quarta-feira, 27 de maio de 2015

É nóis no Shopping Center (Por Pasta Flora Pinto)

Como acontece no Shopping de Pouso Alegre, cidade satélite da Grande Santa Rita, o nosso centro de compras informais, montado às margens do rio onde foi proclamada a independência da Metrópole, tem recebido um movimento maior em sua praça de alimentação. O nosso Burger King parece ser o glorioso Churros do Japonês, tão assíduo na quermesse quanto o lendário pernil da copa de 1950. Se na barraca da igreja, cada noite é dedicada a uma colônia que ajudou a criar a freguesia, nas tendas visitantes a hegemonia tem sido da Colônia Chinesa, com seu afamado “pastel de flango”. Neste ano, a baiana ainda não foi vista e o acarajé tem feito falta na curva do grande armazém. O mesmo não podemos dizer das extintas roletas valendo golpe e do falecido burrinho pintado de zebra. 
Estudiosos, agitadores e astrólogos têm se perguntado por que as atrações desse verdadeiro paraíso do consumo sem nota fiscal não tem atraído tanto a atenção de nossos conterrâneos. Há quem diga que, como as leis ficaram um pouco mais rigorosas para a vinda das barracas, somente os empreendedores mais bem-sucedidos tomaram o rumo da terra onde João Onça e Antônio Mais ou Menos fincaram bandeira. Outros bacharéis chegaram à conclusão de que a população percebeu que não é de bom tom sangrar os estabelecimentos que permanecem o ano todo por aqui e pagam seus impostos, enquanto a concorrência desleal leva o suado adiantamento do mês de maio, sem nenhuma contrapartida. 

Se, em filmes de ficção, nossos antepassados viam um futuro com carros voadores e robôs intergaláticos, a novidade nas tendas de produtos Xing-Ling  tem sido o famoso “pau de selfie” e o anel de abrir garrafa. Talvez tivéssemos sonhado com um futuro um pouco distante dessas verdadeiras maravilhas do mundo moderno, mas quem é que vive hoje em dia sem uma calcinha que imita a padaria da Valeska Popozuda ou o boné com que Catra presenteou seu filho número 236/018? As necessidades são outras, mermão. Nesta festa já vi boliviano dançando funk e até vendedor de panelas oferecendo as datas para as próximas manifestações.

Ao atravessar a Ponte Coronel Muela, chegamos ao nosso próprio Walter World com brinquedos de dar adrenalina até no bolso dos pais de família mais prevenidos. Se o churros custa três malandros do lado de lá por usar a água gourmet da Copasa em sua primorosa receita de fabricação, cinco minutos na montanha russa travestida de abelhinha não poderia custar menos do que o dobro desse valor. É o efeito da crise na Disneylândia.

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