terça-feira, 7 de julho de 2015

Santa Rita é um mosaico (Por Rita Seda)

O mosaico é uma arte antiga. O interior da Basílica de São Pedro, em Roma, é todo revestido de mosaicos. É fantástico, lindíssimo! A nossa vida também é feita de mosaicos. O artista sou eu, é você. Nossas mãos é que trabalham cada caquinho de vidro quebrado ou de material nobre, para construir a obra de arte da nossa vida. Depende de cada um... Da personalidade, do  modo de encarar a alegria e a adversidade, os ganhos e as perdas... Do  modo de reagir a cada ocorrência que nos acontece. Do modo de sentir, de dar e receber amor, enfim, de viver. E de querer. Por isso não há dois seres humanos iguais. Levando mais a fundo esta reflexão concluo que o mesmo se dá às cidades. Todas têm algo em comum, casas e igrejas, bares e restaurantes, mercados, ruas e praças, escolas, parques e jardins. Mas cada cidade tem sua peculiaridade que nenhuma outra repete. Santa Rita nasceu sob os auspícios da santa dos casos impossíveis. De outro modo, como explicar  que uma senhora, nascida em berço de ouro, iria trocar a vida que levava, num mundo que tantos perseguem, para lutar por ideais que só o seu coração magnânimo sonhava? Ela foi uma líder e soube atrair mais idealistas para sonhar junto com ela.  
Naquele tempo (na década de 1950), nossos colégios ofereciam apenas os cursos Ginasial, Científico e Formação de professores de primeiro grau. Os poucos que saíram para fazer cursos superiores, seria porque os pais podiam arcar com as despesas ou... porque eram sustentados por essa ilustre dama visionária. Quem tinha casa, muito bem, mas quem não tinha, passava a vida no aluguel. Como num passe de mágica, Dona Sinhá atacou os dois problemas: construiu o bairro Vista Alegre, cujas casas  foram  pagas em prestações irrisórias e fundou a Escola Técnica de Eletrônica. Antes, ela dava o peixe para alguns; agora, ensinava a pescar. E desse gesto sem precedentes, como de uma árvore plantada à beira do rio, outras escolas foram brotando e acolhendo jovens professores e jovens estudantes. A gente brincava que Dona Sinhá estava com pena das mocinhas casadoiras da cidade que, sem chance de encontrar marido, acabariam tias para o resto da vida... Não foram só os noivos que apareceram. Santa Rita, sem abandonar sua vocação agropecuária, (tenho orgulho da nossa Cooperativa), tornou-se um polo industrial gigante. Só não trabalha quem não quer. E muitos dos que montaram suas indústrias seguem o ideal dessa mulher que tudo sonhou, tudo repartiu, tudo doou, num espírito de puro interesse pelo bem estar do outro. E eu me ponho a refletir: se não houvesse seu  sonho e sua obra, como estaria nossa cidade hoje? Devemos valorizar e homenagear essa filha da terra, que poderia viver sem problemas, sem lutas e apreensões,  mas quis  ajudar o ser humano com desprendimento, nada esperando de retorno. Nas dobras da minha memória eu vejo uma senhora de saia e blusa, empunhando uma sombrinha e tendo como único adorno, um alfinete com o símbolo da ETE. Por mim, Santa Rita é um aglomerado de mosaicos formando a paisagem urbana, que não seria o que é, sem  a visão fundamentada no amor cristão  de uma ilustre dama, saudosa, porque  passou a vida fazendo um bem extraordinário, que teve começo mas não terá fim. Santa Rita do Sapucaí viu o começo e  o mundo está usufruindo a continuidade. Não posso amar só um logradouro da minha terra. Eu a amo em sua totalidade e, quando viajo e vou chegando na serrinha, sinto o coração pulsar mais forte.

Oferecimento: Zomng Comunicação

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