terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Saudades da antiga Igreja - Por Rita Seda

Muitos na cidade se referem com saudade e, até com certo descontentamento, à reforma e profunda modificação estrutural da nossa “Igreja Matriz” que hoje é Santuário.Eu gosto dela como está e a acho linda e funcional. Isso não impede  que me lembre, muito bem, de como era bonita, de seu imponente  altar-mor, com a padroeira no alto, dentro de um nicho; mais abaixo, dos dois lados, dois arcanjos, um azul, outro rosa, tocando um instrumento musical, de sopro; tão lindos eram que tínhamos a impressão de ouvir música do céu... E os anjinhos pintados na abóboda? Quem viu não esquece jamais... Mas tenho muito mais  saudade é das pessoas com quem convivi naquela igreja e com saudade  recordo aquelas que já se encontram no Reino de Deus. Que tempo bom vivemos, Dona Nini Guerzoni, Dona Maria Duarte, Laura Bernadete, irmã do Homero cabeleireiro, Teresa Raposo, Lourdinha Ribeiro, Lourdes Floriano, Emília Sancho, Dona Maria do Carmo Carleti, Dona Irene e Suzana  Vilela, Dona Helena Bruzamolim, Silézia Nassar Gouveia, Dona Jalile Barude, Dona Dagmar Esteves, Prof. Alaíde Figueiredo, Alda Pinto Costa, Dona Elza Iemini, Dona Baget e Renné e tantas outras. Dona Nini só pôde participar após ficar viúva e qual não deve ter sido  seu sofrimento, pois em solteira era assídua nas missas e procissões. Mas nunca reclamou! No tempo a que me refiro, não havia escala de leitores e não havia ainda as pastorais. 

A reforma foi um grande avanço na Igreja, fruto do Concílio Vaticano II, em sua grande e necessária reforma. Naquela época  a gente saía  do  lugar onde estava, no meio do  povo, subia as escadas e fazia a primeira leitura, outra pessoa lia o Salmo e a aclamação ao Evangelho. Nossa veste litúrgica era nossa roupa decente, a roupa de todo dia. Combinávamos, antes do começo da celebração, quem leria o que e preparávamos os cantos.  Foi o nosso modo de servir. Dona Nini teve o cuidado de anotar numa cadernetinha as leituras que fazia, pois pedira a Deus que lhe desse a graça de fazer mil leituras! E foi uma festa, quando, perto de seus oitenta anos, completou-as. Ainda fez muitas mais... Eu, Dona Mariinha (Maria Duarte, assim a tratávamos pois era muito pequenina) e Laura, dávamos início aos cantos e todos os presentes nos acompanhavam, pois só tirávamos cantos conhecidos para que todos cantassem. Mas engana-se quem pensar que havia monotonia! 

A Igreja sempre teve um rico repertório. Numa época em que havia acompanhamento de violão ou órgão só nos sábados, domingos e dias festivos eram entoados “à capela” e nunca havia desafinação... O Pároco era o Padre José (Cônego, tempos depois...) e sempre teve seu vigário ou um sacerdote jesuíta para ajudá-lo a atender todas as capelas, urbanas e rurais. Neusa, a esposa do Paulo sacristão, sempre presente, muito atenciosa, era  quem anotava ali, na hora, as intenções da Santa Missa. Era muito menor o número de  intenções comparadas com as  de hoje. A secretaria não funcionava na Matriz, e sim, em casa do Pároco. Tudo era mais difícil e com as reformas pôde haver a organização de agora. Louvemos ao Senhor! Não sou contra nenhuma mudança. Pelo contrário, entendo que tudo foi bom e necessário. Estou apenas  matando saudade de um tempo e de pessoas queridas com quem fomos tão felizes, com respeito, simplicidade e amor intenso pela nossa amada Igreja. Não havia quem coordenasse as funções, nem mesmo dávamos uma passadinha de olhos nas leituras  antes, mas saía tudo certinho. Por isso as lembranças são tão boas e valeu a pena! E o tempo de Dona Maria Trindade já passara! Uma grande líder que tivemos! 

Oferecimento:

Nenhum comentário:

Postar um comentário