de várias partes do Brasil. O mais velho dos presentes, filho de Ivo Costanti, tem 83 anos e o mais novo apenas três meses. Parentes que se conheciam de longa data puderam se abraçar novamente e muitos se viram pela primeira vez, naquele momento, todos embalados em uma alegria contagiante. Foi um evento mágico, de felicidade e satisfação estampadas nos rostos de todos. Demonstravam o orgulho e a gratidão de serem Costanti e de terem recebido tão importante legado de seus antepassados. A tarde passou rápida, com muita dança ao som contínuo, alegre e persistente da Tarantella.  

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O filme censurado e o incêndio no Cine Santa Rita - Por Cônego José Augusto de Carvalho

Havia, naqueles tempos, a censura dos filmes, feita pelas agências de publicidade Lar Católico, Vozes de Petrópolis e outras. Como estava anunciado um filme histórico para a primeira exibição, não deixei de chamar a atenção dos fiéis, aconselhando-os a não irem ao cinema. Parece que, indignados com o meu aviso, fizeram a seguinte publicidade: “Na sessão de hoje será exibido o filme tal. Não concordamos com a censura, por se tratar de um filme histórico, sem conotação com a fé religiosa. A exibição será gratuita para senhoras e senhoritas. Estudantes pagam metade.”
Alguém me procurou para mostrar a propaganda em boletins volantes. Respondi simplesmente: “Cumpri com o meu dever. Agora os responsáveis pelo cinema que se cuidem, porque entrego nas mãos de Deus a resposta pelo mal que estão fazendo.”

Antes de mais nada, isento a memória de Dona Maricotinha Rennó, proprietária do cinema, do que aconteceu depois. Ela era uma senhora muito piedosa e, por ela, nada teria havido no seu cinema. Na ocasião, ela se achava ausente de Santa Rita, pelo que lamentei muito.

Houve a tal sessão com o filme mau (censurado pela igreja). Nada houve aos assistentes, mas parece que Deus estava dando um aviso severo aos que assistiram de que não O forçassem a baixar sua mão para castigar os assistentes.

No dia seguinte, 6 horas da manhã, depois de abrir a matriz, o Artur, como sempre fazia, dava uma olhadela pela praça e foi então que viu rolos de fumaça subindo do telhado do prédio do cinema. Ele deu o alarme nos sinos, me avisou em seguida e chamou gente para debelar o incêndio. Resultado: toda a parte do barracão, por cima da cabine, foi devorada pelo fogo, queimando todos os filmes no depósito e o que foi exibido na véspera. Tudo virara escombros.

Fechado o cinema para reforma, inventaram um provisório na rua da Ponte. Aproveitando os projetores novos que Dona Maricotinha havia financiado, iniciaram as exibições com  visível má fé. As mesmas pessoas que arrendaram o cinema que pegou fogo mandaram vir outra cópia do tal filme histórico.

O prédio provisório era apenas um barracão de depósito que o se-nhor Ico Adami havia cedido para funcionar o cinema por alguns meses. Era época das enchentes e a única porta era de frente para a rua da Ponte. Nos fundos, só tinha janelas para o rio, que estava bufando.

Fiquei sabendo que, na inauguração, seria feita uma afronta à minha pessoa, mas me calei e nem pensei em entregar nas mãos de Deus o resultado da ofensa. Simplesmente me calei.

Eu dormia um sono tranquilo, no segundo pavimento da Casa Paroquial. Como fazia muito calor, deixei as janelas abertas e, lá pelas tantas, acordei com os gritos e vozerio passando pela rua. “Bem que o padre Carvalhino falou! Foi praga do padre!” (E eu não havia praguejado ninguém.)

No outro dia, foi encontrar o hospital cheio de gente com os braços, as pernas, as costelas e até as cabeças quebradas, além de outras pessoas nervosas com o que havia acontecido. O incêndio havia se alastrado pela cabine, por cima da única porta de saída. O jeito foi todo mundo atirar-se na enchente. Graças a Deus ainda dava pé e os homens mais fortes puderam salvar as mulheres e crianças de um desastre fatal.

No dia da inauguração do novo cinema de Dona Maricotinha, já reformado, ela fez cara feia aos arrendadores, me chamou para benzer as novas instalações e me prometeu que filmes censurados jamais seriam exibidos ali. Em seguida, o senhor Ico também me chamou para benzer o barracão e, como me disse, “era para espantar o capeta que trouxeram do inferno.”

(Retirado do livro “Trem de Manobra, do Cônego José Augusto de Carvalho)

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O talento extraordinário do santa-ritense Jander Abdala

Desde criança, Jander Abdala se enveredava pelas propriedades rurais de Santa Rita do Sapucaí e ficava encantado com a vida simples do homem do campo. Uma de suas lembranças mais antigas é de um passeio que fez pela Fazenda Delta, construída pelo Coronel Joaquim Inácio, onde um bom número de pessoas se enfileiravam para se tratar com um velho índio curandeiro, habitante daquelas bandas.
Enquanto passava pelas pequenas casas dos colonos, o garoto prestava atenção nos detalhes e percebia que, apesar de humildes, aquelas pessoas detinham uma técnica avançadíssima para lidar com a madeira. “Notei que eles não usavam prego para construir. As madeiras eram todas encaixadas ou, como eles diziam, minhotadas.”

Ao completar 20 anos, Jander já estava decidido a construir uma casa utilizando aquele método de tratamento e encaixe de madeiras rústicas. Como fizeram os construtores no final do Século XIX, o rapaz queria utilizar apenas ferramentas simples, tais como formão, martelo e serrote. Absolutamente leigo no assunto, começou a “garimpar” madeiras de qualidade nas fazendas da região e comprou seu primeiro material do senhor Mauri Marques, que acabava de demolir um paiol. A segunda leva foi adquirida após a demolição da centenária casa grande da Fazenda Delta, de onde trouxe grandes colunas de peroba rosa – utilizadas na confecção de sua porta de entrada e das lindas janelas que adornam a residência (vide capa).

Em um ritual meticuloso e solitário, Jander saía do trabalho no final da tarde e caminhava em direção à construção, onde trabalhava até 10 da noite. Com peças de uma plantadeira, o artesão construiu os puxadores da porta de cedro. As dobradiças da antiga Delta, também foram mantidas em sua nova residência. Réplicas de grandes fechaduras também foram confeccionadas para enriquecer o local. Com muita paciência, cada detalhe foi minuciosamente estudado para que seu sonho fosse concretizado.
Quando suas madeiras tornaram-se escassas, Jander soube que havia uma peroba de 10 metros e meio, proveniente de um velho paiol demolido em uma propriedade rural e negociou a relíquia em troca de eucalipto serrado. Com o tempo, passou a conhecer o valor da matéria-prima que utilizava e tornou-se grande conhecedor da técnica que empregava.

De todos os pontos da casa, completamente arquitetados por Jander, sua grande paixão é uma escadaria, toda produzida através da sobreposição e encaixe de grandes peças de peroba rústica. Os corrimãos, por sua vez, também foram produzidos em madeira e tiveram os adornos criados pelo próprio construtor.

Ao finalizar a residência, o rapaz deu início à construção da área de lazer, onde cada detalhe carrega uma rica história. A base da construção foi feita toda em pedras – vindas de cachoeirinha. O pórtico de entrada é o mesmo da antiga sala da Fazenda Delta. Os tijolos, retirados de uma casa demolida na rua Silvestre Ferraz, foram deixados “à vista”. Já o engradamento, foi adquirido durante uma reforma da Escola Estadual Doutor Delfim Moreira e data de sua construção.
Encostados num canto, ao lado do fogão de lenha que acaba de ser erigido, estão dispostos os grandes portais que pertenceram à Igreja de São Benedito, à espera para serem utilizados em alguma etapa do processo de transformação da madeira descartada em objetos requintados. “Madeiras que parecem perdidas, são recuperadas através de um tratamento de restauração. Aqui, nada é descartado.” – explica.

Quando deu início à construção dos móveis, Jander manteve a harmonia do ambiente. Um carro de boi, herdado do senhor Vitor Teixeira deu origem a uma mesa redonda. Outras peças do veículo serviram de adorno para a lareira. Com um barril, cortado ao meio, criou a base de um balcão para o seu bonito barzinho. A mesa de jantar foi construída com cedro e peroba, enquanto as cadeiras de três pernas foram confeccionadas em Guatambu. O mesmo critério foi adotado na produção do guarda-roupa e da cama.

Enquanto realiza suas intervenções, tudo é acompanhado de perto por sua esposa, Fânia. Para a construção dos móveis, Jander recebe auxílio de um marceneiro muito talentoso, conhecido como Francisco Jonas. Para a confecção de réplicas em metal, Jander também conta com a atuação de um serralheiro chamado Paulo. De resto, tudo é feito por ele.
“Para mim é uma higiene mental muito grande. Eu passo a semana inteira trabalhando na Leucotron e, quando chega o final de semana, vou direto para a obra. Este processo não tem fim e recursos para materializar os projetos não faltam. Se tivermos a consciência de usar o que já está cortado, jamais teremos que derrubar uma árvore. Este trabalho me realiza.”

Por Carlos Romero Carneiro

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sábado, 18 de janeiro de 2014

Um rádio para falar com Hitler - Por Cônego Carvalhinho

Chegou a Festa de Santa Rita de 1944. Quando estava preparando para celebrar a missa que seria às 10 horas, chegou um soldado da polícia com uma intimação. Deveria comparecer à Delegacia a fim de prestar depoimento ao Delegado Especial. As acusações eram:

1) De que eu tinha na Igreja Matriz um aparelho transmissor com o qual me comunicava com a Alemanha de Hitler.

2) Ser responsável por uma ligação elétrica no Cruzeiro (Rua Nova)

3) Ter consentido em hastear o pavilhão nacional, em cima de um cavalo, por um homem sem camisa.

4) Que eu instigara o Missionário Chefe a se insurgir contra os inocentes, no Dia das Missões.
Atrasei a celebração da missa à espera do Dr. Luna. Chegou. Ficamos combinados que ele, mais o Dr. José de Almeida Paiva e o Dr. Elpídio Costa seriam meus advogados. O delegado devia se avistar comigo às 3 da tarde. Dentro da missa, avisei o povo, sem ocultar nada, o que se passava. Pedi, no entanto, que os fiéis estivessem atentos e que me defendessem caso fosse preciso. Enfim, alarmei os católicos e amedrontei mais ainda o brilhante Delegado da Ditadura.

Sem que soubesse, os Irmãos de São Benedito se reuniram no porão da Casa Paroquial. Na hora da chegada do Dr. Amansor, determinaram que alguns homens vigiassem quem estivesse dentro ou fora da minha casa, inclusive os soldados. Armados de foice, garruchas, facas e o diabo a quatro, chegaram a assustar a minha mãe que somente se acalmou quando soube que estavam ali para evitar que me prendessem.

Meia hora antes, o Delegado percebeu a manobra dos fiéis e a atitude dos soldados de me defenderem a qualquer preço. Mandou, então, pedir garantias aos advogados que estavam comigo e chegou bonzinho à Casa Paroquial. Pediu desculpas pelo acontecido. Como autoridade, tinha que acolher denúncias, mas chegava à conclusão de que todo aquele processo não passava de mais uma farsa dos adversários do Vigário.

Tudo estava acabado. Depois de despedir-se de mim, Amansor Doyle foi embora escoltado pelos advogados, até a saída da cidade.

Um pouco antes da procissão, a minha casa se encheu de gente. Todos estavam sorridentes com a liberdade do Vigário. Desde então, foram 10 meses de sossego na comunidade paroquial de Santa Rita e uma pontinha de vaidade se manifestava em meu sorriso tranquilo. Já não desejava mais nada da vida, senão permanecer em Santa Rita até morrer.

Os desígnios de Deus são, entretanto, insondáveis. Ao morrer o vigário de Ouro Fino, o Bispo - como prometera - me transferiu, em 26 de maio de 1945.

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Velha guarda do Inatel, Vale da Eletrônica e a Universidade de Stanford - Por Salatiel Correia

No último giro que fiz pelos Estados Unidos, aproveitei para visitar o Vale do Silício, uma das usinas de ideias que alimenta até hoje a excepcional economia inovadora da Califórnia: a Universidade de Stanford.

Stanford é uma universidade construída bem ao lado da cidadezinha de Palo Alto, distante a quarenta minutos da cidade de São Francisco. Esplendorosa são suas instalações, instalações essas minuciosamente projetadas para respirar o ar do pensamento inovador que move e faz crescer o PIB da nação mais poderosa do mundo.
Stanford é considerada a “Harvard” do oeste americano - é ela a fonte geradora do Vale do Silício. O espírito dessa universidade foi fundamental à criação de empresas inovadoras como a Apple de Steve Jobs, a Intel, a Google e muitas outras que fizeram desta, outrora região agrária, aquilo que o estado da Califórnia representa hoje para os Estados Unidos: um motor de contínua inovação.

São inúmeras as histórias de empreendedorismo de estudantes de Stanford. Estes montavam suas empresas nas garagens das casas de seus pais. Empresas que se transformaram em globais. Puro capital intelectual germinando uma ambiência bastante competitiva e inovadora que o Vale do Silício proporciona.

Falemos um pouco da história desse verdadeiro templo do saber. Leland Stanford, benemérito da universidade, adquiriu mais de 8.000 acres de terra para nela realizar seu grande sonho de cons-truir uma universidade. Certamente, ele não tinha ideia da grandiosidade que seu empreendimento iria gerar para a nação.  Um esclarecedor estudo elaborado pela  Associação do Vale do Silício aponta o resultado do sonho que se transformou em realidade. “Se as empresas fundadas pelos alunos graduados em Stanford formassem uma nação independente, esta seria a décima maior economia do mundo”.

Não resta dúvida de que a Universidade de Stanford é a face visível do mais genuíno capital intelectual que faz germinar uma ambiência bastante competitiva e inovadora, como é a do Vale do Silício, nos Estados Unidos. Tudo muito regado a sonho e idealismo cimentado pelo genuíno espírito empreendedor de que tanto nos relata, em seus escritos, quem profundamente estudou e teorizou o empreendedorismo: o economista austríaco de saudosa memória - Joseph Alois Schumpeter, grande professor da Universidade de Harvard.

De lá da Califórnia me veio a lembrança do coirmão brasileiro do Vale do Silício - o mais importante polo de Eletrônica de Minas Gerais e um dos mais promissores do país: o Vale da Eletrônica. Este, instalado nas montanhas de Minas Gerais, na cidade mineira de Santa Rita, não muito distante de São Paulo. Fui testemunha de como tudo começou, germinado pela primeira escola técnica da América Latina e pela pioneira instituição a ensinar telecomunicações no Brasil: o Instituto Nacional das Telecomunicações — Inatel.

Conheci e testemunhei, naquela região, os primórdios da consolidação desse importante polo de eletrônica que tanto orgulha os mineiros e o país. Certamente, muito desse sucesso se deve à dedicação da velha-guarda que fez a história do instituto. Naqueles tempos em que o giz vinha da vizinha Itajubá, lá estava o pioneirismo do fundador da instituição, o professor José Leite. Como também lá estava o dinamismo do engenheiro Luís Gomes da Silva Júnior.

Naquele distante início dos anos de 1960, estavam os primeiros discípulos que fizeram a gloriosa história do instituto. Discípulos da envergadura dos professores Aroldo Borges Diniz - do prestigiado Instituto Tecnológico da Aeronáutica, “das pratas da casa” Adonias Silveira da Costa, Mario Augusto, Arthur  François  de Gruitter (o único, entre  todos, que realmente sabe falar javanês, pois é originário da ilha de Java, na Indonésia) e José Antônio Justino Ribeiro. Lá também estava a segunda leva, representada por gente abnegada como os professores José Maria Souza, José Paulo Falsarella  José Geraldo e  Pedro Sérgio Monti.

Eis aí a face mais viva do empreendedorismo e da motivação que vivia e hoje se vive mais que nunca nas montanhas gélidas de Minas Gerais. O mesmo entusiasmo de Stanford, em menor escala, é bem verdade, mas de grande importância para um país que procura se inserir no mundo através da inovação.

Nesse ambiente vi surgir a semente de um pequeno espaço da Escola Técnica de Eletrônica, o empreendedorismo da região simbolizado por aquela que se tornou a maior empresa de produção de equipamentos de transmissão da América Latina: a Linear. Uma semente que surgiu, ainda nos anos 70 do século passado, para se tornar a empresa respeitável que é, hoje, contando como parceira com a Toshiba que, certamente, possibilitará à Linear surfar mais ainda nas ondas do capitalismo globalizado. Nesse momento me vem à memória a garra e competência de quatro engenheiros do Inatel — Robson  Caputo (meu ex-professor), Frutuoso, Kalil e o Souza.

A Leucotron, empresa reconhecida pelos produtos que produz na área de telefonia, não é do meu tempo, mas, de longe, usando suas “crias” e presenciando os consecutivos prêmios nacionais que ganha, vejo que os ventos da globalização, a excelência de sua gestão e a satisfação da clientela são a garantia de um futuro mais que promissor. Logicamente, muito desse crescimento se deve à competência de dois ex-alunos do Inatel: Marcos Goulart e de seu sócio, Dilson. Nos caminhos das duas grandes empresas do Vale da Eletrônica, seguem mais outras 150 “de vento em popa” a ajudar o país a produzir por aqui mesmo produtos com tecnologia de qualidade. Pouco conheço da nova-guarda. À distância, porém, percebo o fervilhar do espírito empreendedor alicerçado pela velha-guarda do Inatel e pela grande benemérita da região, dona Luzia Rennó Moreira, que, lá do céu, deve estar muito feliz pelo grande sonho que gente como ela e o fundador de Stanford ajudaram a consolidar.

(Salatiel Correia é Engenheiro, Bacharel em Administração de Empresas, Mestre em Planejamento. É autor, entre outras obras, do livro A Energia na Região do Agronegócio). 

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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Faça sua Inscrição no Vestibular de Verão da FAI

Você ainda tem chance de ingressar no Ensino Superior. Vagas para os cursos de Administração, Sistemas de Informação e Pedagogia

O Vestibular de Verão 2014 está com inscrições abertas até o dia 23 de janeiro pelo site www.fai-mg.br/vestibular, onde o candidato também encontrará o Edital do Processo Seletivo e os procedimentos para efetuar o pagamento da taxa de inscrição no valor de R$40,00. O estudante ainda tem a opção de fazer sua inscrição diretamente na FAI, lembrando que esta é a última semana de inscrições.

A prova será aplicada no sábado, dia 25 de janeiro, das 8h30 às 12h no campus da Instituição, em Santa Rita do Sapucaí.

A FAI possui convênio com o Governo Federal e Ministério da Educação para   a concessão de financiamentos e bolsas de estudos de programas como FIES e ProUni.

No FIES (Financiamento Estudantil), qualquer aluno, regularmente matriculado na FAI, pode se inscrever para concorrer ao financiamento das mensalidades. O valor financiado é de 50% a 100% do valor da mensalidade e o aluno só começará a pagar depois de formado.

Já o Programa Universidade para Todos (PROUNI) concede bolsas de estudo parciais e integrais para alunos e futuros alunos da FAI. É preciso ficar atento ao período de inscrições pela internet e acompanhar cada passo do processo seletivo no site do Ministério da Educação.

Não perca a chance de ingressar no Ensino Superior, estudando em uma Instituição de qualidade reconhecida como a FAI.

Conceito 4 pelo IGC/MEC

A FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação – está entre as Instituições de Ensino Superior mais bem avaliadas do país, de acordo com o IGC (Índice Geral de Cursos) divulgado pelo Ministério da Educação.

O IGC avalia a qualidade das Instituições de Ensino Superior. Ele é uma média ponderada que considera, entre outras coisas, o desempenho dos alunos da instituição no ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), a qualificação do corpo docente, a infraestrutura do local de ensino como sala de aula, laboratórios e corpo técnico administrativo.


Com conceito 4, a FAI se destaca entre as melhores Instituições de Ensino Superior de todo o Brasil, já que esse resultado aponta que a instituição vai além dos referenciais mínimos de qualidade exigidos.

Procissão Atropelada - Por Rita Seda

Era dia de Corpus Christi. Década de setenta. A procissão saíra da Igreja Matriz. Em trajes de ver Deus, crianças, jovens e senhores, em fila, prestigiavam Jesus Sacramentado, que vinha no final, sob um pálio sustentado por homens da paróquia, vestidos com opas vermelhas. Crianças vestidas de anjo, graciosamente, traziam cestinhas com pétalas de rosa que, de quando em quando, atiravam, em direção ao ostensório, onde brilhava ao sol, a Hóstia Consagrada, o Corpo e o Sangue de Jesus. Atrás, vinha a banda de música entoando, ora hinos religiosos, ora ritmados dobrados. As ruas estavam enfeitadas com passadeiras, casca de arroz e de ovos, desenhos de imagens religiosas, utilizando serragem colorida e até pó de café! Muitas flores, principalmente “bico de papagaio”, faziam a bordadura das passadeiras. Algumas ruas apresentavam arcos de bambu, ricamente ornamentados com fitas e flores. Desde a madrugada, os moradores trabalharam para que o resultado fosse o melhor possível. A procissão passou, reverentemente, por algumas ruas e quando estava prestes a chegar ao seu final, na Igreja São Benedito, através da Rua Quintino Bocaiuva (da Cadeia),aconteceu um tumulto que não estava no script... Era um tempo em que ainda existia o antigo matadouro, ali perto de onde é a atual Câmara dos Vereadores. Naquela época os animais que seriam abatidos vinham livres pelas ruas, tocados por um cavaleiro. Tudo normal, nunca houve problema. Mas, naquela tarde, ao se encontrarem, frente a frente, animais e procissão, na esquina da Rua José Feliciano Marques (Rua dos Marques) com a Rua Quintino Bocaiuva (da Cadeia),  o pior aconteceu. Os poucos (dois ou três) animais que, inocentemente, vinham tangidos para ser sacrificados, não pararam, e entraram na procissão,  assustando e muito, os fiéis. Foi uma correria geral. Graças a Deus que  naquele tempo não se fechavam casas e portões como agora, pois o povo se abrigou onde pôde. Eu fui da turma que invadiu o quintal do Sr. Cornélio, bem na esquina da Igreja. Não pude ver nem como o boiadeiro dominou os animais e os levou ao destino... E o principal, como reagiu a turma que levava o pálio com o Santíssimo Sacramento, o Sacerdote, os anjinhos... Foi um “salve-se quem puder!” e tratamos de correr para casa com os idosos e as crianças para acalmá-los com um chá de hortelã! São flashs da vida que ficam guardados em nosso inconsciente e que um dia aparecem para quebrar a monotonia...

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