quarta-feira, 18 de março de 2015

O reitor, o ministro e o que os unia: Santa Rita do Sapucaí (Por Salatiel Correia)

“Vá lá a Brasília. Procure o mi-nistro no Supremo Tribunal Fe-deral, fale em meu nome. Peça a ele que convide o ministro Aliomar Baleeiro para vir a Goiânia encerrar nosso Congresso de Direito.” - assim, solicitou o reitor ao diretor da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Com essa incumbência dada pelo Magnífico, ele me relatou o que fez:
 “Dito e feito. Fui para Brasília e me dirigi ao Supremo Tribunal Federal. Lá chegando, a secretária do ministro anunciou meu nome. O magistrado não me conhecia, mas bastou falar o nome do reitor para que as portas se abrissem. O ministro, pessoa de fino trato, prontamente me atendeu com a maior simpatia, colocando-me de frente a seu colega, considerado o maior tributarista do Brasil: Aliomar Baleeiro. Fiz o convite e Aliomar Baleeiro veio a Goiânia encerrar, com brilho, o Congresso de Direito.” 

O ministro em questão era o doutor Francisco Rezek, nascido na mineira Cristina, mas santa-ritense de coração e adoção. O reitor da PUC era outro santa-ritense de coração e adoção. Falo do então padre Vaz, que, anos mais tarde, tornar-se-ia reitor de outra Pontifícia Universidade Católica e, posteriormente, seria promovido a bispo de Petrópolis.

Relatou-me esse episódio, enquanto esperávamos para sermos atendidos pelo oftalmologista, um velho amigo de minha família que fora diretor da Faculdade de Direito da PUC, no fim dos anos de 1970, na época em que o reitor era o padre Vaz. Ao ouvir o relato, logo pensei: dois homens de destaque e um elo comum entre eles, estivessem onde estivessem: Santa Rita do Sapucaí.

Aproveitei aquele momento para relatar ao ex-diretor da Faculdade de Direito velhas histórias sobre o padre Vaz que todo santa-ritense conhece, mas que o diretor, homem dessas bandas do Brasil central, desconhecia.

Histórias como a decisiva participação de Dom Vaz na consolidação da maior Escola Técnica de Eletrônica da América Latina. Histórias de amor do povo de Santa Rita ao pastor educador que por lá viveu deixando sua marca no coração da população.

Na época em que o padre Vaz viveu entre nós, Goiânia tinha quase um milhão de habitantes. Hoje, beira a um milhão e meio. Numa cidade grande assim, a realidade de interação com a sociedade não se concretiza tão fácil como é em uma cidade como Santa Rita. Porém, mesmo numa cidade dessas dimensões, padre Vaz deixou sua marca de grande educador, sentida até hoje na memória da instituição que dirigiu: foi um dos melhores reitores da história da Universidade Católica. Não tenham dúvidas de que o sucesso de sua administração em Goiânia foi o passaporte para que o apóstolo educador se credenciasse para dirigir a mais importante PUC do Brasil – a do Rio de Janeiro. Francisco Rezek e Dom Vaz ganharam o mundo sem se esquecerem de seus caminhos cruzados naquela pequena cidade, nas montanhas do sul das gerais de Guimarães Rosa: Santa Rita do Sapucaí.

(Salatiel Correia é Engenheiro, Bacharel em Administração de Empresas, Mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, do livro A Construção de Goiás.)

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