sexta-feira, 30 de maio de 2014

Santa Rita, no início do Século XIX (Por Côn. José Augusto de Carvalho)

Em toda a vastidão de terras a que se dava o nome de região do Sapucaí, com cerca de 500 alqueires em meio de ubérrimos sítios de elevações e várzeas cultiváveis, apenas um local estava sem dono e totalmente abandonado às margens de um insignificante veio d’água a que os primeiros habitantes (índios) deram o nome diabólico de Mosquito (o belzebu das escrituras). 
Na ocasião, aquela vasta região era ocupada por índios nômades vindos do alto do Sapucaí, em Itajubá ou da Vargem Grande (Brasópolis), onde civilizações eram plantadas ou tangiam para o oeste. Faziam apenas parada à beira da Lagoa do Bicho, onde esperavam outros bugres que vinham da Mantiqueira para com eles rumarem aos Campos de Caldas. Lá é que estavam seus últimos refúgios, para onde já tinham ido irmãos de raça e parentes que se espalhavam além do Rio Cervo, já na praia do Melado (um dique formado por cascalhos e areias do Rio Dourado, após ser bateiado o ouro de aluvião); no Muro, em Santa Quitéria  (Ipuiuna) e na Água Limpa (Santa Rita de Caldas).

Subindo a serra, os doces e suaves índios Sapucaias deixavam para sempre as regiões da Mantiqueira e do seu querido rio Sapucaí. À margem esquerda do Sapucaí, entre Pouso D’Anta e Pedra Redonda (atual pedreira, na entrada da cidade) havia uma passagem obrigatória para as vargens do Mosquito e para quem desejasse ir além. Bem mais acima, em frente ao Pouso D’Anta (Fazenda Santa Rita, dos herdeiros de Benedito Rennó), havia o ponto dos barqueiros. Ali, alguns homens jovens e robustos, que buscavam a outra margem do rio, venciam a nado as águas correntosas, bem em frente à Lagoa do Bicho, quando o tal riacho caía no Rio Sapucaí.

Mais para cima, na barra do ribeirão das Antas, havia o ponto das canoas, onde, por volta de 1835,  mais ou menos, foi construída a primeira ponte de madeira ligando o Pouso D’Danta ao primitivo arraial de Santa Rita. Tal ponte, no entanto, estava fadada a ruir-se com uma grande cheia, 6 anos depois, quando foi construída outra, além de uma reta do rio, um pouco abaixo da povoação. Mais tarde, em 1899, foi substituída pela ponte metálica, que caiu em 1981.

Com a primitiva ponte, abriu-se caminho para viajantes do sul e do oeste à procura de um oásis de paz, em meio ao sertão das Gerais. Quem seguisse a leste do Ribeirão do Mosquito, forçosamente era encaminhado para a região da Capituva e, mais além, para a Mantiqueira. Ao norte, atravessando o Vintém e subindo a serra do Mata Cachorro, bem no alto, se descortinavam planaltos, planícies e vargens das regiões do Turvo e, além, de Volta Grande (Careaçu), na época um arraialzinho com pinta de freguesia (do tempo de D. João VI).

Ao oeste, um pouco abaixo da barra do Vintém, no Sapucaí, havia outro ponto das canoas ou vão das boiadas, a caminho do Pouso Alegre do Mandu, já então uma robusta vila onde um padre era o chefe municipal e, ao mesmo tempo, Vigário e Senador do Império do Brasil.

Ao noroeste, estava a Serra da Manoela que, atravessando-a de ponta a ponta, bem no norte estava Santa Catarina (Natércia). Desta última localidade, um dia ali chegou, parou quase nada e partiu por volta de 1820, uma família de portugueses que veio residir entre os ribeirões do Vintém e do Mosquito, fundando um arraialzinho encantador que, mais tarde, seria a mais sorridente cidade do Vale do Sapucaí. 

Houve um tempo em que os desiludidos do ouro e das pedras preciosas retornaram em massa à lavoura e à pecuária para o sul, nas regiões ribeirinhas do Sapucaí. Nesse momento, apenas as áreas de mais ou menos 1200 alqueires de terras, entre os ribeirões do Vintém e do Mosquito, sendo este último até o sítio das Capituvas (Capituva Nova, porque a velha era a Vila, hoje Pedralva), viviam abandonadas e delas se contavam lendas fatídicas de peçonhas, cobras e animais selvagens, além de monstros residentes nos riachos e nas lagoas às margens do Sapucaí. Fica para uma outra história

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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Reminiscências da Praça Santa Rita (Por Rita Seda)

Os que nasceram nas últimas décadas andam reclamando das muitas mudanças em nossa cidade. Não gostam do que estão vendo. Como será que as vê quem vem de muitas décadas, sempre residiu aqui, e acompanhou as transformações pelas quais  passou? Conto alguns fatos, mas deixo bem claro que os mesmos não me abalam, pois o progresso transforma mesmo, queiramos ou não, gostemos ou não. 
Cada tempo tem o seu jeito de ser. A nossa praça era pequena, um jardim bem cuidado, com buxinhos (aquela planta que plantaram em frente da Caixa Econômica) plantados em formação, como soldados, cortados baixinho, fazendo uma divisão da calçada interna do jardim e da calçada externa. Nessa calçada interna, a moçada fazia seu footing. Os homens andavam em uma direção e as mulheres na outra. Assim se dava o flerte, que era simplesmente “um olhar mais demorado, interessado”... Quantos namoros começaram ali! Na calçada externa formavam-se grupinhos de pessoas, (muitas vezes os pais, de olho em suas meninas), e havia os que preferiam caminhar  ali. Ainda existiam as famosas e polêmicas 4 casas, com seus janelões, constantemente ocupados por olhares curiosos. No prédio do cinema, havia um serviço de alto-falante que funcionava  até o começo da exibição do filme. Além de fazer propagandas das casas comerciais, tocava músicas, assim como faz hoje o programa da Katia Kersul, mas sempre oferecidas por namorados ou interessados em começar um romance! Músicas de filmes, boleros,  foxtrot’s, tangos argentinos,  sambas e chorinhos,  faziam a delícia das mocinhas, que, naquele tempo, não tinham a afoiteza de fazer o oferecimento: uma proeza impossível para os costumes interioranos. O jardim da praça era muito bem iluminado, não tinha árvores frondosas como as de agora, provocando escurinhos, não... Após as 8 horas, o silêncio só era interrompido pelas conversas de grupos maiores.  Quase todos iam para o cinema. Barulho de carros? Se tinha uma dúzia na cidade, era o bastante... Moto? Só a do Sr. Zé da Silva, e ele, parece que  à noite, só saía de carro. Comprava-se umas balas, chicletes, cigarrinhos de chocolate ou picolé no Bar do Sr. Júlio e o footing ia se acabando. Às 9 horas, a praça se esvaziava da juventude, especialmente a feminina. Era o nosso passatempo, noite após noite. A gente só  deixava de ir se chovesse, na semana das provas ou se estava de castigo! E como ficava amuada... Nós Acompanhamos o crescer da praça, uns monumentos retirados, outros colocados, uma nova fonte (graças a Deus que se manteve a que já existia), o cinema não tem mais projeção de filmes e muito menos o serviço de alto-falante; as casas foram demolidas, apesar das reclamações em massa, a Igreja Matriz foi reformada e agora é Santuário. Para nós, mais idosos, triste mesmo foi o avanço dos costumes. Mas, quem é capaz de parar o tempo e sua mania de progresso e mudança?    

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O drama dos passageiros do ônibus que perdeu os freios na Avenida Sapucaí

Fotos: Reprodução EPTV / Edson de Oliveira
O circular fazia o caminho de vai e volta entre a fita de asfalto que separa a nova da velha cidade, como acontece todos os dias, em Santa Rita do Sapucaí. Moradora do Bairro Pedro Sancho, como boa parte dos passageiros daquela tarde ensolarada de terça-feira, Expedita de Fátima de Jesus tinha passado pela “Chopperia Parada Obrigatória” para receber o pagamento. Para engrossar o orçamento, a senhorinha trabalha de dia na empresa Seek e, de noite, no estabelecimento localizado atrás da igreja. “Eu voltava com pressa. Como estava de folga teria um tempinho para limpar minha casa.”. De licença maternidade, Fabiana Lima, natural de Grão Mogol (Norte de Minas), é vizinha de Dona Dita, também adentrou o circular no ponto ao lado da rodoviária e sentou-se com seu filho de apenas 50 dias em um banco, logo atrás do motorista. Quando o veículo chegou ao ponto em frente aos Correios, José Fernandes da Cunha e Edna Souza, que voltavam do Supermercado, disputaram assento no coletivo que já estava apinhado de gente. “Havia umas 8 pessoas sem assento e dei meu lugar a uma gestante na altura da rua da Pedra.” – lembra Expedita. A velocidade não era alta, o tráfego não estava atípico e sempre foi comum pessoas ficarem em pé. O ônibus subiu vagarosamente o alto do morro e deveria converter à direita, sentido Avenida Sapucaí. O motorista parou para que a gestante e uma senhora de, aproximadamente, 50 anos descessem. O veículo fez a curva e deu início à descida, quando tudo aconteceu.

Duas ou três casas depois de dobrar a “rua da caixa d’água”, os passageiros escutaram o barulho de uma peça cair do veículo e a velocidade começou a aumentar. José, que permanecia em pé durante o trajeto, só se deu conta de que algo estava acontecendo quando alguém pediu ao motorista que reduzisse a velocidade e ouviu ele dizer que o ônibus estava sem freio. A velocidade aumentava vertiginosamente e o ônibus pulava muito. O pânico tomou conta dos passageiros e a gritaria foi generalizada. “Na altura da Leucotron eu vi o motorista debruçado sobre o volante, tentando dirigir. Dizem que quebrou o pulso e fez isso para conseguir guiar. Eu gritava tanto que, três dias depois, ainda estava com a garganta doendo.” – lembra Expedita. Enquanto algumas pessoas oravam, outras gritavam e José Cunha tentava acalmá-las. Fabiana segurou em uma barra de ferro e envolveu o filho recém-nascido, bem próximo ao seu corpo. “Não escutei o motorista dizer nada porque a gritaria era muito grande” – lembra a moça de trinta e dois anos. Muito religiosa, Edna fechou os olhos e começou e orar. Alguns dizem que a travessia até o cruzamento demorou cinco minutos e outros dizem que foi quinze. Para os passageiros daquela tarde fatídica, entretanto, percorrer os cerca de 900 metros da Avenida que leva o nome do rio que banha a cidade durou uma eternidade. 
“Só escutei alguém gritar, ‘Olha a moto!’ e, num piscar de olhos, já estávamos no muro. A intenção do motorista talvez fosse atravessar a avenida e seguir pela rua no sentido oposto até que o veículo parasse. A velocidade, entretanto, era tão alta que o ônibus não fez a curva e chocou-se violentamente contra o muro de uma residência localizada na esquina. Os passageiros ouviram uma grande explosão e foram bombardeados com estilhaços de cacos de vidro, tijolos e uma nuvem de poeira que tomou o ambiente. Diversas pessoas caíram. Outras, foram atiradas contra os bancos. “Uma senhora caiu por cima de mim e quebrei três costelas.” – recorda José. O mesmo aconteceu com Expedita, que também teve a costela trincada. A velocidade e o peso eram tão grandes que o veículo continuou o trajeto por dentro do quintal da residência, destruiu a face seguinte do muro e só não derrubou a parede de uma fábrica do outro lado da rua porque foi parado por um poste, à beira da calçada. “Alguém se machucou? – gritou o motorista com um profundo corte no rosto, sangrando muito e preso entre as ferragens. “Meu bebê estava com o rosto coberto com terra e com os cabelos cheios de cacos de vidro. Eu saí do ônibus e deitei no gramado. Ao meu lado, muitas pessoas sangravam.” – lembra Fabiana. José estava deitado no chão e gritava muito de dor. “Pensei que tivesse perfurado algo”. Aos poucos, as pessoas começaram a chegar e ampararam as vítimas. Cerca de trinta pessoas foram atendidas no local e, posteriormente, encaminhadas aos hospitais. O motociclista, Rafael Vilela, atropelado pelo ônibus desgovernado, não suportou os ferimentos e faleceu no local. “Eu preferi não ir para o pronto-atendimento naquela hora. De noite, comecei a vomitar sangue e fui me consultar. O médico me examinou, disse que não era grave e fui liberada. Precisei passar pente fino nos cabelos para retirar os cacos de vidro.” – lembra Expedita. 

“O motorista foi um grande herói. Se não fosse ele, não sei o que seria de nós.” – disseram os passageiros entrevistados. Ao ser retirado das ferragens pelos bombeiros, Paulo Pires recebeu os primeiros socorros, ainda no local. Enquanto isso, ambulâncias trafegavam rapidamente toda a extensão da Avenida Frederico de Paula Cunha, em direção ao Hospital que ficou lotado de parentes e amigos das vítimas. A comoção nas redes sociais foi intensa. Pessoas enviavam mensagens de incentivo, davam palpites e oravam pelos acidentados. Alguns santa-ritenses comparavam o acidente ao dia em que a velha ponte metálica desabou no Rio Sapucaí, deixando dezenas de vítimas, seis delas fatais. Assim como aquele 27 de setembro de 1981, o dia 6 de maio de 2014 também traria uma lembrança dramática aos santa-ritenses e, ao que parece, jamais será esquecido.

(Carlos Romero Carneiro)

terça-feira, 27 de maio de 2014

Chegou a hora de barraquear... (Por Danlary Tomazini)

E chega meio-dia com pompa e circunstância. Os sinos badalam muitas vezes, só que agora acompanhados dos nada discretos fogos de artifício. É tempo de parar, refletir. Alguma coisa está mudando e resolvi espiar. O cheiro é de preparação, madeiras novas se transformando em estruturas, fios de energia espalhados por todos os lados, ingredientes sendo cortados e cozidos, sacolas cheias de produtos ainda embalados. Aos poucos, a paisagem ganhou cores novas, o azul e laranja predominaram e o rio ficou escondidinho, deixando aquela rua – sempre pacata – com ares novos, cheia de pessoas com feições e histórias diferentes. 
Da noite para o dia um pedaço da nossa cidade foi tomado e se transformou em outro mundo. Fiquei admirada em encontrar barracas funcionando e aproveitei para bater papo com os “barraqueiros” que estavam mais solícitos e simpáticos que o costumeiro.Afinal de contas, no primeiro dia de montagem, ainda há resquícios de tranquilidade, sem a circulação da tradicional e esperada freguesia. 

Conheci o Sr. Ciro, 68, meu conterrâneo lá do Paraná, que hoje mora em Congonhal e, há 33 anos, participou pela primeira vez da festa com uma pequena barraca de churros e pastel. Desde então, tem em Santa Rita destino certo todos os anos. A barraca cresceu, os pastéis deram lugar a maravilhosos doces, todos preparados com capricho por sua esposa, D. Emiko, 63. Conheci também o Marcelo, 37, que tem a mãe, D. Lourdes, como braço direito na hora da correria que é trabalhar durante a festa, vendendo as desejadas meias e artigos de inverno. Marcelo se diz ‘grávido’ do segundo filho, Daniel, e deixou a esposa gestante de seis meses em Belo Horizonte, onde moram, enquanto trabalha nesta temporada. 

Entre um quitute aqui e um “boa tarde” ali, ouvi muitas histórias, contei outras tantas e o que era para ser um simples passeio em busca de inspiração, acabou se tornando um bate-papo quase que de velhos conhecidos. 

É bom saber que já é tempo de Festa em Santa Rita. Chegou a hora de “barraquear”!

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Empório 77 - Edição Especial Festa de Santa Rita - Já nas Bancas

Nesta Edição:
- O drama dos passageiros do ônibus que perdeu os freios na Avenida Sapucaí.
- Reminiscências da Praça Santa Rita (Por Rita Seda)
- Santa Rita, no início do Século XIX (Por Côn. José Augusto de Carvalho)
- Castro Alves e eu (Por Ivon Luiz Pinto)
- Chegou a hora de barraquear... (Por Danlary Tomazini)
- O tempo econômico e o tempo político (Por Salatiel Correia)
- Notícias do Colégio Tecnológico Delfim Moreira
- Campeão da Primeira Corrida de Santa Rita treina na pista da ETE e fatura 9 mil Reais
- Alunos da ETE FMC visitam cidades históricas de Minas Gerais
- Integração e troca de conhecimentos marcam Incitel 2014
- Inatel assina convênio com Faculdade de Engenharia do Porto

segunda-feira, 26 de maio de 2014

R7: Jovem atropelada por caminhão volta a disputar triatlo após ficar paraplégica

Fé e superação foram palavras essenciais na vida de Tainá Desidério, de 18 anos, nos últimos três anos. Desde pequena, ela se apaixonou pela prática de esportes e, em 2009, se tornou triatleta, disputando as principais competições do País em sua categoria.
A prova de fogo, no entanto, foi quando a jovem teve a promissora carreira interrompida em setembro de 2010, após ser atropelada por um caminhão. Gravemente ferida, Tainá ficou temporariamente paraplégica por causa do deslocamento da bacia e viu todos os seus sonhos serem colocados em risco.


O fato ocorreu no momento em que ela voltava de um treino e se distanciou da equipe, em uma reta conhecida pelo elevado número de acidentes, entre as cidades de Pouso Alegre e Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas, onde a jovem mora. Um caminhoneiro de 82 anos dormiu ao volante, invadiu o acostamento e atingiu a garota, então com 15 anos, pelas costas. Tainá lembra com detalhes de tudo que aconteceu, já que não perdeu os sentidos em momento nenhum.

—Infelizmente eu não apaguei, porque a dor é insuportável. Meu quadril estava todo torto no asfalto, como se tivesse em cima da minha barriga.

O condutor fugiu sem prestar socorro, mas foi perseguido por um motociclista, que ficou ao lado da menina até que o técnico, Rodrigo Barbosa, a encontrasse. Tainá afirma que o treinador foi “o anjo da guarda em sua vida” e a ajudou a não desanimar. Foram cerca de 30 dias internada e praticamente um ano de recuperação. O choque de não poder se mexer abalou a triatleta, que chegou a sofrer de depressão.


—Eu era muito imatura, treinava muito e de repente acontece isso, eu queria voltar a treinar de todo jeito. Precisei ter acompanhamento da psicóloga, aprendi a andar de novo, usei cadeira de rodas, andador, muletas, até terminar a recuperação.

Esforçada e com apoio da família, Tainá estava de volta aos treinos em maio de 2011. Ansiosa, ela se prepara agora para disputar no dia 26 de outubro, em Miami, nos EUA, o Ironman 70.3. O circuito terá oito horas de duração e engloba 2 km de natação, 80 km de bicicleta e 21 km de corrida. Todos os dias, ela vai à escola pela manhã como uma adolescente normal. À tarde, no entanto, ela dedica cerca de cinco horas para os treinos. Mesmo com a rotina apertada, Tainá encontra tempo para frequentar a igreja e se dedicar à sua outra paixão: a música. Evangélica, ela atribui a Deus as conquistas dos últimos anos.

— Deus pra mim é tudo, tudo que eu quero e preciso, coloco nos pés dele e oro muito, por isso estou viva hoje. Acho que é mesmo porque quando a gente tem um sonho assim, não acaba.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Meu tolatão tá doendo (Por Ivon Luiz Pinto)

Meu coração resolveu pregar uma peça nestes dias. Assim, sem mais nem menos, ele  deu umas paradas, esqueceu o seu compromisso de estar sempre batendo, e quis parar. Foi por poucos instantes, mas deixou meu cardiologista apavorado e com vontade de implantar um marca- passo. Eu nem sabia que meu coração estava assim, desiludido, cansado, querendo um repouso. Tadinho, tem trabalhado muito nestes setenta e nove anos. Coloque isso em horas, minutos e segundos e vai dar um número bem grande,  2.491.344.000 segundos. Muita coisa. Imagine quantos segundos já bateu o coração do Mons. José Carneiro.
Não é a primeira vez que  me prega uma peça. Há alguns anos ele resolveu entupir uma coronária e, como salvação, tive que colocar stend. Foi só susto. Mas não é de hoje que ele tem essas implicâncias comigo. É coisa velha, antiga, que começou quando eu era criança. Lá pelos meus quatro anos ele se revoltou, achou que estava ganhan-do pouco pelo trabalho que fazia. Minha família era pobre e a alimentação não era muito boa. Então, ele reclamou e eu fui para a cama por muitos dias e chamaram um médico, Dr. Gaspar, de Itajubá, e ele chamou meu pai num particular e disse. – Benedito, esse menino não escapa. Não se tem nada pra fazer. Ele errou, graças a Deus.  Eu sarei, voltei à minha vida familiar, mas ficou um senão, todos me achavam impossibilitado de fazer exercícios. Principalmente a mamãe que me adulava, pois, além de sofrer do coração eu era o caçulinha querido. Meus irmãos implicavam com esse tratamento e exigiam que eu fizesse algum trabalho útil. Nessas ocasiões eu corria para a mamãe e dizia que o “tolatão” estava doendo. Não sabia dizer coração, saía tolatão. Sempre carreguei dificuldades de pronúncia, principalmente trocando o B pelo P e o V pelo F.  Tenho uma filha com esse mesmo defeito de fabricação. Coisa chata que já me colocou em muitos apuros como quando vi o Vavá Ferreira levando uma vaca para pôr no pasto do Dito Quinquin e eu disse que o “Fafá ia lefando uma faca”. Todos riam de mim, menos mamãe que acariciava meus cabelos encaracolados e dizia para não ligar pro pessoal. Mamãe esteve muito presente em minha vida, me defendendo, aconselhando. Foi ela que sugeriu que eu fosse para um colégio e resolveram que seria o Colégio São Joaquim, dos salesianos, em Lorena. Internato do qual fugi uma vez e quase não me aceitaram de volta. Mas papai sabia conversar e era capaz de dobrar até o Papa com suas argumentações. Quando eu chegava em casa, nos feriados, ou para as férias, mamãe corria a fazer a comida que ela achava que eu gostava, e lá vinha alface, couve e angu. Ainda gosto demais desses três pratos. Com mamãe eu aprendi a bater o pilão e fazer farofa de carne e aprendi a fazer sabão de cinzas, coando o líquido para a de coada e acertando o produto no barrilheiro. Coisas daquela época. Hoje ninguém sabe o que é isso. São coisas boas de antigamente. Eu gostava de brincar com os cabelos longos da mamãe, cabelos que, desenrolados, iam até a cintura e que ela enrolava em coque ou fazia trança. Cabelos pretos, luzidios. Como uma índia. Igual ao cabelo que Catulo cantou assim:

“Sá  dona o cabelo dela  tão preto pro chão caía
Que toda flô que butava no cabelo  a flô murchava
Pensando que anoitecia.”

Era isso que ela era. A mãe dela era uma índia, muito bonita, que casou com um caipira de olhos claros.  Minha irmã tem olhos esverdeados, lindos. Eu, de herança só tenho o sangue, sangue de índio que gosta da natureza e aprecia o luar. E um coração, fraco e desajeitado. Coração não...” tolatão”

quarta-feira, 14 de maio de 2014

ETE Oferece oportunidade de emprego para porteiro

. Cargo: Porteiro
. Horário: 18:00 às 6:00 hs 
. Escala: 12/36 
. Escolaridade: Ensino Médio Completo
. Conhecimentos Desejáveis: Segurança Patrimonial / Informática (Nível Básico)

Interessados entregar currículo na recepção da ETE FMC até dia 17/05/2014 ou 
enviar por e-mail - Vaga Porteiro aos cuidados de Elaine.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Homenageando as mães (Por Rita Seda)

Bendigo a Mãe com M maiúsculo, que teve a honra de ser a Mãe do Salvador Jesus, mas que também sofreu as dores de Sua Paixão, vendo-O morrer numa cruz como um reles fora da lei. Santa Mãe Maria, nossa Mãe do Céu, a ti nosso louvor, nossa gratidão por desatares todos os nós da nossa vida! Quanto às mães da nossa cidade, cada qual tem uma linda história...
Já vi mãe correndo atrás de filho  com a intenção de salvá-lo, mas ele pensava que era para castigá-lo... Quem venceu? Claro, a mãe, embora o contrário fosse o mais provável. Já vi mãe abraçando, perdoar o filho que errou, não permitindo nem que pedisse perdão. Já vi mãe ficar sem comer para alimentar o filho faminto, sem nunca contar-lhe que estava anêmica porque passara fome... Já vi mãe gabar o filho, na maior inocência, sem saber que ele roubava e se drogava... Mais ou menos como a música “Meu guri”, de Chico Buarque! Também já vi mãe brigar com a professora que deu a nota baixa merecida ao menino que foi pego colando! Mas também vi mãe que levou o filho diante do professor para pedir-lhe desculpas pela arte que fez em sala... Já vi mãe que amamentou a filha toda uma noite (mãe de primeira viagem). A filha vomitava o excesso, a mãe voltava a dar-lhe o peito pensando que o choro era de fome... E a salvação foi a sabedoria da avó da criança, que se trancou com ela em seu quarto e impediu o encontro das duas por algumas horas! 

Quantas mães eu vi esconder do pai a travessura dos filhos, que, percebendo a bondade da mãe, foram melhorando o comportamento... e as notas também! Pois as mães escondiam até as notas baixas, com a promessa dos pestinhas de nunca mais acontecer! E dava certo, porque mãe é o anjo que Deus colocou na terra para proteger os filhos. Até vi mãe, carregada de filhos, adotando duas meninas que ficaram órfãs de pai e mãe. Essa eu tenho que declinar o nome: Dona Maria Bonita. Um dos gestos maternos que mais tocou minha meninice! E aquela mãe que acolhia em sua casa, todos os dias, um punhado de garotas de famílias carentes, para ensinar-lhes um trabalho manual? Bordado, tricô, crochê, pintura, fuxico... E atrás do trabalhinho, havia o alimento, sempre escasso na casa das garotas! E a história daquela mãe, que vendo o filho inteligente, mas avesso a frequentar a escola pois achou que sabia o suficiente? Empregou-o como servente de um pedreiro amigo, pagando ela própria o seu salário, pois sabia que não iria merecer grande coisa... Ele só veio a saber da tramoia da mãe quando era homem feito! Mas que a  manobra fez bem para seu ego adolescente, mostrando-lhe o caminho do trabalho com honradez, estou certa que fez! Também já vi mãe adotar uma criança deixada na porta de sua casa, mesmo sabendo que era deficiente e que lhe daria grande trabalho, tirando-lhe toda  a liberdade... São muitas as histórias de mães... Vocês também têm as suas, vividas ou apreciadas. Mas poucas pessoas foram capazes de escrever algo tão tocante como este poema, que dedico às nossas mães, às amigas que são mães e a todas as mães do mundo:

A leoa

(Raimundo Correia )

Não há quem a emoção não dobre e vença,
lendo o episódio da leoa brava,
que, sedenta e famélica bramava,
vagando pelas ruas de Florença.

Foge a população espavorida,
e na cidade deplorável e erma
topa a leoa só, quase sem vida,
uma infeliz mulher débil 
e enferma.

Em frente à fera 
no estupor do assombro,
não já por si tremia, ela, 
a mesquinha,
porém porque era mãe, 
e o peso tinha,
sempre caro pras mães, de um filho ao ombro.
(...)
Mas a leoa, como se entendesse
o amor da mãe, 
incólume deixou-a ..
É que esse amor 
até nas feras vê-se!...
E é que era mãe, talvez, 
essa leoa!

Exposec terá show room do "Vale da Eletrônica"

Impulsionado por novas tecnologias, o mercado de segurança eletrônica segue em alta em 2014. O segmento, que cresce cerca de 10% anualmente, oferece uma série de oportunidades para as indústrias do setor.
De olho neste mercado, a cidade de Santa Rita do Sapucaí - MG, um dos maiores polos de tecnologia do Brasil, que concentra 150 empresas do setor de eletroeletrônicos e fatura anualmente R$ 2,5 bilhões, participa da 17ª edição da EXPOSEC | International Security Fair.Organizado pelo Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (SINDVEL), com o apoio da Prefeitura Municipal de Santa Rita do Sapucaí e do SEBRAE MINAS, o show room do Vale da Eletrônica contará com a participação de 38 expositores, sendo 28 empresas do setor de eletrônicos, além de entidades e associações empresariais, a Incubadora Municipal de Empresas Sinhá Moreira e as três principais instituições de ensino da cidade (ETE, FAI e INATEL).
Entre as empresa expositoras estão a AG; Alarmes Santa Rita; Ativa Soluções; Clear CFTV; Enterplak; Exsto Tecnologia; Genno Tecnologia; Hitachi Kokusai Linear; Inttelix Brasil; Jetech Eletro-Eletrônica; LC Eletrônica; Legon Tecnologia; Leucotron Equipamentos; Lider; Marte Científica; MCM; Onat Tecnologia; Pixel TI; Polotec; Polsec; Sectra; Sense Eletrônica; Sensotron Eletrônica; TDM; TMP Transformadores; TSDA; Valemec Eletromecânica e Waycon.

Globo Esporte: Após grave acidente, jovem atleta de Santa Rita volta a se destacar no triathlon

Tainá se destaca no triathlon, que une natação, corrida e ciclismo (Foto: Reprodução EPTV)

Uma jovem atleta de Santa Rita do Sapucaí tem se destacado no cenário do triathlon nacional. Com apenas 18 anos, Tainá Desidério já foi campeã do X-Terra em 2009 e de uma das principais competições da categoria: o Troféu Brasil de Triathlon,e m 2010. Agora, a jovem se prepara para o desafio mais difícil da carreira, o Ironman 70.3, disputado em Miami, nos Estados Unidos.

Tainá sempre foi uma garota versátil. Ela começou com a natação quando tinha apenas 4 anos de idade e praticou esportes como vôlei e futebol. Com energia de sobra até para tocar violão, ela encontrou a soma perfeita no triathlon.

- Eu sempre gostei de natação, de pedalar e também de futebol, que envolve a corrida. No triathlon eu descobri que posso fazer as três coisas que eu sempre gostei em um esporte só - conta.
Tainá ainda tem energia para tocar violão (Foto: Reprodução EPTV)
No entanto, a principal vitória da jovem foi voltar a competir após um grave acidente. Durante um treinamento em setembro de 2010, a triatleta foi atropelada por um caminhão quando praticava o ciclismo na BR-459.

- Eu fui arrastada por uma boa distância no asfalto até parar. O que eu lembro é que foi um impacto muito forte - relata.
A tesoureira Patrícia de Cássia Gomes trabalha no centro de treinamento que patrocina Tainá e chegou ao local do acidente minutos depois. Ela encontrou a atleta ainda no acostamento da pista.

- Ela estava caída no chão, toda ralada. A bicicleta estava destruída e ficou compactada. Foi difícil vê-la de colete imóvel ali no chão - afirma.

O primeiro diagnóstico foi de paraplegia, perda do movimento das pernas. Tainá saiu do hospital de cadeira de rodas, mas um ano depois já estava de pé e retomando a rotina de treinamento.

- A primeiro prazo era difícil voltar a competir. Foi um choque muito grande, mas desde o começo eu sempre falei para os médicos que eu ia continuar competindo, nem se fosse de cadeira de rodas - destaca.

O Ironman 70.3 acontece em outubro e terá cerca de 8h de competição. Serão dois quilômetros de natação, 80 quilômetros de bicicleta e 21 quilômetros de corrida.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Eu e minha xícara de chá - Por Salatiel Correia

Paris, em um dia qualquer de dezembro de 2013. Estava nessa cidade, a qual tenho por hábito revisitar a cada dois anos. Desço do metrô na Praça San Michel, no coração do bairro famoso pelas livrarias, cafés, pelos majestosos jardins de Luxemburgo e pela Universidade de Sorbonne que lá se localizam: o Quartier Latin. O frio estava de lascar. Entro num café e faço, ao garçom, num francês hoje fluente, meu pedido:
─ Por gentileza, um bolo Madeleine e um chá quente. 

Não se passaram mais que cinco minutos e lá veio o simpático garçom com minha solicitação prontamente atendida. Um bolo Madeleine, uma xícara de chá e Paris. Tudo se encaixava com o maior romance — em tamanho e envergadura — escrito pelo grande escritor francês do século XX: Marcel Proust. Marcel Proust, no seu magistral "Em Busca do Tempo Perdido", expressa, em seis volumes, que totalizam 3 mil páginas, o lento passar do tempo naquela bucólica, mas já cosmopolita Paris do início do século XX, tão repleta de saraus, de passeios a pé pela Avenida dos Campos Elísios.

Degustar uma xícara de chá, para ele, era como voltar à sua primeira infância, passada na pequena Combray, quando Proust lá passava as férias na casa da avó. A vida de criança, as primeiras paixões da adolescência, a vida adulta em Paris, enfim: o lento passar do tempo vinha à memória deste grande escritor, enquanto tomava uma xícara de chá, saboreando um Madeleine. O lento e contínuo fluxo do tempo transcorria.

Confesso que, estar em Paris e repetir o hábito de Proust, já tendo enfrentado sua obra-prima, veio-me à memória a minha Combray dos tempos em que eu era ainda um jovem estudante na pequena e agradável Santa Rita do Sapucaí.

Ao primeiro gole e à primeira mordida no Madeleine, vieram-me cenas do frio de maio, quando eu subia a pé a João de Camargo. Eu ia atrás, na minha frente, seguia  um jovem estudante de uma turma anterior à minha e que, anos mais tarde, tornar-se-ia um grande gestor do nosso querido Inatel: Wander Chaves. Parece que foi ontem, quando, pela João de Camargo, eu trafegava e via o nosso querido professor Justino montado na sua Brasília conduzida vagarosamente. Jaleco branco... a barba preta ornamentava uma alma generosa e ávida por nos transmitir seu imenso conhecimento. Na descida da João de Camargo, a primeira pessoa que me vem à memória, enquanto aprecio meu chá, é a figura mãe dos estudantes que nossa querida dona Hespanha representava para muitos de nós que tivemos o prazer de conhecê-la. Sua figura maternal, na janela de sua casa, vendo os estudantes saírem da escola permanece viva em mim até hoje. Descer a João de Camargo era parar no bar do primo ou do Didi para tomar uma Coca-Cola e degustar um delicioso salgadinho ou, então, parar em frente da casa de meu saudoso amigo Mauro Longuinho para bater um papo.

Continuo a mexer minha xícara de chá e a apreciar mais um pedaço do Madeleine. A imagem que agora embevece meu rememorar de vida santaritense se centra na figura do nosso amigo Rosário Perrota, pai do Giovanni. Parece que foi ontem. Lá estava eu tomando aquela deliciosa coalhada com maçã servida no seu estabelecimento comercial. Lá eu também comprava revistas ou simplesmente jogava conversa fora com seu Rosário e sua encantadora esposa. De quem também me lembro é da saudosa figura do Candião, com seu restaurante na rodoviária, no qual, bom de garfo que sempre fui, almoçava todo o santo dia. Como também se torna uma viva lembrança, para mim, a Casa Marques, de meu dileto amigo José Élcio Marques, também, conhecido, carinhosamente, pelo apelido de Brechó. Brechó é pessoa generosa, um amigo de toda uma vida. Até hoje, quando a saudade aperta, mantenho conversas ao telefone com ele e sua família. Morei bem uns três anos nos fundos de seu estabelecimento. Estão ainda vivas dentro de mim nossos dedos de prosa no findar da tarde.

Mais gole de chá, acompanhado de mais uma degustada no Madeleine, fazem-me lembrar outra figura generosa dos anos vividos na terra de Sinhá Moreira: o Modesto e sua lanchonete.  Para lá ia eu todas as noites apreciar o melhor sanduíche e a melhor vitamina da cidade. O bar do Wladas, com seu bife delicioso, que valia ouro, acompanha meu paladar até os dias de hoje.   

Mais um gole de chá, acompanhado de um pedaço do Madeleine, agora, fazem-me recordar alguns de meus colegas vivos ou que já se foram que habitavam a pequena Santa Rita. É o caso do mais espirituoso deles, o Francisco Martins Portelinha, hoje, professor da Universidade Federal de Itajubá. Do magnata Toninho Maglioni, dono do supermercado Alvorada; do sempre risonho Cláudio Dias da Costa; e daquele cuja timidez e inteligência caracterizavam seu ser: o Carlos Guerra Godoi. Outro colega do qual não me esqueço é do Flavinho Ulhôa. Este exalava em todos nós aquela tranquilidade típica dos monges tibetanos. Pena não estar mais entre nós um de meus mais próximos amigos e do qual me tornei um habitué de sua casa nos meus tempos de Inatel: o Benedito João Maia Costa.

Um derradeiro gole de chá e uma última degustada no Madeleine me trazem uma última lembrança de meus tempos juvenis na pequena e aprazível Santa Rita. Vem-me na lembrança a figura de meus amigos Cesar Romero, tio do Carlos Romero do Empório de Notícias, e do seu amigo, que se tornou também uma boa lembrança neste meu rememorar da vida, na terra de Voltaire: o meu vizinho Clemilton, que hoje reside na vizinha Cristina. A vida é fluxo contínuo, em que sempre é bom trazer à memória a lembrança de pessoas pelas quais nutrimos sentimentos que nos conduzem leveza quando delas nos recordamos.

Termino meu deliciar do bolo Madeleine, acompanhado de uma xícara de chá. Pago a conta. O frio não impede de tomar novamente o metrô e seguir para o bairro dos artistas, Monmartre, para agora me deleitar com belas obras de arte expostas nas ruas do bairro ao som dos realejos. Só mesmo Paris para nos fazer saudosistas de tempos que se foram. São coisas como essas, regadas com deleite, que as obras dos artistas de rua e de museus como o Louvre nos proporcionam e fazem da cidade luz um lugar único o qual tem de ser sempre revisitado. Quando nos cansamos das lembranças que nos marcam e do apreciar o que está implícito numa verdadeira obra de arte que rega nossos espíritos é porque simplesmente cansamos de apreciar o belo. Sem o apreciar do belo e as recordações que carregamos dentro de nós, vive-se uma vida que não merece ser vivida.

Salatiel Correia é Engenheiro, Administrador  de Empresas, Mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, do livro A Energia na Região do Agronegócio.

CBN: Após depressão pós-parto, moradora de Santa Rita cria blog e já tem 300 mil seguidoras

Um blog na internet fez com que uma mãe de 30 anos que sofria de depressão pós-parto desse a volta por cima e virasse um fenômeno na internet. Com mais de 300 mil seguidoras, a advogada Isabelle Araújo Carvalho de Andrade, de Santa Rita do Sapucaí (MG), que viveu momentos de angústia e frustração no nascimento da primeira filha, hoje dá conselhos para mães que passam pelo mesmo problema.
Advogada superou depressão pós-parto e criou blog de sucesso no Sul de MG (Foto: Reprodução EPTV)
Mesmo focada na vida profissional, Isabelle nunca perdeu de vista o sonho de ser mãe. Aos 30 anos, a advogada já tinha alcançado a estabilidade desejada e só faltava a Elisa para a felicidade ficar completa. Hoje Isabelle consegue ser mãe o tempo todo, mas não foi assim quando Elisa nasceu. A advogada sofreu depressão pós-parto e viveu momentos de angústia e frustração.
A gravidez de Isabelle não foi fácil. Aos sete meses de gestação, a pressão arterial de Isabelle subiu e o parto precisou ser antecipado. Prematura, Elisa passou alguns dias na UTI. Para a mãe, o momento mais difícil foi ver o leite secar por causa do medicamento para a depressão. Para vencer a depressão pós-parto, Isabelle começou a dividir o que ela sentia com outras pessoas.
Pela internet, ela encontrou outras mães que viviam os mesmos problemas e passou a trocar experiências. O blog "De repente trintei" foi criado antes da gravidez. Mas só depois de ser mãe, Isabelle passou a interagir diariamente com os internautas.
Blog criado por advogada de Santa Rita do Sapucaí
já tem mais de 300 mil seguidoras
(Foto: Reprodução EPTV)
"Quando eu me tornei mãe, percebi que eu não tinha nada e naquele momento eu passei a ter. Eu não imaginava que as pessoas iam parar para ler aqueles textos. E realmente foi uma surpresa muito grande. Hoje eu vejo inúmeras mulheres dizendo que passaram pelo mesmo problema", conta Isabelle.
Com a depressão superada, Isabelle decidiu ajudar outras pessoas e agora dá dicas no blog para manter a autoestima das seguidoras sempre nas alturas. Hoje, cerca de 10 mil pessoas visitam as páginas do blog, que já tem mais de 300 mil seguidoras. De certa forma, o blog ajudou Isabelle a ver a real importância de ser mãe.
"Descobrir a Elisa, ela descobrindo as coisas, ela me imitando, se espelhando em mim, é uma coisa maravilhosa. Passar o Dia das Mães, tê-la ao meu lado, só me faz agradecer muito a Deus", diz a advogada.
FOnte: CBN

sexta-feira, 9 de maio de 2014

No Dia Mundial da Dança, contamos a trajetória de Ândrea Falsarella

A primeira recordação que Ândrea Falsarella tem do mundo da dança vem de seus 3 anos, quando os pais a levaram para experimentar sapatilhas que seriam usadas em uma apresentação no jardim da infância. Mal sabia que, daquele dia em diante, aqueles calçados a guiariam pelos caminhos mais importantes de sua vida. 
Em meados de 1980, a recomendação de um ortopedista para uma correção nos joelhos fez com que a garotinha integrasse a primeira turma de ballet para crianças, criada pela professora Vera Lúcia Martinez. As aulas aconteciam no terraço do Edifício Santa Rita. Algumas cadeiras era usadas como barra, as vidraças do salão de festas improvisadas como espelho e a paixão pela dança só aumentava. 

Ândrea vivia tão intensamente o mundo do ballet que era levada pela “Tia Verinha”, como ficou conhecida, para as aulas na vizinha Pouso Alegre. A bordo de uma Fiorino, a menina ia contando as curvas da estrada e ensaiava mentalmente os passos que daria como bailarina em uma apresentação que aconteceria em setembro.

No dia do grande espetáculo, o teatro da ETE estava repleto e chegava o momento de Ândrea se apresentar. O piso de madeira, entretanto, fez com que a menina vestida de formiguinha escorregasse e se lembrasse de uma valiosa lição de sua mestra: “Se cair, levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”. Foi o que ela fez. A plateia adorou quando viu a menina bater o pó do vestido, ajeitar as anteninhas e continuar dançando. 
As palmas fizeram com que ela se sentisse cada vez mais segura da dança e do que queria fazer da vida. Aos 7 anos, quando alguém perguntava o que queria ser quando crescesse, não hesitava: “Quero ser professora de dança. Não vou dançar para companhias porque quero ter filhos” – e as pessoas ficavam surpresas com seu desembaraço.

Do collant rosa dos bebês, Ândrea conquistou o direito de usar o azul marinho das bailarinas mais velhas e evoluía sua técnica a cada dia. As aulas, agora, aconteciam em um salão sobre o fliperama do Waltinho, em uma das casas demolidas da praça. 
Em 1982, Verinha mudou-se para Volta Redonda e a menina de oito anos ficou órfã de professora, até conhecer um dançarino chamado Sérgio, com quem começou a aprender jazz. Naquele período, recebeu inúmeros convites de seu amigo João Bosco e tornou-se figura constante nos famosos eventos sociais, frequentes na década de 80. 

Em sua primeira apresentação, em um daqueles bailes, um fato inusitado marcou a vida da dançarina. Seu pai tinha deixado um copo com whisky sobre a mesa, ela confundiu com guaraná e virou de uma só vez. Sorte que tinha acabado de dançar. Precisou ser levada às pressas para casa e só acordou no dia seguinte.
Com a volta de Verinha, em 1986, Ândrea recomeçou as aulas de balé. Aos doze anos, foi convidada para ser sua ajudante e auxiliava as crianças menores.

Em 1989, decidiu dar aulas de dança e, por um ano inteiro, teve apenas uma aluna, Alessandra Nassar. Com a febre da lambada pelo país, a professora aproveitou a alta procura e lotou uma sala oferecida por seu amigo Giovani De Franco, nos fundos da Clínica João Paulo II. Após o nascimento de sua filha, chegava a hora de dar uma parada e dedicar-se, exclusivamente, à Mayara.
Em pouco tempo, recebeu um “paitrocínio” e, em agosto de 1993, deu início à Academia de Dança Ândrea Falsarella. No final do ano, Ândrea criou uma apresentação para mostrar o rendimento das alunas e produziu um espetáculo chamado “A dança pelo mundo”. Os eventos ficariam muito concorridos entre os santa-ritenses e passaram a constar no calendário de eventos da cidade.
Se quando começou a lecionar sua sala era minúscula, a chance de expandir os negócios surgiu quando o fotógrafo Massaro emprestou o segundo andar de seu prédio com a intenção de atrair público para sua recém montada loja. Com um salão de duzentos metros quadrados, o número de alunos multiplicou-se rapidamente e Ândrea livrou-se do aluguel por um ano.

A vantagem de se ter muitos alunos era que os eventos também podiam ser maiores e mais bem produzidos. Isso foi notado durante o espetáculo “O Quebra-nozes”, em 1995, que proporcionou um show jamais visto em Santa Rita, até então. “Aquele foi um divisor de águas para nós. Desde então, deixamos de ter medo e passamos a sonhar cada vez mais alto. Foi uma época muito marcante para mim, principalmente porque tive  o meu segundo filho, o Pedro Henrique.” – conta Ândrea.
Uma incerteza econômica afetou o país durante a transição do Plano Real e a dançarina viu sua escola esvaziar. De 150 alunos, ficou com apenas um terço desse número e não conseguia pagar o aluguel. Corria 1998 quando Ândrea mudou-se para São Paulo onde conheceu pessoas importantes para o seu aperfeiçoamento. Nessa época, teve a oportunidade de estudar e trabalhar na Cia de Jaime Arôxa, frequentar aulas de ballet na escola de bailados do Teatro Municipal, participar de apresentações em emissoras de televisão e tomar parte do elenco de dançarinos do programa “Ligação”, da TV Gazeta.
A volta de Ândrea para Santa Rita aconteceu em 2003, quando decidiu cursar faculdade de Educação Física, em Pouso Alegre. Em menos de um mês, conseguiu emprego na FAI e passou a lecionar no Curso Aberto à Maturidade e na Aquanauta. Quando criou coragem de abrir novamente a Academia, a aposta foi tão certeira que sua escola foi inaugurada com 150 alunos. No evento de 2005, “Em ritmo de cinema”, os 984 lugares do Auditório da ETE não foram suficientes. “Muitas pessoas ficaram sentadas no chão.” Daquele ano em diante, foi necessário criar dois dias de apresentação, uma delas em benefício da Creche Santa Rita.

Atualmente, a Academia de Dança Ândrea Falsarella possui 240 alunos, sendo que 80 deles integram um projeto chamado “Associação Cultura Pró Dança”, que dá oportunidade de crianças conhecerem o mundo da dança, mediante pagamento de um valor mais acessível. 
O grande acontecimento de 2014 tem sido o retorno de Mayara, que estava estudando em Campinas, e a retomada dos trabalhos ao lado da mãe. O próximo espetáculo, intitulado “O Mágico de Oz” promete ser o melhor dentre todas as edições. “Minha filha leciona Jazz, dança de salão e balé. É a primeira santa-ritense com bacharelado em dança e sinto um grande orgulho disso.” - conta.

Ao fazer um balanço sobre a carreira, Ândrea emociona-se: “Eu não sou nada sem o apoio desta cidade. Devo muito aos pais dos alunos que acreditaram em mim. Sou uma pessoa muito realizada, profissional e pessoalmente. Estou no melhor momento da minha vida e fico muito feliz que a Academia esteja sendo tão bem classificada em eventos de renome internacional. É o retorno de um trabalho sério e que conta com o apoio inestimável de meus cola-boradores, Alex Ferreira, Mayara Falsarella e Maria Drummond, além da administração do meu marido Richard Carvalho.
(Carlos Romero Carneiro)

Oferecimento:

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Ilha Fiscal, Titanic e o grandioso Cassino no sul de Minas

Corria os olhos na internet em busca de algo interessante para conhecer no sul de Minas, quando deparei-me com um fato tão incrível quanto o naufrágio do Titanic ou o último baile da Ilha Fiscal. A descrição que várias páginas faziam do episódio era, de certa forma, uma mescla dessas duas histórias e aconteceu a uma hora e pouco de Santa Rita, na vizinha cidade de Lambari. Como na tragédia vivida pelos tripulantes da embarcação que “nem Deus poderia afundar”, o drama do suntuoso Cassino construído às margens do Lago Guanabara ocorreu em sua primeira e única noite. Assim como no baile de 9 de novembro de 1889, onde cerca de 3 mil pessoas viveram o excesso e a extravagância que marcaram o fim da Monarquia no Brasil, soube que o empreendimento criado pelo primeiro prefeito de Lambari – Américo Werneck - também foi marcado pelo luxo e pela ostentação. As coincidências e a grandiloquência são muitas e bem parecidas. No baile da Ilha Fiscal, na então capital do império, Rio de Janeiro, oferecido aos tripulantes do navio chileno Cochrane, foram importados lanternas chinesas, balões venezianos e vasos franceses. Já na inauguração do que seria o maior Cassino de Minas Gerais, os pisos e forros vieram da Ásia, azulejos e peças sanitárias trazidos de Portugal e Inglaterra, as telhas francesas e algumas gôndolas de Veneza colocadas no lago. Apoiado pelo governador de Minas, o itajubense Wenceslau Brás, Werneck quis produzir um relicário onde o Cassino seria a sua mais preciosa joia. 
 Na manhã de 24 de abril de 1911, a estação férrea de Lambari viu desembarcar centenas de personalidades ilustres como o presidente, Marechal Hermes da Fonseca e o próprio governador, que o sucederia 3 anos depois. 
Os primeiros convidados que chegaram à construção de 2800m², executada pela firma Poley & Ferreira, viram a luz de um farol iluminar as vidraças da fortaleza. Do hall, perceberam que estavam diante de um ambiente único e caminharam, lentamente, pelos luxuosos aposentos. Estatuetas de gueixas, dragões e garças, candelabros dourados, lustres de cristal e paredes repletas de obras que remetiam à natureza brasileira proporcionavam uma atmosfera requintada, enquanto a orquestra dava início ao espetáculo, no salão de música.
Se o mais famoso transatlântico do planeta afundou após forte colisão com um iceberg no oceano Atlântico, fato parecido aconteceu na inauguração do Cassino, quando o prefeito iniciou uma discussão com o governador, quando transitavam pelo passadiço coberto de telhas de ardósia que dava acesso às torres. “Esta será a última noite!” – teria dito Wenceslau. 
Ao amanhecer, o Cassino foi fechado e assim permaneceu nas décadas seguintes. De lá pra cá, quase todo o acervo foi saqueado, um incêndio queimou boa parte dos livros que antes ocupavam o salão de leitura e o local pareceu ter se congelado, como os náufragos à espera do salvamento.
Hoje, quem chega à simpática Lambari, nota certa melancolia. Os moradores, cordiais e agradáveis, parecem esperar que algo aconteça. Em torno do Cassino, destelhado e rodeado de tapumes, materiais de construção indicam que as obras estão em andamento. Enquanto isso, a população leva a vida e rememora uma época em que a Princesa Isabel ali esteve para curar-se da infertilidade; do tempo em que daquelas terras brotava a água mais pura do país e em que o sonho do grandioso Cassino do Lago Guanabara dissolveu-se como a brisa que encobre suas montanhas.



(Carlos Romero Carneiro)