sábado, 9 de agosto de 2014

Cidade Criativa vive momento mágico com palestra de Clóvis de Barros Filho

Na noite de 8 de agosto, cerca de 800 pessoas estiveram no Teatro Inatel para uma das palestras mais aguardadas do Festival de Criatividade e Inovação, "Cidade Criativa, Cidade Feliz" que acontece durante todo o mês. O expositor seria o filósofo e professor da USP, Clóvis de Barros Filho que, até então, eu nunca tinha ouvido falar. Confesso que achei meio estranho quando algumas pessoas pediram para tirar fotos com ele, enquanto a palestra não começava. "Quem diabos é esse homem?" Imaginei que o evento promovido pelo Sebrae teria que ser muito bom para atrair tanta gente, e foi. Muito mais do que eu imaginava.
O palestrante parecia uma metralhadora ao destrinchar o tema da noite, "A vida que merece ser vivida". Com bom humor, muita propriedade e uma oratória impecável, Clóvis dividiu a felicidade em 3 pensadores: Platão, Aristóteles e Jesus de Nazaré.

Segundo Platão, a busca humana está no desejo. Em perseguir o que não tem. Uma vez conquistado o que se quer, o desejo perderia o valor e daria lugar a outro. Já para Aristóteles,  seu discípulo, felicidade seria a valorização do que se tem. E para Jesus, a plenitude estaria em fazer o outro feliz. Em nos colocarmos no lugar de quem amamos. Juntas, essas três visões dariam sentido às nossas vidas. Bacana, não? Para completar, definiu que - sendo impossível amar a todos - a ética entraria em cena para que pudéssemos respeitar uns aos outros e vivermos em harmonia na comunidade.

Quando falou em ética, o expositor chamou a atenção para o péssimo hábito de querermos sempre levar vantagem em tudo. Do velho truque de buscarmos benefícios sem nos importarmos com o outro. E citou pequenos exemplos como "respeitar o sinal", "recolher o lixo" ou "sermos corteses" para garantir uma boa convivência.
Enquanto ele tocava nesses assuntos eu pensava: "Que bom que 800 pessoas de nossa comunidade foram tocadas por essas palavras. Tal transformação pode não ser tão abrangente quanto deveria, mas, com pequenos exemplos, transformamos a cidade toda. Esse é o objetivo do Cidade Criativa."

Quando deixei o auditório, maravilhado com o que tinha ouvido, segui com o carro por um estreito corredor para deixar o Inatel e, em dado momento, esperei para que um outro carro que estava estacionado pudesse sair. Eis que o motorista que estava atrás de mim, usa o espaço deixado pelo veículo que partiu para me ultrapassar. "O jeitinho." O carro com placa de Conceição dos Ouros, avançou poucos metros, mas havia aplicado justamente o contrário do que disse o pensador. "Pelo jeito, a palestra não sensibilizou esse sujeito." - pensei. Antes de deixar o local, bem à minha frente, o homem deu uma última tragada no cigarro, atirou-o aceso pela janela e sumiu. Entrou por um portão e saiu por outro. Que tenha sido a única "exceção" a pagar 25 Reais pelo espetáculo. Pelo menos, mesmo sem querer, ajudou o nosso hospital, que anda mau das pernas. :) 

(Por Carlos Romero Carneiro)

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